Sem dinheiro, Atlas Quantum não paga rescisão a funcionários demitidos

Após a demissão de mais de 100 funcionários, a Atlas Quantum parece estar sem caixa para pagar a rescisão referente aos contratos trabalhistas. O Portal do Bitcoin conversou com três ex-colaboradores que estão nesta situação e descreveram a crise da empresa.

Um deles é o ex-funcionário do suporte ao cliente Eloy Augusto, de 25 anos. Ele foi demitido no dia 17 depois de três meses na empresa. Pela lei, a rescisão deve ser paga em no máximo 10 dias, mas ele está cético quanto ao pagamento.

“Entrei com uma imagem de que era uma boa empresa. Saí com a imagem de que é uma pirâmide. Não acredito que os investidores vão receber os saques”, disse.

Segundo Eloy, ele foi demitido junto com 9 pessoas do mesmo setor. O atendimento ao cliente era 24 horas, com chats online e atendimentos telefônicos. Agora funciona em horário comercial e apenas online. A divisão era chefiada por Patrícia, a filha de Rodrigo Marques. Após a crise, segundo o relato de funcionários, passou a antes acompanhada de seguranças mesmo dentro da empresa.

Também pudera: como o setor era responsável pelo contato diretos, quando os saques, que deveriam ser D+1 viraram D+4, D+8, D+30 e D+infinito, as ameaças pesadas começaram a chegar também. De morte à chegada do crime organizado, os funcionários passaram a ouvir todo tipo de coisa.

“Aquilo acabou com a saúde mental de todo mundo”, disse. “Eram oito horas de tensão constante. Clientes dizendo que iam me esperar na porta da empresa, que a minha mãe morreria de câncer, que tinha gente do crime organizado que ia entrar na empresa e matar todo mundo”.

Outro funcionário demitido disse que a empresa está com uma crise de liderança e que o departamento de RH vem dando apenas respostas automáticas. Inicialmente, a promessa é que todos os ritos trabalhistas fossem cumpridos. Contudo, tal como os saques, os pagamentos também começaram a atrasar. Último prazo dado era dia 8 de novembro. Ninguém mais acredita na promessa.

Eloy ainda lembra dos bons tempos da Atlas quando chegou. Era festa de aniversário para o cachorrinho, com hot dog vegano, salários muito acima da média, três professores de inglês à disposição e todo tipo de snack liberado. Tudo isso acabou.

“Teve um dia que não tinha nem água para tomar no 13º andar”, lembrou.

Revolta contra Atlas Quantum

“Estou sem conseguir pagar o meu aluguel por causa disso”, contou um funcionário que pediu para não ser identificado.

Para ele, a tática da empresa é sempre a mesma: passar datas para ganhar tempo. Além disso, explicou, sem a carta de rescisão ele não tem como sacar o FGTS nem pedir o seguro-desemprego. “Não consigo provar que fui demitido”, disse muito irritado.

Um terceiro funcionário afirmou que ainda há muitos desavisados que seguem fazendo aportes na empresa para depois descobrirem que não conseguem sacar. Mais grave ainda é que há várias brechas na segurança de informações dos clientes, com muitas pessoas com acesso a dados muito sensíveis.

Para o segundo funcionário, a única pessoa que realmente sabe o que está acontecendo é o CEO, o Rodrigo Marques. Outro que poderia saber era Tiago Lavorato Franco, amigo de infância de Marques, mas que saiu da empresa de um dia para o outro sem se despedir de ninguém. Conforme os relatos, ele tinha acesso às cold wallets.

Esse funcionário teme que não vá receber: “A Atlas acabou com a vida de muitas pessoas. Muitas ainda não entenderam que aquilo que você tem na plataforma não é bitcoin, é só um número eletrônico gerado dentro da plataforma”.

Eloy disse que não tem mais interesse em trabalhar com nada relacionado à bitcoin. Embora ele diga que a Atlas pagasse salários muito acima da média, ele está feliz por não estar mais na empresa. A situação para os que ficaram segue tensa:

“Foi um alívio sair daquele inferno. Não tem como descrever de outra forma”.

Questionada, a empresa não respondeu até a publicação desta reportagem.

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