‘Metaverso pode ser alternativa poderosa ao uso de antidepressivos e outros medicamentos em tratamentos de distúrbios mentais’, diz Deepak Chopra

Experiências imersivas em realidade virtual no metaverso se apresentam como alternativa eficaz aos tratamentos tradicionais baseados em sessões de terapia e administração de psicotrópicos, diz o médico e guru indiano radicado nos EUA.

O médico e guru indiano radicado nos EUA, Deepak Chopra, acredita que em breve o metaverso se tornará uma alternativa mais eficaz para o tratamento de distúrbios mentais do que sessões de terapia e a administração de antidepressivos e outros medicamentos.

Em um texto publicado em seu blog pessoal no Medium na segunda-feira, 6, em coautoria com Poonacha Machaiah e Srini Pillay, Chopra afirma que novas tecnologias interativas estão começando a se mostrar mais promissoras do que novas drogas para tratar de desvios comportamentais e psicológicos.

Ele acrescenta ainda que o “hábito de cuidar do sofrimento mental através de pílulas tornou-se a abordagem padrão” e há décadas não são verificados avanços significativos no tratamento de questões relativas à saúde mental dos seres humanos.

O argumento de Chopra baseia-se na crença de que a abordagem padrão é incompleta e mostrou-se falha anos após sua popularização entre médicos e pacientes. Distúrbios mentais não são adequados a uma abordagem meramente patológica, explica: 

Pegar um resfriado envolve uma linha reta de causa (o vírus do resfriado) e efeito (ficar doente), mas exceto em casos raros, a doença mental tem uma causa discernível. Como alternativa, seria melhor assumir que nossa percepção da própria realidade deu errado. Levando isso um passo adiante, o que chamamos de realidade normal é criada pela mente e, portanto, uma ilusão virtual, a qual por acaso aceitamos sem questionar.”

O metaverso surge, então, como uma forma de curar essa realidade disfuncional através de experiências em realidades virtuais alternativas. Embora, hoje, o desenvolvimento de experiências digitais imersivas tenha como foco atividades recreacionais voltadas para o entretenimento, esta nova tecnologia também pode ser utilizada para o tratamento de distúrbios mentais e para a manutenção de estados conscientes de bem estar.

Ambientes digitais imersivos podem ser percebidos pela mente como reais, da mesma forma que pacientes diagnosticados com psicose, alucinações, ansiedade e depressão entendem as distorções provocadas pelas suas mentes como manifestação da realidade. Esse paralelismo permite que experiências em realidade virtual ou aumentada atuem como um poderoso instrumento para reconfiguração das conexões cerebrais que desencadeiam diferentes tipos de distúrbios psicológicos, afirma Chopra.

Inclusive, o médico lembra que este tipo de tratamento já é experimentado com ex-combatentes que sofrem de estresse pós-traumático. Ao reviverem cenas de batalha reproduzidas em realidade virtual, os pacientes têm a oportunidade de assumirem o controle sobre a situação que deu origem ao trauma.

Ao encarar seus fantasmas em um ambiente controlado, sob a supervisão de um terapeuta, os pacientes tornam-se aptos a controlar suas emoções, fazendo a transição de um estado mental de ansiedade e tensão a um estado de apaziguamento consciente.

Realidade virtual e meditação

Chopra escreve que distúrbios mentais decorrem de uma visão distorcida do tempo e do espaço. Situações de estresse, ansiedade e depressão muitas vezes, estão vinculadas à percepção individual do tempo linear. Portanto, experiências capazes de desconectar o indivíduo de suas percepções convencionais do tempo e do espaço, como a meditação, costumam resultar em progressos no tratamento desta classe de distúrbios. Segundo Chopra, experiências em realidade virtual podem gerar estados mentais similares aos alcançados através da meditação.

Um benefício adicional da meditação cientificamente comprovado é a capacidade de prevenir o envelhecimento celular e, por consequência, a degeneração da atividade cerebral. Chopra cita ainda um estudo recente que comprovou que genes associados à inflamação foram regulados negativamente, enquanto genes associados a mecanismos de defesa antivirais e de anticorpos foram regulados positivamente em pessoas que costumam praticar meditação regularmente. 

No entanto, reconhece Chopra, poucas pessoas têm disposição ou mesmo habilidade para alcançar estados meditativos. Nesse caso o metaverso pode se apresentar como alternativa:

“Estar virtualmente exposto à Natureza no metaverso pode colocar ao nosso alcance a redução do estresse do sistema nervoso central que é extremamente necessário, especialmente para aqueles que não querem ou não conseguem meditar. Se a meditação pode proteger os genes e prevenir o envelhecimento celular, então o metaverso, com sua capacidade de oferecer experiências semelhantes à meditação e baseadas na natureza, poderia fazer o mesmo. Por extensão, é concebível que o metaverso também possa ter grandes benefícios para conter inflamações, e aumentar a imunidade e a eficiência energética. Esta é uma informação importante, visto que reconhecidamente inflamações são um vetor fundamental para depressão, ansiedade, TEPT, transtorno bipolar, esquizofrenia e transtorno de personalidade limítrofe, doença de Alzheimer, doença cardiovascular, acidente vascular cerebral e doenças inflamatórias intestinais. 

Sendo assim, a realidade virtual pode ter um impacto mais amplo sobre uma vasta gama de doenças, acredita Chopra.

Paradoxos do metaverso

Na seção final do texto, Chopra saúda o fato de que experiências em realidade virtual despertam o interesse de grande parte das pessoas, em especial as novas gerações.

Mais do que apenas servir de tratamento alternativo para distúrbios psicológicos, o metaverso pode transfigurar a experiência humana, como prevêem alguns futuristas, na medida em que a “realidade virtual oferece a capacidade de replicar a sensação de transcendência (não apenas na meditação, mas em nossas percepções de alegria, felicidade e epifania espiritual).”

Contradizendo aqueles que afirmam que a imersão em realidades virtuais alternativas tendem a afastar as pessoas de sua natureza humana, ameaçando a nossa existência enquanto espécie, Chopra conclui que o metaverso pode representar um novo estágio da evolução humana:

“Paradoxalmente, a realidade virtual nos oferece a chance de experimentar nossa natureza fundamental – a consciência da bem-aventurança – e reconstruir o bem-estar a partir da experiência de se estar imerso em nossa consciência até a raiz. Tal possibilidade nunca existiu em grande escala, mas agora a consciência pode ser a porta de entrada mais viável para um futuro sustentável, tornando possível que os humanos evoluam para meta-humanos.”

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil, Deepak Chopra não é estranho ao mercado de criptomoedas. Ele já se envolveu em debates com Elon Musk para sugerir que a Hedera (HBAR) seria uma rede blockchain mais sustentável, configurando-se como uma alternativa mais sustentável que o Bitcoin (BTC). 

Desde o ano passado, a The Chopra Foundation vem lançando coleções de NFTs (tokens não fungíveis) de impacto social destinadas a angariar fundos para organizações de apoio à saúde mental e emocional de pessoas do mundo todo, e lançou a Seva.Love, um metaverso cujo foco é construir uma comunidade voltada para o bem comum.

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