Protocolo DeFi brasileiro Picnic traz ETFs para o universo das finanças descentralizadas

Através de uma única transação, os usuários do Picnic podem criar cestas não custodiais com diversos tokens DeFi, abstraindo toda a complexidade envolvida na interação com protocolos e aplicativos descentralizados.

O protocolo DeFi brasileiro Picnic traz a praticidade dos fundos de índice para o universo das criptomoedas através de um protocolo não custodial e descentralizado em que os usuários podem realizar investimentos em diversos tokens e produtos de finanças descentralizadas para criar um portfólio através de uma única transação.

Idealizado pela dupla de desenvolvedores João Ferreira e Pedro Brandão, o Picnic oferece tanto a possibilidade de que os usuários invistam em cestas de ativos pré-existentes, idealizadas pelos desenvolvedores do projeto, ou criem cestas personalizadas de acordo com suas teses de investimento particulares.

Conforme explicou Pedro durante a aula sobre Gestão de Ativos do curso de Introdução ao DeFi do LIFT Learning, as cestas do Picnic podem conter tokens ERC-20, tokens de pools de liquidez (LP), tokens de staking líquido, tokens de protocolos de empréstimo e tokens de farming de uma grande variedade de protocolos DeFi (finanças descentralizadas).

O Picnic é baseado na Polygon (MATIC) para permitir que os usuários explorem todos os recursos DeFi da Ethereum (ETH), a plataforma líder em contratos inteligentes, beneficiando-se das baixas taxas de transação da rede.

O grande diferencial do Picnic em relação a outros projetos da mesma natureza é que a criação da cesta de ativos é feita através de uma única transação, abstraindo a complexidade da interação com diversos DApps (aplicativos descentralizados) ou protocolos:

“Basicamente o que a gente faz no PicNic é fazer um batch, que na prática é agregar diversas transações em uma só para criar um portfólio em uma única transação. A carteira pertence 100% ao investidor, está associada ao endereço dele. E isso traz uma série de possibilidades interessantes. Como os ativos pertencem de fato ao próprio usuário, as possibilidades de integração vão ser maiores do que um protocolo que estivesse fazendo um pool com os ativos de diversos usuários.”

NFTs em DeFi

A primeira ação da transação efetiva pelo usuário gera um NFT (token não fungível) que é uma representação única daquela cesta de ativos e funciona como uma chave para acessar os ativos que a compõem. “De posse desse NFT, os usuários podem realizar uma série de operações”, diz Pedro.

O desenvolvedor destaca que ainda é bastante incomum a utilização de NFTs em DeFi, visto que o uso mais comum deste tipo de token está relacionado à colecionáveis digitais. Ainda assim, os NFTs do Picnic têm imagens exclusivas associadas a cada um deles, criadas através da ferramenta de inteligência artificial Dall-E 2.

Os NFTs da coleção Gênesis foram distribuídos para usuários que depositaram no mínimo US$ 50 no protocolo antes de sua data de lançamento oficial, em 29 de setembro.

A segunda coleção ganhou o título de “To the Moon!” e tem ares de ficção científica. Ao todo, ela é composta por 200 NFTs para usuários que criarem cestas de ativos com valores superiores a US$ 100.

Na semana passada, quando anunciamos o lançamento do https://usepicnic.com, mencionamos que haveria uma surpresa.

É hora de deixar vocês saberem o que é

Nós implementamos imagens nos NFT para decorar as cestas.

A ideia é aumentar a utilidade dos nossos Basket NFTs, que são uma parte fundamental da nossa arquitetura técnica. No futuro, ele também deve ser usado para fins de credenciais on-chain de nossa comunidade.

— Picnic (@usePicnic)

Autonomia total para os usuários

A arquitetura não custodial do DeFi Basket foi pensada para permitir integrações com outros protocolos DeFi, explica Pedro:

“A gente pode fazer compra de ativos, fazer staking, fazer empréstimos utilizando os ativos como colateral em plataformas de empréstimo, pegar tokens de pools de liquidez, e combinar todas essas ações.”

Os usuários têm total controle sobre os ativos de sua cesta, podendo alterar a alocação, fazer rebalanceamentos e outras operações, mesmo que tenham optado por investir em uma das cestas pré-existentes.

A criação de cestas de ativos no Picnic tem um custo variável em função das taxas de transação de cada protocolo ou DApp. Além de uma taxa fixa de 0,1% cobrada pelo Picnic, o usuário terá que pagar as taxas de todas as transações realizadas para a compra dos ativos de sua cesta, mais as correspondentes taxas de gás.

A coordenação de todas as transações através de uma única transação para o usuário final é o principal recurso do Picnic e ao mesmo tempo o principal desafio técnico para os desenvolvedores, diz Pedro: 

“No caso do DeFi Basket, a geração de transações é uma coisa não trivial. Não é trivial o tanto de API que a gente precisa ler e o tanto de dados que precisam ser coordenados para montar as transações que vão construir o portfólio. Fazer a coordenação de tudo isso de forma a não encaminhar os recursos dos usuários para rotas ruins, com pouca liquidez, maior slippage, que podem fazer ele perder dinheiro, isso é um problema computacional bastante complexo. E é nisso que a gente vem trabalhando. Esse é o principal problema que o DeFi Basket resolve.”

Entre as cestas pré-existentes, a “Stable Yield Farming”, por exemplo, reúne cinco tokens LP (Provisão de Liquidez) de pools de stablecoins com rentabilidades variáveis cujos APYs (estimativa de rendimento anual) vão desde 2,56% até 15,59%. O rendimento da cesta nos últimos 30 dias foi de 0,46%, de acordo com dados do Picnic.

Já a “Crypto Maxi” combina as versões sintéticas de Ether Bitcoin (BTC) e MATIC em proporções mais ou menos equivalentes e apresenta uma valorização de 13,12% no acumulado dos últimos 30 dias.

Picnic (caputra de tela). Fonte: usepicnic.com

Atualmente, o Picnic ainda apresenta um valor total bloqueado modesto, de pouco mais US$ 95 mil, de acordo com informações da plataforma de monitoramento de dados DeFi Llama, mas Pedro destaca que este é um nicho ainda pouco explorado no setor de finanças descentralizadas, ainda mais considerando-se que os fundos de índice negociados em bolsa (ETFs) são extremamente populares nos dias de hoje: 

“Atualmente, o maior protocolo da categoria soma pouco mais de US$ 90 milhões em TVL, sendo que nos mercados tradicionais os fundos de índice são uma das formas mais populares e comuns de as pessoas investirem. É relevante dizer que a gente acredita que existe nesse setor um potencial de crescimento bem grande.”

Outros fundos de índice baseados em DeFi

O protocolo líder da categoria é o Set Protocol, que atualmente possui um valor total bloqueado de US$ 93,3 milhões, de acordo com o DeFi Llama. O Token Set permite que os próprios usuários criem índices temáticos, definindo o valor das taxas de administração e as regras de rebalanceamento das cestas de ativos.

No entanto, o produto mais popular deste nicho de mercado é o DeFi Pulse Index (DPI), um token de índice composto por tokens de protocolos DeFi baseados na blockchain da Ethereum que tenham um número significativo de usuários e demonstrem um compromisso com a manutenção e o desenvolvimento contínuos.

A metodologia do DeFi Pulse Index que determina as regras de composição e rebalanceamento do DPI é bastante rígida. O índice é ponderado com base no valor do suprimento circulante de cada token e deve se enquadrar às seguintes atribuições:

1.O token deve estar associado a um protocolo de finanças descentralizadas ou Dapp listado no DeFi Pulse.
2. O token não deve ser considerado um título pelas autoridades fiscalizadoras de diferentes jurisdições.
3. O token deve ser um instrumento ao portador. Ativos sintéticos, tokens vinculados a ativos físicos ou tokens que reivindiquem direitos sobre tokens subjacentes estão vedados.

Já o dHEDGE é uma plataforma de fundos de índice com gestão ativa, o que implica em taxas de administração mais altas para os usuários.

Breve História dos Fundos de Índice

Modalidade de investimento que se tornou bastante popular nos últimos anos, os ETFs (fundos de índice negociados em bolsa) são relativamente recentes Os primeiros ETFs foram negociados apenas em 2005.

De forma simplificada, um ETF é um instrumento que é negociado como uma ação, às vezes com gestão ativa, mas na maioria das vezes com gestão passiva, pois este último modelo oferece custos de administração mais baixos pois não dependem do monitoramento e da atuação permanente de profissionais especializados.

Basicamente, um índice é um recurso para rastrear a performance de um grupo de ativos de forma padronizada. Índices tipicamente medem uma cesta de ativos correlacionados para replicar determinados setores do mercado, com base em uma metodologia pré-definida.

Possivelmente, o índice mais reconhecido no universo financeiro é o S&P 500, que agrega as ações das principais empresas dos EUA. Em tese deveriam ser as 500 maiores empresas de capital aberto do mercado norte-americano. Na prática, hoje, o índice é composto pelas ações de 503 empresas. No Brasil, o equivalente seria o índice Ibovespa.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil anteriormente, no Brasil os ETFs atrelados a criptomoedas conquistaram uma fatia expressiva do mercado durante o ciclo de alta de 2021.

Hoje, há mais de uma dezena de opções de ETFs cripto negociados na bolsa brasileira, tanto atrelados a setores específicos, como as próprias finanças descentralizadas, o metaverso, NFTs, e Web3 quanto às duas principais criptomoedas do mercado – o Bitcoin e o Ether.

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