Crise econômica e política levam o real ao menor poder de compra desde 1994 – como as criptomoedas podem te proteger?
Real perde 85,41% do seu poder de compra na comparação com o primeiro ano da moeda em 1994. Já o BTC, mesmo com volatilidade, vale muito mais do que no início; veja comparação
O real tem hoje o menor poder de compra da sua história. De acordo com o IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto foi de 0,87%, a maior variação para um mês de agosto desde 2000 (1,31%).
No ano, o IPCA acumula alta de 5,67% e, nos últimos 12 meses, de 9,68%, acima dos 8,99% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em agosto de 2020, a variação mensal foi de 0,24%, muito abaixo da atual.
Na prática, significa que o brasileiro não está mais conseguindo comprar o que comprava, nem em 1994, nem há poucos meses.
Na redes sociais, o assunto chamou a atenção após uma publicação de alerta do economista e Head de Educação na Liberta, Fernando Ulrich.
Em seu perfil no Twitter, Fernando Ulrich foi enfático ao afirmar que o real brasileiro tem o menor poder de compra desde o início da moeda, em 1994, quando o real foi criado e implantado no Brasil.
A publicação dizia:
O real brasileiro bate mais um recorde atingindo seu menor poder de compra desde o início da moeda.
Depois do IPCA de agosto, o real perdeu 85,41% do seu poder de compra. Nossa moeda hoje compra apenas R$14,59 comparado a R$100 de 1994. pic.twitter.com/bhdptRfbPE
— Fernando Ulrich (@fernandoulrich) September 9, 2021
A publicação trazia uma imagem representativa da perda do poder de compra do real.
Imagem reprodução / Twitter
Ulrich comentou a própria publicação com uma outra imagem representativa do poder de compra menor em 2021 e mostrando “Outra forma de visualizar a destruição do poder de compra do real.”
Imagem reprodução / Twitter
As publicações de Ulrich repercutiram. Uma delas, do perfil @owlmilo, dizia, “Enquanto isso…”, acompanhada de uma imagem representativa do poder de compra do Bitcoin (BTC).
Imagem reprodução / Twitter
Muito dos motivos para essa desvalorização do real se deve à crise política entre os três poderes da república, que causa incertezas no mercado e insatisfação na população. O embate político tira o foco de problemas reais que a população enfrenta no dia a dia e que acabam esquecidos pelo poder público.
Com essas incertezas, o cenário econômico se agrava, a inflação piora e corroi os ganhos dos brasileiros.
Mas, se o real vive seu pior momento, em contrapartida os criptoativos, criptomoedas (ou ativos digitais, como o mercado tradicional gosta de chamar) vivem outra realidade.
Só para se ter uma ideia, o Fórum Econômico Mundial disse que os países precisam intensificar a integração das criptomoedas às suas economias.
A entidade explicou que a adoção global das criptomoedas cresceu 2.300% desde 2019, e 881% apenas no último ano.
Afirmou que “o bitcoin evoluiu de uma pequena comunidade de nicho na internet para um ativo amplamente conhecido por investidores, empresas e gestoras de investimentos”.
Entre os motivos apontados pelo Fórum para a adoção das criptomoedas estão a desvalorização das moedas fiduciárias; os altos custos cobrados no sistema financeiro tradicional para processar transações; o surgimento e o ganho de escala de stablecoins que facilitam a integração entre os sistemas tradicional e cripto; e o surgimento de tecnologias de registro distribuído.
A entidade diz ainda que é preciso mudar a mentalidade das autoridades, que alegam que as criptomoedas também são usadas para atividades criminosas.
“Atividades ilícitas envolvendo criptomoedas são significativamente menos frequentes do que no sistema tradicional e respondem por apenas 0,34% de todas as transações com criptoativos.”
E sobre as tentativas dos órgãos de barrar os criptoativos, diz:
“Banir as criptomoedas não pode evitar a adoção; vai apenas limitar a capacidade dos reguladores de conduzir as atividades de mercado rumo a usos e empregos com menos risco”
Stablecoins
Masmo quando uma forte liquidação no mercado de criptomoedas recentemente atingiu alguns dos principais criptoativos, como Bitcoin (BTC), Ether (ETH), Cardano (ADA) e Solana (SOL), as stablecoins conseguiram manter sua força no mercado.
As stablecoins oferecem proteção temporária aos traders contra a notória volatilidade dos preços das criptomoedas. Elas conseguem manter lastro de um dólar e oferecem liquidez suficiente aos donos das stablecoins durante o declínio do mercado. No caso dos brasileiros, pode ser uma oportunidade de proteção contra a inflação e desvalorização do real.
Por exemplo, o Tether (USDT), a principal stablecoin em volume, processou US$ 10,51 bilhões em transações na terça-feira, em comparação com US$ 4,02 bilhões na segunda-feira.
A média de todas as transferências de stablecoins. Fonte: CryptoQuant
Da mesma forma, a segunda maior stablecoin USD Coin (USDC), apoiada pela Circle, relatou US$ 5,728 bilhões em transferências na terça-feira contra US$ 3,27 bilhões na sessão anterior, registrando um aumento de 74%.
Bitcoin (BTC)
O Bitcoin (BTC) estava cotado no momento da escrita deste artigo a US$ 46.839. Um sobe e desce nos últimos dias tem deixado o mercado apreensivo.
O Cointelegraph noticiou que a maior criptomoeda por valor de mercado tinha uma nova variação de correção de preços durante o feriado deste semana, e convidou Diego Pohl, analista e trader da Crypto Investidor, para analisar o BTC.
Ele diz que manter um valor acima dos $42.000 será importante:
“Portanto, será muito importante que o preço se mantenha acima da região dos US$ 42.000, para que tenhamos o rompimento dos US$ 53.000 com volume e, deste modo, buscarmos novos alvos entre US$ 60.000 e US$ 100.000 ainda neste ano.”
Apesar da variação recente de preços do BTC, o gráfico dos últimos 5 anos mostra que o BTC teve muito mais valorização do que perdas.
Imagem gráfico de 5 anos / Fonte: Tradingview
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