Cofundador da DeepMind repreende Elon por comentários na cúpula de IA do Reino Unido: ‘Ele não é um cientista de IA’

Mustafa Suleyman, cientista de IA de renome mundial, parece discordar da avaliação de Elon Musk sobre as ameaças e os benefícios que as tecnologias de IA podem representar ao futuro da humanidade.

Mustafa Suleyman, CEO da Inflection AI e cofundador da DeepMind do Google, disse algumas palavras fortes para Elon Musk durante uma entrevista concedida à BBC após a recente cúpula de inteligência artificial (IA) do Reino Unido, concluída em 2 de novembro.

Conforme relatado pelo Cointelegraph, Musk fez jus ao seu histórico de fazer comentários sensacionalistas durante uma conversa com o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, no encerramento do evento.

Minha conversa com @elonmusk

— Rishi Sunak (@RishiSunak)

Durante a conversa, Musk comentou que a IA era como “um gênio mágico”, antes de advertir que “geralmente essas histórias não terminam bem.”

O homem mais rico do mundo também alertou que a IA acabaria fazendo praticamente todos os trabalhos hoje reservados aos humanos, algo que ele aparentemente acredita que fará com que as pessoas tenham dificuldade para encontrar um propósito para as suas vidas.

Musk também discutiu os perigos existenciais que a IA apresenta, incluindo a necessidade de incluir um “interruptor físico de desligamento” para os sistemas de IA para que seja possível controlar as máquinas.

Sunak, por sua vez, concordou com a insinuação de Musk de que as histórias de Hollywood sobre IA, como O Exterminador do Futuro, pareciam servir de ponto de partida para as opiniões de ambos sobre a tecnologia emergente. “Todos esses filmes têm o mesmo enredo e terminam, fundamentalmente, com alguém desligando o sistema”, brincou Sunak.

Não ficou claro a que tecnologia eles estavam se referindo. A maioria dos sistemas de IA criados na última década seria ostensivamente resistente a tentativas de “desligamento” por meio de um único interruptor físico devido à natureza da computação distribuída e em nuvem e das tecnologias de servidor.

Suleyman, que também estava presente na Cúpula de IA do Reino Unido, posteriormente qualificou o comentário de Musk como pedestre durante uma entrevista ao programa Question Time da BBC.

Na entrevista, Suleyman afirmou que:

“É por isso que precisamos de uma avaliação imparcial e independente da trajetória dessa tecnologia. [Elon Musk não é um cientista de IA. Ele possui uma pequena empresa de IA. Ele tem muitas outras empresas. Sua experiência está mais voltada para a exploração do espaço e de carros.”

Suleyman não é o primeiro CEO ou especialista em IA a questionar a compreensão de Musk sobre a tecnologia emergente em nível científico. Em 2022, Gary Marcus, professor de ciência da computação da NYU e autor de best-sellers, e Vivek Wadha, um ilustre bolsista da Carnegie Mellon e de Harvard, desafiaram a afirmação de Musk de que a “AGI”, inteligência artificial geral, seria alcançada até 2029.

Os dois especialistas desafiaram Musk com uma aposta no valor de US$ 500.000 que seria paga se a AGI fosse alcançada antes dde 2029. Até onde sabemos, Musk ainda não reconheceu ou respondeu à aposta proposta.

AGI é um conceito nebuloso, sem padrões de referência ou de medição acordados para ser alcançado de forma objetiva. A premissa básica da ideia é que, um dia, devido a efeitos tecnológicos subsequentes atualmente desconhecidos, a tecnologia de IA se tornará capaz de realizar qualquer tarefa que exija inteligência.

Embora alguns dos chamados especialistas acreditam que a AGI, ou pelo menos a IA senciente, possa já existir, muitos outros especialistas que trabalham na área afirmam que os sistemas atuais não são tão inteligentes ou capazes quanto os humanos ou outros animais devido à sua dependência de treinamento, programação, procedimentos e proteções.

LEIA MAIS

Você pode gostar...