Com economia em grave crise e governo inoperante, ações brasileiras têm o pior desempenho do mundo em 2021

“Recuperação em V” de Paulo Guedes não ilude investidores da Bolsa de Valores; ações brasileiras amargam péssimo desempenho no ano.

As ações brasileiras apresentaram a pior performance entre as principais economias do mundo em 2021 até agora, segundo um levantamento da Bloomberg.

Entre os motivos para o péssimo desempenho brasileiro, que levou a um sell-off de US$ 102 bilhões em ações, estão a fraca recuperação no fim da pandemia, a inflação galopante e os temores de que o governo Jair Bolsonaro possa piorar ainda mais a situação econômica com medidas populistas para tentar se reeleger em 2022.

Brasil entre as piores economias do mundo em 2021. Fonte: Bloomberg

Brasil em último lugar nos mercados de ações no mundo. Fonte: Bloomberg.

O Ibovespa, principal índice de ações do país, perdeu 7% de valor contra o real desde janeiro, mais do que todos os outros índices globais comparados pela Bloomberg. A queda tirou R$ 570 bilhões do mercado brasileiro desde o pico registrado em junho deste ano.

Nesta semana, as ações brasileiras voltaram a despencam na terça-feira depois de relatos de que a equipe econômica do governo iria propor uma medida para extrapolar o limite de gastos públicos para financiar um novo programa social, de olho nas eleições do ano que vem.

Nesta quinta-feira, o pedido do ministro da economia Paulo Guedes para furar o teto de gastos levou o dólar a R$ 5,67. O ministro também é envolvido em escândalo por operar uma offshore e lucrar milhões com a desvalorização do real durante sua própria gestão no governo Bolsonaro. Em entrevistas nos últimos meses, Guedes defendia a desvalorização da moeda nacional, ao mesmo tempo em que mantinha reservas em dólar fora do país.

Diante deste cenário, os fundos de investimento brasileiros desfizeram as apostas otimistas sobre as ações da bolsa brasileira nos últimos meses, enquanto Bolsonaro convocava manifestações golpistas, ameaçava ministros do Supremo Tribunal Federal e não conseguia propor soluções eficientes para a grave crise econômica e social, que já levou 20 milhões de brasileiros à miséria.

A alta de juros mais altos também pesam sobre as perspectivas mais pessimistas, já que o banco central elevou a Selic em 425 pontos-base desde março para tentar controlar a inflação – com pouco sucesso.

Apesar do mau desempenho das ações brasileiras, os ETFs de criptomoedas que começaram a ganhar o mercado de ações neste ano têm tido bom desempenho entre investidores. Os investimentos em fundos de criptomoedas no país cresceram 12 vezes em um ano e já acumulam R$ 2,7 bilhões.

Também nesta semana, com recorde histórico do Bitcoin nos mercados globais depois da estreia do primeiro ETF de Bitcoin nos Estados Unidos, o preço do BTC no Brasil bateu sua máxima anterior, estabelecendo os R$ 367 mil como novo recorde.

Entre os motivos para a adoção em massa de brasileiros para ETFs e fundos cripto está a moeda nacional cada vez mais fraca, a busca por proteção econômica diante da maior inflação em mais de 20 anos e a falta de perspectiva de melhora na economia diante de um ministério da economia perdido, sem credibilidade, e um governo inoperante.

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