Bitso lança campanha na TV e esquenta briga no mercado cripto brasileiro

O mercado de corretoras de criptoativos tem um novo concorrente de peso no Brasil. Apesar de já estar instalada no país há alguns meses, a Bitso parece voltar todas as suas forças – e verbas – para conquistar um pedaço considerável do terreno brasileiro no setor.

Com investimentos bilionários de fundos como Tiger, Coatue, QED, Kaszek, Valor Capital, Paradigm e Pantera Capital, a empresa fundada no México, onde é líder de mercado, se prepara para bater de frente com Mercado Bitcoin e Binance, as duas principais corretoras de criptoativos do Brasil.

“Temos funcionários em mais de 30 países, não nos vemos como uma empresa mexicana, mas uma empresa global que hoje está fazendo uma aposta enorme no Brasil, com um investimento gigante, para nos tornarmos líderes no país. O Brasil é nossa prioridade e uma aposta de longo prazo” disse o CEO da companhia, Daniel Vogel, em entrevista à EXAME.

Vogel, aliás, já se mudou da Cidade do México para São Paulo, de onde pretende comandar a reinvenção da empresa – e, segundo o próprio, do mercado de criptomoedas no Brasil e no mundo. O primeiro passo será dado nesta quinta-feira, 9, com o lançamento da nova campanha publicitária da empresa, que levará pela primeira vez um anúncio ligado ao mercado cripto ao horário nobre da televisão aberta brasileira, com uma propaganda da corretora entre o Jornal Nacional e a novela das nove, na Globo.

Segundo o executivo, a campanha deve focar em novos consumidores, aqueles que ainda não têm conta em nenhuma corretora e ainda não fazem parte do mercado de criptoativos: “Cripto é para todos, não importa o gênero, a raça, o status social, a orientação sexual. Nosso objetivo é libertar o mundo dos bancos tradicionais”, disse, ressaltando que um dos focos da companhia é oferecer uma plataforma intuitiva e fácil de usar, especialmente por quem não tem nenhum conhecimento do assunto.

“O fato do universo cripto ainda ser muito menor do que dos bancos, mostra justamente o quanto ainda está por vir. Cripto vai muito além desssa ideia de enriquecer rapidamente. Estamos falando de inclusão financeira, liberdade financeira, que são ferramentas para melhorar a vida de todos”, afirmou.

Ele também ressaltou alguns casos de uso relevantes para os criptoativos fora do universo dos investimentos, citando o caso de mexicanos que moram nos EUA e enviam dinheiro para seus familiares no país: “No México, transacionamos mais de 1 bilhão de dólares em remessas internacionais em 2020, o que nos deixou muito orgulhosos e mostra que cripto vai além de investimentos, é também uma forma fácil e barata de movimentar dinheiro”. Outro caso citado é o uso dos criptoativos, em especial do bitcoin, como proteção contra a inflação e o controle cambial na Argentina, outro país em que a empresa atua.

Em relação ao Brasil, Daniel Vogel mostra otimismo: “A adoção do Pix mostra como os meios de pagamento estão mudando no Brasil. Estamos animados em ver que o Brasil está tão avançado em relação aos pagamentos digitais, à regulação de criptoativos. É incrível poder trabalhar num país em que o Banco Central está desenvolvendo uma CBDC, onde você tem criptoativos na bolsa de valores… E o interesse pelo mercado cripto no Brasil está crescendo vertiginosamente. E as coisas estão apenas começando”.

A Bitso também se envolveu com a adoção do bitcoin como moeda de curso legal em El Salvador, onde será a principal provedora de serviços com criptoativos da Chivo, a carteira digital desenvolvida pelo governo salvadorenho. “E estamos aqui para ajudar quaisquer países que decidam seguir por caminhos parecidos”, disse o executivo.

Além disso, Vogel também explicou que a Bitso prepara uma oferta de serviços relacionados às finanças descentralizadas (DeFi) – como contas que rendem juros e outros produtos – e que estuda o desenvolvimento de soluções relacionadas aos NFTs e pagamentos com criptoativos.

De acordo com dados da Receita Federal, baseado nas operações reportadas por contribuintes à autarquia, as corretoras de criptomoedas brasileiras movimentaram mais de 1,5 bilhão de reais por mês, em média, ao longo de 2021. O número real, entretanto, é consideravelmente maior, já que apenas aqueles que movimentam mais de 35 mil reais por mês devem comunicar suas operações para o órgão.

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