Real digital será ruim para bancos, diz agência de risco

As diretrizes estabelecidas pelo Banco Central para uma eventual criação de uma CBDC brasileira podem ser negativas para bancos, informou a agência Moody’s de classificação de riscos.

A afirmação foi feita em um relatório divulgado na terça-feira (25), intitulado “Brazil central bank’s guidelines for potential digital currency are credit negative for banks”. Para a agência, a criação de uma Moeda Digital de Banco Central pode trazer várias repercussões que resultariam no afastamento de clientes do sistema bancário tradicional.

Segundo o relatório,

“Uma moeda digital do BC afetaria o setor bancário diretamente de várias maneiras. Os correntistas podem considerar a segurança que ela oferece como um instrumento de depósito livre de risco e semelhante a um instrumento de depósito, com resgate direto no banco central, e migrar parte dos depósitos para a moeda digital.”

Para a Moody’s, a oferta de alternativas de depósito, embora não seja o objetivo principal da criptomoeda, levaria a um aumento da competição nos bancos, uma vez que efetivamente funciona como uma concorrente.’

A agência lembra que os depósitos são uma das formas predominantes de financiamento dos bancos e levaria ao surgimento de um problema.

“O principal desafio do BC seria minimizar qualquer potencial problema com o Financiamento dos bancos para garantir que a oferta de crédito não seja colocada em risco conforme o Brasil se recupera do declínio econômico relacionado com a pandemia de coronavírus”, acrescenta.

CBDC

A avaliação da Moody surge um dia após o Banco Central divulgar o resultado de um grupo de estudos estabelecido em 2020 cujo objetivo era delinear as diretrizes que orientarão uma provável implementação de uma moeda digital brasileira.

Entre as diretrizes estão a possibilidade de usar o real digital em projetos DeFi e a incapacidade de os bancos usarem a criptomoeda de clientes em empréstimos. Este último é um dos fatores que influenciaram a conclusão da Moody’s.

“O real digital será um passivo do Banco Central”, disse o coordenador do projeto, Fábio Araújo.

A divulgação das diretrizes, entretanto, não significa que o Bacen começou a desenvolver a CBDC brasileira. O próximo passo da autarquia é levar a discussão para debate com a sociedade civil brasileira, o que significa que algumas de suas diretrizes podem mudar.

O próprio Banco Central reforçou a ideia de que este é seu entendimento atual sobre a criptomoeda, mas não é definitivo e pode mudar no futuro.

A expectativa inicial do BC era que a moeda digital brasileira fosse lançada em 2022, porém mudanças no calendário, inclusive atrasos devido à pandemia, fizeram com que a data fosse mudada em mais três anos.

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