Mega da Virada: especialistas dão dicas de onde investir os R$ 500 milhões do maior prêmio da loteria brasileira
Onde investir o prêmio da Mega da Virada? Especialistas dão algumas dicas
O concurso especial 2550 da Mega-Sena, ou popularmente conhecido como Mega da Virada, começou a ser vendido no mês passado e será sorteado, tradicionalmente, no dia 31 de dezembro. De acordo com a Caixa Econômica Federal, o prêmio deste ano será o maior de toda a história do concurso, pagando R$ 500 milhões.
Desde sua criação, em 2009, o prêmio nunca foi entregue a apenas uma pessoa. Ao longo dos anos, dois ou mais vencedores dividiram a conquista do montante final. Em 2018, 52 pessoas receberam uma parte dos R$ 302,5 milhões sorteados na época.
Ainda que receber “uma parte” dessa quantia seja motivo de festa para qualquer um, pode ser que essa pessoa não saiba ao certo o que fazer com o dinheiro caindo na conta. Segundo a 5ª edição do Raio X do Investidor, feito pela ANBIMA, 72% dos brasileiros não conhecem nenhum tipo de investimento. Esse dado revela a dificuldade do brasileiro em gerir grandes quantias de dinheiro, como a premiação da Mega da Virada.
“Com esse patamar de recursos, o objetivo principal deixa de ser a rentabilidade, não que deixe de ser importante, mas ficaria em segundo escalão. O principal objetivo é a proteção, tanto de eventos adversos, como movimentos bruscos da economia, por exemplo uma aceleração muito grande da inflação. O principal instrumento para buscar essa proteção passa pela diversificação, não somente em classes de ativos, mas também de forma geográfica, alocando recursos de forma global”, diz Daniel Abrahão, especialista em mercado financeiro e assessor da iHUB Investimentos.
Poupança ou Selic ainda são opções para R$450 milhões?
Levando em consideração a taxa Selic atual, em 13,75%, a bagatela de R$450 milhões renderia, aplicado durante um ano na poupança, aproximadamente 35 milhões de reais. Já aplicado em um título atrelado à Selic com 100% CDI, ao final de um ano, teria uma rentabilidade bruta de quase 62 milhões de reais, quase o dobro se aplicado na poupança.
O atual momento da taxa de juros propicia algo inusitado no mercado de renda fixa, a possibilidade de atingir um patrimônio de 1 bilhão de reais em cinco ou seis anos. Dobrar o prêmio em investimentos conservadores, optando por taxas pré-fixadas.
“Seria uma espécie de futurologia cravar qual renda fixa teria a maior rentabilidade, pois os dois componentes principais, inflação e a Selic variam com o tempo. Porém, admitindo a inflação e câmbio com certa estabilidade por um período razoável de tempo, os investimentos com taxas pré-fixadas são uma opção interessante para superar a inflação e a Selic, no médio e longo prazo”, comenta Daniel.
Criptomoedas
Por outro lado, Israel Buzaym, Head de Comunicação da Bitipreço, destaca que a oportunidade de ganhar uma bolada dessa pode ser um bom momento para o vencedor investir no mercado de criptomoedas.
“Eu separaria pelo menos 30% desse montante para converter o patrimônio principalmente em Bitcoin. O restante seria alocado de forma distribuída para curtir a vida enquanto não chega o momento de viver com os satoshis ainda. Porém, uma vez que a quantidade de dinheiro é substancial (mais de 500 milhões de reais), uma alocação de apenas 5% desse valor em Bitcoin seria perfeitamente convexa e seria aceitável para qualquer pessoa, mesmo aqueles investidores que não tem tanta experiência no mercado cripto”, disse.
Daniel Coquieri, fundador da Liqi, destaca que parte do dinheiro, cerca de 10% seria investido em ativos tokenizados, como precatórios, tokens extruturados, tokens de recebíveis, entre outros.
“É ter exposição ao mercado de criptomoedas, sem ser pego de surpresa pela volatilidade e ainda ganhar um tipo de ‘renda fixa’ em cima do investimento. Isso garante o poder de compra do capital inicial e ainda dá lucro”, afirmou.
Já Marina Perelló, COO da Yaak Studio, destaca que investir em cripto pode significar risco, mas também pode levar a altos ganhos. Os investidores de perfil conservador devem alocar menos recursos, ainda que ganhem menos. Já aqueles investidores do chamado perfil agressivo podem alocar mais capital em risco na busca de alta rentabilidade. Então o primeiro ponto é conhecer o perfil do investidor.
“Dito isto, o Bitcoin ainda é a maior moeda, com um total de US$ 325 bilhões e detendo 38% do mercado. Estando hoje com o mesmo valor de dois anos atrás, este pode ser um bom momento para quem busca o horizonte de investimento de longo prazo. Com o segundo lugar no volume de mercado, Ethereum é a rede pioneira no desenvolvimento de soluções descentralizadas. Além disso, a moeda não fica de fora da maioria dos ETFs (Exchange Traded Funds) baseados em cripto”, afirma.
Perelló ainda destaca a rede Polygon que tem se juntado a parceiros relevantes como o banco de investimentos JPMorgan e Meta, antigo Facebook. O Instagram utilizará a Polygon para permitir que os usuários criem, exibam e vendam suas obras de arte digital no aplicativo.
“Essa possível popularização do token no futuro, pode significar uma oportunidade de ganhos para quem chega antes. Saindo das moedas, mas ainda com o pé no mundo cripto, a aquisição de utility tokens e asset-backed tokens pode ser uma forma interessante de diversificar a carteira. Desde tokens de consórcio, a fan tokens de time de futebol, passando pelos ativos digitais de crédito carbono, as opções são muitas e atendem vários tipos de gosto, e bolso.
Também é possível investir em NFTs sem cair no hype especulativo dos colecionáveis. Obras de artistas digitais consagrados e projetos que exploram criptoarte, inteligência artificial e o conceito phygital, podem ser interessantes para os colecionadores de arte.
As possibilidades são imensas, e devem associar o objetivo do investidor ao entendimento de que o mercado cripto é altamente volátil. Conhecimento é o ponto de partida para o prêmio da mega sena se multiplicar ou ao invés de virar pó.”, afirmou.
Fundos de investimentos ou FII’s valem a pena?
A classe fundos de investimentos é muito ampla e engloba uma infinidade de estratégias, tanto vencedoras quanto perdedoras; para o curto ou longo prazo. Fundos de investimentos devem ser uma opção de investimentos considerada pelo vencedor ou ainda os vencedores da Mega da Virada.
“Com esse montante de dinheiro, existe até mesmo a possibilidade de criar um fundo de investimentos exclusivo, em que, basicamente, a estratégia do fundo será 100% focada nos interesses do ganhador do prêmio”, declara Daniel Abrahão.
Quando se trata de fundos imobiliários, nas condições atuais, é possível obter uma rentabilidade de R$5 milhões por mês, livre de IR na conta. Contudo, dado o valor total, o mercado nacional provavelmente não absorveria toda essa entrada de recursos em apenas um fundo imobiliário, talvez nem com uma grande diversificação em outros fundos. Na prática, o mercado brasileiro de fundos imobiliários é “pequeno” para um aporte rápido de 450 milhões.
É possível montar um banco ou se tornar acionista majoritário de uma empresa?
Caso o espírito empreendedor do ganhador seja forte, é possível iniciar uma empreitada de montar um “mini” banco com a quantia de 450 milhões de reais. Na prática, o vencedor conseguiria fundar um banco muito pequeno, se comparado às fortunas existentes de outras instituições financeiras, como Bradesco, Itaú e Santander.
Já se tornar acionista majoritário é algo mais simples, visto que poucas empresas no Brasil são avaliadas em mais de 900 milhões de reais, mas talvez não seria uma opção viável para o vencedor, haja vista a responsabilidade imposta ao acionista majoritário de uma empresa.
“Ambas as possibilidades são possíveis para o sortudo, porém, são estratégias de alto risco e de grande responsabilidade. O principal sonho do brasileiro é viver de renda e ter a chance de poder parar de trabalhar, o que é uma conquista simples com R$450 milhões na conta. No entanto, a partir do momento em que se tem essa enormidade de dinheiro será necessário o cuidado de especialistas em investimentos para ter proteção contra grandes perdas”, finaliza o assessor financeiro.
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