“Bitcoin, ether e tether não servem às funções centrais do dinheiro”, diz chefe do ‘banco dos bancos’
Agustin Carstens, diretor geral do Banco de Compensações Internacionais (BIS), voltou a atacar o bitcoin e as criptomoedas durante uma audiência em Miami no início deste mês.
De acordo com a publicação do Central Banking, o comandante do ‘banco dos bancos’, como o BIS é conhecido, disse que “o uso de ‘moedas’ é enganoso. Criptomoedas, como bitcoin, ether e tether, não servem às funções centrais do dinheiro”.
Ele confirmou sua retórica dando como exemplo a alta volatilidade no preço das criptomoedas. Carstens também deu um novo conceito aos criptoativos.
“Nenhuma criptomoeda é uma verdadeira unidade de conta ou um instrumento de pagamento, e vimos este ano que elas são uma reserva deficitária de valor. Os compradores de criptomoedas estão comprando nada mais do que um algoritmo de software”, exemplificou o diretor para dar crédito à sua postura.
Sobre o setor financeiro tradicional, o diretor destacou as aplicações já difundidas na telefonia móvel que estão aumentando os pagamentos em dinheiro, enquanto esclareceu os pontos fortes dos pagamentos no varejo de um ponto de vista mais amplo.
“Globalmente, o valor dos pagamentos com cartão atingiu 25% do PIB em 2016, em comparação com 13% em 2000, de acordo com o Comitê de Pagamentos e Infraestrutura de Mercado”, disse o executivo.
Carstens, que comandou o Banco do México de 2010 a 2017, também destacou alguns dos esforços dos bancos centrais para atualizar a infraestrutura de pagamento existente sem depender de novas tecnologias como blockchains.
“Embora esses esforços não sejam tão atraentes quanto a criptografia, é de imensa importância desenvolver novos hardwares, softwares e processos para proteger seu dinheiro, fortalecer a estabilidade financeira e proteger a economia”, afirmou Carstens.
Diretor já atacou outras vezes
Em julho deste ano, o chefe BIS previu um final ruim para as criptomoedas e chegou a pedir o fim de sua produção em uma entrevista.
Na ocasião, ele reiterou sua crença de que as criptomoedas representavam “uma bolha, um esquema Ponzi e um desastre ambiental”, fala proferida durante um discurso em fevereiro na Universidade Goethe.
Perguntado na época se ele concordava que as criptomoedas tiveram um impacto positivo ao fazer os jovens pensarem sobre dinheiro, Carstens afirmou que as criptomoedas não tinham as principais características para ser uma moeda.
Ele afirmou que as atividades associadas a criptomoedas representam um esforço para criar dinheiro a partir do nada.
“Os jovens devem usar seus muitos talentos e habilidades para inovar, não reinventando dinheiro. É uma falácia pensar que o dinheiro pode ser criado a partir do nada”, disse ele, acrescentando:
“Olhe de volta para o passado e você verá que criar ouro ou dinheiro a partir do nada tem sido uma obsessão regular. Nunca funcionou. Então minha mensagem para os jovens seria: parem de tentar criar dinheiro!”.
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