Venezuela quer R$ 9,7 bilhões em ouro presos em BC da Inglaterra
O governo venezuelano é um dos primeiros a adotar criptomoedas no país, como meio de pagamentos. Mesmo assim, reservas em ouro da Venezuela, que estariam no BC da Inglaterra, estão fazendo falta neste momento de crise econômica e financeira, principalmente com a pandemia do novo coronavírus.
Com um governo ditador e perseguido pelos EUA, não tem sido fácil para a Venezuela ter acesso ao seu “fundo de emergência”. O Banco Central da Inglaterra (BoE) nega os pedidos para liberar o ouro venezuelano, preso no local desde 2018.
Isso porque, com embargo dos Estados Unidos, a Venezuela tem encontrado dificuldade em liquidar ativos que estejam no exterior. O ouro é um mineral pesado, que estava em cofres do BoE, uma tática que muitos países adotam.
Com ouro preso no BC da Inglaterra, Venezuela abre processo para tentar reaver “seu” patrimônio
Qualquer dinheiro quando custodiado em posse de um terceiro oferece riscos ao dono dele. No caso do Bitcoin, por exemplo, é considerado seu dono apenas quem possuí a chave privada de um endereço público. Quando a moeda está em corretoras, caso estas sejam atacadas, um usuário perde o acesso ao seu patrimônio.
Essa situação de vulnerabilidade na custódia também tem sido vista pelo governo venezuelano, contudo, em um ativo diferente: o ouro. Com U$ 1,02 bilhão em ouro, cerca de R$ 5,74 bilhões hoje, a Venezuela nutre a esperança de um dia ter acesso aos seus ativos.
Custodiados no Banco Central da Inglaterra, o ouro da Venezuela está proibido de deixar o país europeu. A proibição tem sido imposta pelos Estados Unidos, que embarga comercialmente a Venezuela, com acusações diversas para isso.
Desde janeiro, com imenso problema econômico, a Venezuela tenta acesso às suas reservas. Como o pedido tem sido negado pelo BC da Inglaterra, um processo foi aberto pelo governo da Venezuela nos últimos dias na esperança de reaver seu precioso mineral.
Com ouro preso e sanções contra petróleo, crise está longe do fim
Cabe o destaque que o governo dos EUA impedem que a Venezuela, inclusive, comercialize seu petróleo. O recurso é o principal do país e move a maior parte da economia local, que tem sido afetada profundamente com as sanções comerciais dos EUA.
De acordo com a Reuters, o Banco Central da Venezuela abriu um processo contra o BC da Inglaterra nos últimos dias. A petição chegou a um tribunal de Londres, capital da Inglaterra, em uma tentativa de forçar a liberação de recursos para o país sul-americano.
A Venezuela pede que o ouro seja vendido pelo Banco da Inglaterra e transferido para as Nações Unidas. Dessa forma, seria possível enviar ajuda humanitária ao país, que além de sofrer com uma gigantesca inflação, agora sofre com a pandemia do COVID-19.
Procurados pela Reuters, nenhuma das duas instituições quiseram se manifestar. Contudo, chama atenção que desde 2018 a Venezuela tenta sacar seu ouro, mas a Inglaterra não reconhece Maduro como presidente, o que dificulta a resolução dos problemas.
Valorização do ouro em 2020 é uma das maiores dos últimos anos
A esperança da Venezuela é que seus recursos sejam transferidos para as Nações Unidas, de modo a comprar remédios, equipamentos e comida para a população venezuelana. Por lá, mesmo com uso crescente de criptomoedas para driblar sanções estrangeiras, a situação ainda é caótica, principalmente para a população.
Mas vender o ouro, atualmente preso no BC da Inglaterra, daria a Venezuela uma boa ajuda. Cabe o destaque que o preço do ouro já valorizou mais que 14% apenas em 2020, uma das maiores valorizações dos últimos anos.
Cada grama do ouro é cotado hoje em R$ 320, um preço interessante se comparado com os R$ 165 há um ano. A valorização da grama do ouro no Brasil é acima de 93%, mostrando que o mineral tem sido buscado no mercado para proteção de patrimônio (hedge).
Por fim, em compensação a boa fase do ouro, o Bolívar Venezuelano (VEF), continua sendo a pior moeda do mundo. Além de a inflação corroer seu poder de compra, a população tem aceitado mais criptomoedas e dólar no comércio do que a divisa depreciada do governo. Uma moeda fiduciária sem a confiança da população pode certamente ser considerada morta.
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