‘Pix tokenizado’ vence hackathon focado em Web3 organizado pelo governo

Proposta de leiloar parceiras público-privadas usando contratos inteligentes e NFTs venceu uma das cinco categorias do evento

O “Hackathon Web3 – Tokenização do Patrimônio da União” realizou sua cerimônia de premiação na última quinta-feira (15). Realizado pela Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União (SPU), o hackathon foi voltado à criação de soluções em blockchain para tratar de desafios da administração pública na gestão do patrimônio da União.

O projeto “Concessão de Direito Real de Uso”, desenvolvido pela Mobiup, foi o vencedor de do “Desafio Venda”, uma das cinco categorias do hackathon. O objetivo principal do projeto, desenvolvido por uma equipe de três pessoas, foi criar um marketplace que centralizasse todas as oportunidades de concessão de direito real de uso.

Abaixando a barreira de entrada

Além da SPU, também participaram da organização do evento: o Serpro, maior empresa pública para soluções em tecnologia do governo; a Escola Nacional de Administração Pública (Enap); a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso); e a Fundação Celo.

O hackathon foi realizado de forma remota e teve a duração de quinze dias. Rodrigo Caggiano, cofundador da Mobiup, afirma que houve suporte constante de membros da administração pública e de outras instituições envolvidas na iniciativa. “Sempre que precisávamos sanar alguma dúvida, havia alguém presente no servidor do Discord da Celo, onde eram feitas as reuniões.”

Caggiano conta que a finalidade do marketplace é ser uma plataforma para leilões de concessões, facilitando a formação de Parcerias Público-Privada (PPP). O objeto do leilão é transformado em um NFT, e as entidades privadas interessadas em firmar uma parceria dão leilões através de Pix.

“A intenção é facilitar de duas formas: tanto no processo das PPP quanto na interação com a Web3. O participante do leilão não precisa de criptomoedas para interagir com o NFT que está sendo leiloado. Basta enviar o lance por Pix e a plataforma processa o recebimento”, diz Caggiano.

Para participar dos leilões, bastaria à entidade privada se registrar na plataforma e passar por um processo de due diligence. Feito o processo de cadastro, todos os leilões ocorridos dentro do marketplace seriam informados por e-mail.

Além disso, há que se falar na utilidade do token não-fungível como ferramenta de registro da parceria, e da automatização do processo através de contratos inteligentes. “O contrato inteligente recebe os lances e mantém os valores e, com o fim do leilão, o NFT é automaticamente enviado ao vencedor, bem como os lances enviados por outros participantes são devolvidos na hora.”

Sinergia com o Real Digital

Em entrevista à Bloomberg Línea em setembro de 2021, Fabio Araújo, coordenador dos trabalhos sobre o Real Digital no Banco Central, comentou que uma das maiores dificuldades da versão digital do real era oferecer serviços que o Pix não proporciona.

Para Rodrigo Caggiano, da Mobiup, a moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês) brasileira tem grande sinergia com o projeto “Concessão de Direito Real de Uso”. “Com o Real Digital, nem seria necessário tokenizar os valores enviados por Pix pelos participantes. Poderia ser criada uma via direta entre a CBDC e o contrato inteligente”, avalia.

Caggiano acrescenta ainda que este é só o começo. Com base no projeto vencedor do hackathon, novas soluções já estão sendo desenvolvidas para clientes da Mobiup.

Leia mais:

Você pode gostar...