Jojo na Rússia: É possível pagar tudo com criptomoedas e é mais fácil do que você imagina e menos revolucionário do que você pensa

Durante mais de 30 dias ficamos na Rússia, pagando por produtos e serviços usando Bitcoin e criptomoedas, confira como foi a experiência

Enfim a Jojo foi para a Rússia.

Ficamos todo o mês de Junho no país que é ao mesmo tempo ocidente e oriente e Graças a Deus e a ajuda de muitas pessoas, tudo ocorreu muito bem.

Porém antes da nossa partida decidimos que nossa meta era tentar viver na Rússia e pagar todos os gastos da viagem usando criptomoedas.

Foi muito mais fácil do que imaginava e muito menos revolucionário do que eu pensava.

Porém, independente de minhas crenças e ideologias, o fato é que funcionou, embora os puristas certamente pontuaram seus poréns.

Usando criptomoedas na Rússia

Quando eu comecei no mercado de criptomoedas no final de 2016 e começo de 2017 um dos grandes debates era como o Bitcoin e as criptomoedas poderiam ser um meio de pagamento universal, algo como “Fuck the dollar, go Bitcoin“.

Porém, desde aquele momento (e até hoje) os problemas para a adoção em massa dos criptoativos como meio de pagamento envolviam o tempo de confirmação na blockchain, custos das transações, escalabilidade, usabilidade e a volatilidade no valor dos ativos digitais.

Naquela época já começavam a pipocar soluções de pagamento integrando o mercado cripto com o mercado tradicional por meio dos cartões pré-pagos que poderiam ser carregados com Bitcoin e criptomoedas e usados em qualquer estabelecimento comercial.

Usando bandeiras da Visa e Mastercard estes cartões ganharam adeptos rapidamente e os mais famosos eram o cartão da Xapo e, no Brasil, o da Atar, que tinha uma integração com a Stratum.

Porém, em 2018 e 2019 as operadoras de cartão encerram o suporte para este tipo de cartão vinculado à empresas de criptomoedas, retomando o serviço novamente em 2020.

Pois bem, foi uma destas soluções que utilizamos: um cartão que pode ser carregado com criptomoedas.

Dinheiro não é bem vindo

Talvez nem todos os usuários de criptomoedas conheçam este tipo de serviço que é bem simples e funciona, basicamente, como um banco. Nele você envia suas criptomoedas que passam a integrar o saldo da sua conta, quando você usa o cartão ele abate o valor correspondente de seu saldo em criptoativo.

Assim, enquanto o pagador usa suas criptomoedas para fazer o pagamento, na outra ponta o recebedor terá o valor referente a transação creditado em moeda fiat, sem nem ao menos saber se você usou ou não criptomoedas.

Pois bem, com um destes cartões, embarcamos para a Rússia.

Já na chegada no aeroporto SVO em Moscou notamos que não teríamos problemas em usar o cartão. Praticamente todos os lugares da Rússia aceitam pagamentos em cartão via aproximação.

Os pagamentos digitais são tão aceitos na Rússia que em muitos locais não se aceita dinheiro e em praticamente 90% dos locais que aceita dinheiro não tem troco.

Além de pagamentos por aproximação, os russos usam uma espécie de PIX, chamado de Faster Payments System (FPS), lançado em 2019 e que permite aos indivíduos transferir fundos instantaneamente entre si usando números de telefone celular.

Desta forma, a grande maioria dos locais aceitava pagamento por aproximação ou FPS. E isso vale para praticamente tudo, desde um sorvete na Praça Vermelha até a compra de equipamentos hospitalares.

Pagar com Bitcoin é pagar com Bitcoin?

Porém nem tudo deu certo.

Se por um lado usar o cartão para pagamentos físicos, via aproximação, era super simples, o mesmo não ocorreu com os pagamentos online no qual foi impossível usar o cartão (e mesmo sua versão digital) para comprar online na Rússia.

Isso limitou muito nossas possibilidades lá pois aplicativos para pedir comida ou chamar um táxi (em Moscou é praticamente impossível chamar um táxi sem usar um aplicativo chamado YandexGo) só aceitam pagamentos digitais e, como o cartão não ‘cantou’ não foi possível usar aplicativos para pedir comida ou comprar online, (o YandexGo aceita dinheiro).

Outra experiência ruim foi na hora de pagar o tratamento da Joana que teve que ser feito via Swift pois o cartão, embora tivesse saldo, tinha um limite de R$ 30 mil por dia e R$ 100 mil por mês….o que não faz o menor sentido pois é um cartão pré-pago, ou seja, o dinheiro já está na conta.

Isso leva a outra discussão: pagar com Bitcoin e criptomoedas desta forma, usando um intermediário que faz cashout em fiat, é realmente pagar com criptoativos? Se há um intermediário, ainda mais convertendo cripto em fiat, ainda assim podemos dizer que usamos uma moeda digital criada para permitir pagamentos P2P?

A treta é boa.

Porém, independente do dogma de cada um, de fato o lance de carregar um cartão com cripto e usar para pagamentos funciona e é muito mais simples do que alguns imaginam, mas menos revolucionário do que prega o marketing e o noticiário afinal, usando minha conta e cartão do Banco do Brasil eu poderia fazer a mesma coisa sem criptomoedas.

De tudo isso uma certeza ficou mais evidente: o dinheiro dominante terá mais 0 e 1 e menos tinta e papel.

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