Regulador de valores mobiliários da UE sinaliza riscos da entrada de Big Tech’s em serviços financeiros
O regulador financeiro da UE divulgou um longo relatório, que inclui os perigos das grandes empresas de tecnologia que entram no setor financeiro.
O regulador de valores mobiliários da União Européia divulgou um relatório alertando sobre os riscos da entrada das Big Tech’s no sistema financeiro.
“O alto nível de concentração de mercado normalmente observado nas BigTech’s podem ser levados aos serviços financeiros, com impactos potencialmente adversos nos preços ao consumidor e na estabilidade financeira”, disse a Autoridade Europeia de Valores Mobiliários e Mercados (ESMA), sobre as empresas Big Tech que ingressam no setor financeiro, como parte do relatório Tendências, riscos e vulnerabilidades para 2020, lançado em 19 de fevereiro.
O relatório também mencionou alguns aspectos positivos das Big Tech’s em finanças. “Os benefícios potenciais incluem maior participação das famílias no mercado de capitais, maior transparência e maior inclusão financeira”, diz o texto da ESMA.
Vale do Silício assume financiamento
As grandes empresas de tecnologia incluem empresas como Amazon, eBay e outras que se concentram principalmente em serviços fora do que tradicionalmente é considerado finanças. Mas isso está mudando.
O gigante das mídias sociais, Facebook, procurou entrar em finanças em junho de 2019, quando a empresa publicou planos para seu ativo digital Libra. Logo após o anúncio do Facebook, no entanto, os reguladores dos EUA entraram em cena, vendo os riscos potenciais envolvidos e cobrindo o projeto com burocracia.
Antes do anúncio do Facebook, seu cofundador, Mark Zuckerberg, pediu uma regulamentação adicional sobre Big Tech em março de 2019. Continuando sua busca, viajando para dois países da UE, Zuckerberg está novamente pedindo orientações adicionais dos reguladores sobre o uso de dados, privacidade e afins, informou a CNN em 19 de fevereiro.
Grandes empresas, grandes responsabilidades
O relatório da ESMA explicou que esses gigantes da tecnologia estão começando a entrar no espaço financeiro, lançando soluções de pagamento e outras ofertas, semelhantes ao Libra, o que pode significar um risco adicional para os clientes.
“Em muitos casos, essas empresas também podem usar dados gerados por meio de outros serviços, como as mídias sociais, para adaptar suas ofertas às preferências dos clientes”, disse o relatório, incluindo que essas empresas possuem o poder de superar uma grande parte do mercado e do setor de serviços financeiros.
Esse envolvimento, no entanto, traz um enorme risco. “Dada a grande quantidade de informações confidenciais dos consumidores que eles lidam e a escala de suas operações existentes (muitas das quais estão interconectadas com os mercados financeiros), sua entrada em finanças também apresenta riscos distintos para mercados e consumidores”, afirma o relatório.
O Cointelegraph procurou a ESMA para esclarecimentos, mas não recebeu resposta até o momento. Este artigo será atualizado de acordo com a resposta.