PlayWorld prometia fortuna no mercado de criptomoedas e forex, mas trouxe dívidas a investidores

“Seja feliz, seja próspero, seja PlayWorld”: era com esse lema que Celso Luiz da Silva Júnior, presidente da empresa, com sede em Serra (ES), procurava atrair investidores com a promessa típica das pirâmides financeiras de retorno rápido e vultuoso do capital aplicado.

Em funcionamento desde 2017, a PlayWorld dizia atuar no mercado forex (ainda não regulamentado no Brasil) e na mineração de criptomoedas. Os investimentos eram todos em dólar, com cotação fixada por contrato a R$ 4,00. O retorno prometido era de 200% no ano — ou de 2% por dia.

Entretanto, a empresa ficou bem longe de honrar com seu lema, com investidores lesados ou mesmo em sérias dificuldades financeiras.

“Estou com o nome restrito junto aos órgãos de proteção ao crédito, todos os dias recebo inúmeras ligações do setor financeiro dos meus cartões, para poder pagar alguns boletos atrasados”, conta um dos investidores lesados pela PlayWorld que pediu para não ser identificado.

Com dívidas que ultrapassam R$ 50 mil, ele recebe R$ 930 como agente comunitário de saúde em uma cidade no interior de Minas Gerais (o nome e a cidade não são revelados, por motivo de segurança). 

A vítima, que vai ser pai nos próximos meses, ainda ouve críticas dentro da própria família e de amigos.

“Já fui xingado e até mesmo ameaçado por algumas pessoas, sem ter condições peguei dinheiro emprestado pra devolver pra algumas pessoas, perdi amizade com alguns, além de se sentirem insatisfeitos comigo e me criticarem por tal”.

Promessa de prosperidade não cumprida

Além dos lucros, a PlayWorld prometia ainda um plano de carreira no qual incentivava os associados a recrutar outros integrantes. Os bônus para metas batidas iam de relógios a carros importados já quitados.

Iludidos por esse canto da sereia, milhares de pessoas apostaram nas promessas da PlayWorld. Celso Luiz dizia em vídeos distribuídos aos investidores que mais de 8.000 pessoas tinham seu número de telefone em todo o Brasil. 

Investidores lesados pela PlayWorld afirmaram ao Portal do Bitcoin que os problemas com os saques e rendimentos começaram no início deste ano. 

Entre os valores empenhados pelas vítimas há quantias que vão de R$ 200 a R$ 200 mil.

Até o mês de março, Celso mostrava otimismo e dizia que a empresa “vivia seu melhor momento”, com a inauguração de uma nova sede, também em Serra, e a criação de 20 pontos de atendimento aos clientes.

A situação de atrasos se tornou mais grave a partir de abril. O presidente da PlayWorld se defendia, afirmando que a empresa teve problemas com o limite máximo de transações permitidas pelos bancos.

Ele também citou que a carteira de bitcoin, que correspondia ao capital de giro da empresa, tinha sido alvo de um suposto ataque hacker.

Contra Celso Luiz já pesam processos na Justiça do Espírito Santo por estelionato e crimes contra a economia popular. Ele também já foi autuado no passado por posse ilegal de arma.

Capa do material promocional da PlayWorld. Empresa do ES deixou na mão investidores que acreditam em suas promessas
Foto: Reprodução

Fusão polêmica

Ainda em abril, a empresa que parecia “ir de vento em popa” semanas antes anunciou uma fusão com a Mex Digital — cuja sede é em Tel Aviv (Israel).

Nas palavras do presidente da PlayWorld, o modelo de negócio oferecido pela outra empresa era muito melhor e mais lucrativo.

“Eu nunca deixei e nunca vou deixar alguém tomar prejuízo nesse negócio. Essa empresa foi criada para realizar sonhos, não para destruir sonhos”, disse Celso em vídeo de 12 de abril.

As palavras de Celso Luiz mais uma vez se revelaram infundadas. A suposta fusão com a Mex Digital não foi adiante e os investidores continuaram a relatar problemas.

Os mais exaltados chegaram a ir até a sede da empresa tirar satisfações com o presidente, que se queixou do comportamento em vídeos distribuídos a grupos de WhatsApp.

Fim da PlayWorld e sumiço

Em comunicado datado de 20 de maio, o presidente da PlayWorld declarou que problemas técnicos na plataforma geraram erros que acarretaram prejuízo “imensurável” à empresa – falhas que, segundo ele, afetaram o capital de giro (os bitcoins) da companhia.

Segundo vítimas da PlayWorld, com o fracasso da suposta fusão, Celso Luiz chegou a dizer que pagaria os investidores por meio de uma nova empresa, a TWB, e com uma criptomoeda própria, chamada de Ability. Foi mais uma promessa não cumprida.

Em uma de suas últimas aparições aos lesados pela PlayWorld, por meio de live nas redes sociais em julho, o criador da empresa admitiu o encerramento dos negócios, e que “investidores que sacaram mais do que investiram” tiveram suas contas encerradas.

Desde então, os usuários lesados relataram diversas tentativas de contato com Celso Luiz e outras lideranças da empresa. Todas sem sucesso.

Procurado pela reportagem, o empresário mas não respondeu às perguntas até a publicação deste texto.

Pedido de Justiça

A PlayWorld e Celso Luiz sumiram, mas as dívidas e outros prejuízos continuam a afetar o cotidiano dos antigos investidores.

Diante da falta de perspectiva em reaver o dinheiro, algumas das vítimas esperam que os responsáveis pela PlayWorld sejam punidos.

“Quero esses caras na cadeia e com o rosto deles estampados na internet para todo mundo ver”, diz um dos investidores, que perdeu R$ 6.000 com o calote.


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