Como Venezuela e outros países trocam ouro por Bitcoin para driblar inflação
Um novo relatório sugere que o crescimento das criptomoedas, especialmente do Bitcoin, pode afetar os preços do ouro.
Segundo um relatório recente da corretora online eToro, o Bitcoin tem o potencial de desestabilizar o mercado de barras de ouro.
O caminho para o Bitcoin atingir os níveis de adoção do ouro tem ligação com a segurança econômica de certos países. Em alguns casos, a inflação cresce em ritmo mais acelerado do a valorização do ouro, de modo que, em alguns casos, apenas o avanço do Bitcoin é capaz de compensar.
Bitcoin na Venezuela
A Venezuela, por exemplo, há algum tempo vem sofrendo com uma longa crise financeira. De acordo com o relatório, mais e mais venezuelanos não estão apenas transferindo seus bolívares para dólares, mas também para Bitcoin.
O economista Asdrúbal Oliveros, da consultoria Ecoanalítica de Caracas, disse:
“Muitos venezuelanos estão usando Bitcoin para converter seus bolívares, que estão sendo desvalorizados pela hiperinflação, para manter algo de valor”.
Apesar do ouro ter retornos de 10.700% em bolívares, o metal precioso não conseguiu acompanhar a impressionante taxa de inflação. Quando os dois fatores são combinados, os venezuelanos terminaram com uma taxa de retorno real de -60%.
Devido à alta taxa de inflação, o governo venezuelano controla o salário mínimo e o preço dos alimentos. Depois que a escassez de alimentos se tornou um problema maior, o governo estabeleceu controles de preços sobre as necessidades alimentares, como ovos e carne.
No entanto, devido às taxas de inflação, essas necessidades custam mais do que o salário mínimo, que é de apenas US$ 1 por mês. Enquanto isso, outros venezuelanos decidiram migrar para o Bitcoin como forma de garantir a soberania sobre suas finanças.
Na Nigéria
A Nigéria é outro país cuja taxa de inflação o torna um lugar perfeito para a criptomoeda prosperar. Com taxas de inflação de quase 20% ao ano desde os anos 70 e inflação geral de 80.000%, a Nigéria tornou-se um grande ator no cenário de criptomoedas da África.
Em uma audiência pública, o senador Sani Musa declarou que:
“A criptomoeda se tornou uma transação mundial da qual você nem consegue identificar quem possui o quê. A tecnologia é tão forte que não vejo o tipo de regulamentação que podemos fazer. Bitcoin tornou nossa moeda quase inútil ou sem valor. ”
E no resto do mundo?
Espirais inflacionária também já surgem em outros países. Desde o início de 2020, a inflação do Líbano disparou de 50% para um pico de 550%, tornando-se o primeiro país do Oriente Médio a experimentar hiperinflação.
Segundo o levantamento, alimentos e bebidas não alcoólicas cresceram 402,3%; bebidas alcoólicas e fumo subiram 392,5%; vestuário e calçados aumentaram 559,8%; restaurantes e hotéis aumentaram 609%; e móveis, eletrodomésticos e manutenção de rotina aumentaram 655,1% desde 2019.
Já no resto do mundo, incluindo nos EUA, o relatório argumenta que fatores como a alta no S&P 500, o aumento da oferta de dinheiro fiduciário e o potencial para bolhas de ativos podem ser fatores importantes para projetar uma possível inflação no futuro.
Analistas da eToro afirmam que é improvável que o Bitcoin substitua o dólar americano. No entanto, o potencial de a criptomoeda afetar outros ativos tradicionais parece ser plausível.
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