Fundos de capital de risco investiram US$ 25 bilhões em startups de criptomoedas em 2021, mas empresas brasileiras ainda têm pequena participação

Levantamento da gestora brasileira Hashdex mostra que os aportes cresceram 713% no ano passado em relação a 2020, mas startups locais ainda não estão se beneficiando da tendência global.

Um levantamento da gestora brasileira Hashdex revelou que os fundos de capitais de risco aportaram US$ 25 bilhões em investimentos em startups de criptomoedas em 2021, informou reportagem do Valor Econômico publicada nesta quinta-feira, 17. O total corresponde a um incremento da ordem de 713% em relação a 2020, mas as empresas brasileiras ainda não estão se beneficiando desta tendência mundial.

Trata-se de uma indústria ainda em construção no país, e, exceto pelas exchanges de criptomoedas, a maioria das empresas encontra-se em estágio embrionário. O sucesso das fintechs brasileiras, no entanto, indica que há potencial de crescimento do setor, afirmou à reportagem Marcelo Sato, sócio da gestora de capital de risco Astella Investimentos. 

Ainda segundo ele, à medida que as finanças descentralizadas (DeFi) se tornarem mais presentes no cenário econômico nacional, novas oportunidades devem surgir tanto para as empresas quanto para os fundos de investimento. “No Brasil, as startups são boas de negócios, porém cria-se pouco de infraestrutura, observou o executivo.

O Brasil tem atraído recursos de capital de risco, de acordo com dados da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap). Seja na forma de investimento direto via aquisições ou abertura de capital na bolsa ou através do chamado corporate venture capital, em que o investidor assume também uma função estratégica, em 2021, os aportes somaram US$ 46,5 bilhões.

Esta última modalidade de investimento vem crescendo no Brasil. No ano passado aumentou 19%, como destacou André Fernandes, sócio da Bain & Company, empresa norte-americana de consultoria de gestão, ressaltando que ainda há mais espaço para avanços:

Parte desse ritmo acelerado pode ser atribuído a um catch up com o exterior. No entanto, o percentual de CVC [corporate venture capital] em relação ao PIB ainda é quatro vezes menor no Brasil do que nos EUA, de modo que temos oportunidade de sermos ainda maiores”.

Embora as criptomoedas sejam vistas antes como uma alternativa de investimento, e não como uma indústria autônoma, dados mostram que o interesse é crescente e pode haver boas oportunidades em um futuro próximo, disse André Bolonhini:

“Mais pessoas entraram em cripto no ano passado do que nos cinco anos anteriores. Vejo muita demanda por criptomoedas como reserva de valor e investimento.”

Hoje, no entanto, o setor de fintechs está mais consolidado e por isso tende a atrair mais investimentos.

Dan Yamamura, sócio da Fuse Capital, afirma que os investimentos de capital de risco no mercado de criptomoedas geralmente ocorrem à margem do mercado tradicional e regulado, utilizando expedientes próprios aos ativos digitais. Através da emissão ou venda privada de tokens, por exemplo:

“Temos um veículo offshore e, nele, você pode pegar seu dinheiro, usando uma plataforma que faça a interface entre o mundo da moeda fiduciária e o cripto. Depois que o capital é transportado para o mundo de tokens, pode ir para qualquer projeto.

Para Yamamura, o desafio no Brasil é promover a integração entre os universos dos criptoativos e das finanças tradicionais para canalizar investimentos de capital de risco por meio dessas formas alternativas de financiamento possibilitadas pela tecnologia blockchain.

Em um debate no Ethereum.Rio, especialistas apontaram que a expansão da indústria de criptomoedas no Brasil depende da capacidade das empresas de oferecer serviços amigáveis aos usuários que não são cripto nativos. O Pix, sistema de pagamentos e transferências instantâneas criado pelo Banco Central, poderia servir de parâmetro, concordaram os especialistas durante o debate, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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