Youtuber gospel com quase 300 mil seguidores foi líder de pirâmide financeira, mas se arrependeu
A PlayWorld, empresa acusada de promover pirâmide financeira e que operava a partir de Serra (ES) até meados de 2019, teve entre seus líderes um youtuber gospel que depois declarou estar arrependido do apoio.
Paulo Sergio de Sousa é o responsável pelo canal No Entanto, que conta atualmente com 271 mil seguidores no YouTube.
Um patamar que, inclusive, já foi reconhecido com uma placa enviada pela própria plataforma – como é de praxe para os canais que conseguem ultrapassar a marca de 100 mil fãs.
Sousa é conhecido no ambiente digital gospel – especialmente na região da Grande Vitória – pelo jeito informal com o qual mescla Bíblia, mensagens motivacionais e análises pessoais.
Ele adota o mesmo tom para opinar sobre assuntos que julga pertinentes do cotidiano, especialmente quando ligados a personagens do meio evangélico. Ele diz que no momento não está ligado a nenhuma igreja específica.
Da divulgação da PlayWorld à desilusão
Além das análises pessoais e das mensagens bíblicas, morais e de reflexão, o youtuber usa o No Entanto para divulgar produtos com os quais tem relação ou expressa apoio.
Pelo menos por algumas semanas no início de 2019 essa lista
incluiu a PlayWorld.
Em janeiro, Sousa gravou um vídeo em seu canal no qual recomendava a seus seguidores a investirem na empresa, que afirmou ter conhecido por meio de um conhecido de seu irmão.
Pelo menos sete investidores lesados pela PlayWorld que conversaram com o Portal do Bitcoin sob condição de anonimato chegaram à empresa por meio da divulgação no canal.
Um deles contou ter procurado Sousa ainda em fevereiro sobre
queixas quanto a problemas nos repasses dos rendimentos. O youtuber teria dito ao
investidor na época que o problema seria resolvido.
O vídeo de janeiro foi ocultado do canal meses mais tarde
pelo próprio autor, diante do aumento das denúncias de clientes contra a
empresa.
Outras publicações do No Entanto ainda contam com referências à PlayWorld na descrição do vídeo. Em pelo menos uma delas há um link que direcionaria para o site da empresa, já inativo.
Youtuber arrependido
Em maio, Sousa gravou um vídeo no qual reuniu respostas a críticos de seu trabalho e também se pronunciou a respeito de sua saída da PlayWorld. Ele disse que se arrependeu do apoio dado à empresa e, por isso, também ocultou o antigo vídeo do ar.
Na publicação, Sousa se referiu ao comunicado que a
PlayWorld divulgou entre seus investidores, no qual dizia que pagaria a todos a
partir de 1º de junho. No entanto, desta vez recomendou a seus seguidores que
não aderissem ao projeto de forma alguma.
O youtuber não voltou a se pronunciar em seu canal sobre a
empresa desde então. Já a PlayWorld novamente não cumpriu sua promessa e fechou
as portas sem ressarcir seus antigos associados.
Procurado pelo Portal do Bitcoin, Sousa disse ter ciência das denúncias contra a PlayWorld, reforçou o vídeo publicado em maio passado e reafirmou estar arrependido do apoio à empresa.
“Fui iludindo pela proposta
e cometi o erro de divulgar uma empresa que não conhecia nem mesmo o ramo de
atuação”.
O responsável pelo canal No Entanto
afirma que pensa diariamente nas pessoas que acreditaram na PlayWorld a partir
de sua divulgação.
“Estou sempre em contato com elas. Tal qual elas fui lesionado e nunca cobrei de quem me colocou. Mesmo assim firmei o compromisso com eles de, assim quando possível, ressarcir a todos”.
Sousa afirma também ter investido – e perdido
– dinheiro na PlayWorld, sem citar valores. Ele nega ainda ter tido qualquer
contato com seu fundador e presidente, Celso Luiz da Silva Júnior.
A PlayWorld não é a única empresa da qual Sousa manifestou
arrependimento em divulgar. Ele também tem um vídeo no qual explica os motivos
para explicar a retirada de seu apoio à Hinode, companhia de cosméticos que
investe no marketing multinível para atrair novos revendedores e clientes.
De vendedora a destruidora de sonhos
A PlayWorld dizia atuar no mercado forex (ainda não
regulamentado no Brasil) e na mineração de criptomoedas. Os investimentos eram todos em dólar, com
cotação fixada por contrato a R$ 4,00. O retorno prometido aos associados era
de 200% no ano — ou de 2% por dia.
A empresa fundada por Celso Luiz em 2017 tinha “Seja feliz, seja próspero, seja PlayWorld” como lema. Entretanto, a empresa ficou bem longe de honrar com essa promessa.
O calote gerado pela PlayWorld não apenas lesou investidores,
mas também deixou parte deles em sérias dificuldades financeiras.
Sem perspectiva de reaver o dinheiro, os antigos associados veem
uma punição dos envolvidos pela Justiça como único alento ainda possível.
Contra Celso Luiz já pesam processos na Justiça do Espírito Santo por estelionato e crimes contra a economia popular. Ele também já foi autuado por posse ilegal de arma.
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