Cartilha do GAFI cita P2P e Bitcoin ao alertar sobre crimes de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo
Estudo com 24 páginas orienta sobre atividades suspeitas no mercado envolvendo ativos virtuais
Transações envolvendo o Bitcoin foram mencionadas em uma nova cartilha do GAFI. Também conhecido como FATF em sua sigla em inglês, o relatório do grupo fala sobre como ativos virtuais podem ser utilizados em crimes como a lavagem de dinheiro.
Assim, ao falar sobre ativos virtuais, o documento esboça preocupação com a facilidade de envio de dinheiro por criminosos, sobretudo através do ambiente digital.
Por outro lado, no que diz respeito as transações envolvendo criptomoedas, o estudo fala precisamente sobre o anonimato de operações no mercado envolvendo moedas de privacidade.
De acordo com o estudo do Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI), ativos virtuais representam uma inovação para o sistema financeiro. No entanto, o espaço virtual pode servir para “criar novas oportunidades” para a ação de criminosos, conforme diz o relatório.
“Ativos virtuais e serviços relacionados têm o potencial de estimular o financiamento inovação e eficiência, mas suas características distintas também criam novas oportunidades para lavadores de dinheiro, financiadores de terroristas e outros criminosos para lavar seus rendimentos ou financiar suas atividades ilícitas.”
GAFI e criptomoedas
Transações envolvendo o Bitcoin foram mencionadas no relatório do GAFI publicado recentemente. De acordo com a cartilha, algumas atividades financeiras envolvendo criptomoedas podem resultar na facilidade de práticas criminosas como o financiamento do terrorismo.
Porém, no que diz respeito as criptomoedas, o relatório fala somente sobre os projetos que envolvem o anonimato das transações. Nesse caso, o relatório do GAFI aponta um indicador que relaciona o uso de múltiplos ativos virtuais.
“Transações de um cliente envolvendo mais de um tipo de ativo virtual, apesar taxas de transação adicionais, e especialmente aqueles ativos virtuais que fornecem maiores anonimato, como criptomoeda otimizada para anonimato ou moedas de privacidade.”
O documento também menciona o comportamento de usuários que trocam saldo em Bitcoin por moedas de privacidade. Segundo o GAFI, a troca imediata de BTC por criptomoedas de privacidade pode levantar suspeitas.
“Mover um ativo virtual que opera em um blockchain público e transparente, como Bitcoin, para uma bolsa centralizada e, em seguida, trocá-la imediatamente por uma moeda de privacidade.”
Negociação P2P
As negociações conhecidas como P2P envolvem a compra e venda direta de criptomoedas sem intermediários. Enquanto alguns apontam que a modalidade pode ser uma facilidade, por não ter taxas, o relatório do GAFI fala sobre a atividade.
Ao falar sobre esse tipo de negociação, o documento esclarece que o volume anormal de transações podem indicar algum tipo de fraude envolvendo criptomoedas, que pode resultar em crimes como a lavagem de dinheiro e o financeiro terrorista.
“Atividade transacional anormal (nível e volume) de ativos virtuais sacados em exchanges associadas à plataforma P2P sem negócios lógicos explicação.”
Por fim, o relatório também menciona o serviço de mixer para transações envolvendo criptomoedas. Usuários utilizam esse tipo de serviço em busca de dificultar o acesso aos dados gerados pela transação através da blockchain.
No entanto, o GAFI condena o uso de mixers em transações com criptomoedas. O estudo do grupo sugere que esses dispositivos podem ser utilizados para esconder dinheiro ilícito.
“Transações que usam serviços de mixer sugerem uma intenção em obscurecer o fluxo de fundos ilícitos entre endereços de carteiras digitais conhecidas e mercados darknet.”
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