Presidente da CPI das Pirâmides Financeiras pedirá quebra de sigilos do Faraó dos Bitcoins

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras, deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), anunciou que apresentará pedidos de quebra dos sigilos fiscal, bancário e de dados de Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como o “Faraó dos Bitcoins”

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras, deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), anunciou que apresentará pedidos de quebra dos sigilos fiscal, bancário e de dados de Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como o “Faraó dos Bitcoins”, e de sua esposa, a venezuelana Mirelis Yoseline Diaz Zerpa.

“Para conhecermos todos os dados que o depoente não pode expor. Diversos dados já estão disponíveis nas investigações da Polícia Federal [PF], à qual pediremos o compartilhamento de provas com a CPI”, disse Ribeiro.

Presidente da GAS Consultoria e Tecnologia, Glaidson está preso desde a primeira fase da Operação Kryptos, deflagrada pela PF em agosto de 2021.

Atualmente na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, ele e a esposa, que está foragida, são acusados de montar um esquema de pirâmide financeira disfarçado de investimento. Glaidson responde a 13 ações penais e tem contra ele seis prisões preventivas decretadas.

Convocado a depor a pedido de Ribeiro e dos deputados Luciano Vieira (PL-RJ) e Caio Vianna (PSD-RJ), Glaidson negou que a GAS funcionava como fachada para um esquema de pirâmide financeira. O depoente, no entanto, afirmou a deputados que a única garantia para o rendimento médio de 10% ao mês ofertado aos clientes era “a experiência da empresa”.

“Garantias reais, como os bancos oferecem, nós não oferecíamos. Nossa empresa tinha a garantia da nossa experiência”, disse Glaidson em resposta a Ribeiro.

Segundo a PF, o esquema operado pela GAS movimentou R$ 38 bilhões por meio de pessoas físicas e jurídicas no Brasil e no exterior. A promessa de retorno médio era de 10% ao mês. Mais de 127 mil investidores estão cadastrados para tentar recuperar R$ 9,3 bilhões perdidos em aplicações financeiras realizadas por meio da GAS, que teve a falência decretada pela Justiça em fevereiro deste ano.

CVM

Durante seu depoimento na CPI, ao defender a diversificação dos investimentos, Glaidson disse que os investidores tinham a opção de terceirização da equipe de traders e a compra de criptomoedas para holding, visando o longo prazo. 

O parlamentar também quis saber como e se o Faraó dos Bitcoins comunicava os clientes sobre riscos e a valorização/desvalorização dos criptoativos.

“Quando a pessoa recebia nossa mentoria, ela sabia que tinha que ter o aplicativo para acompanhar, só que ela não ficava acompanhando semanalmente ou mensalmente, porque ela sabia que só ia vender daqui a quatro ou cinco anos”, respondeu Glaidson citando o potencial de valorização do Bitcoin a cada quatro anos em decorrência do halving.

Ele declarou que a consultoria da GAS tinha o caráter privado e que não se tratava de oferta pública.

“Tive a oportunidade, o privilégio de conversar com diversos funcionários da CVM, que, inclusive, alguns deles são clientes da GAS, são pessoas normais que terceirizaram os serviços da GAS, compraram suas carteiras frias […] e os clientes, na consultoria, já sabiam que a valorização do criptoativo é surreal.”

Ele insistiu que, apesar de os investidores contarem com um aplicativo para acompanhamento de preços, o foco é o longo prazo. Ao falar sobre a volatilidade e a queda de preços no inverno cripto, Glaidson ressaltou que:

“[A pessoa] não vai ficar desesperada quando o Bitcoin sai de US$ 69 mil para US$ 15 mil, como aconteceu agora, no último ciclo de alta. Nós estamos terminando o inverno cripto e entraremos no ciclo de alta, no ano que vem. Então ela sabe que o mercado vive de ciclo de alta e ciclo de baixa.”

Ao ser questionado sobre a possibilidade de ter sido usado por clientes interessados na ocultação de valores através da GAS, Glaidson afirmou que, se isso aconteceu, não foi de conhecimento dele.

“No momento que se preenche a fixa de cadastramento, sabe-se se há políticos, artistas, jogador, alguma pessoa famosa ou não […]  Os meus olhos são bons para os políticos brasileiros […] Agora, se os políticos terceirizavam meus serviços com recursos compatíveis coms seus salários, eles terceirizavam sem o meu consentimento.” 

Glaidson disse ainda que está há quase dois anos em custódia e que não poderia ter como saber o valor atual do patrimônio da GAS.

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