Trabalho acadêmico de MBA da USP aponta oportunidade em uso da blockchain no comércio entre Brasil e países árabes

Helena Fernandes avaliou a funcionalidade da tecnologia na plataforma Ellos, utilizada pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.

As oportunidades de aplicação da tecnologia blockchain foram objeto de um trabalho de conclusão de pós-graduação da Universidade de São Paulo (USP) apresentado recentemente pela paulistana Helena Fernandes, 23, formada em Marketing e que trabalha na área de Produtos da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB).
Intitulado “Tecnologia Blockchain: oportunidades de aplicabilidade nas relações comerciais entre o Brasil e os Países Árabes” e sob a orientação do professor Bruno Henrique Sanches, o trabalho se concentrou nas funcionalidades da plataforma Ellos, que usa a blockchain no despacho aduaneiro no comércio entre o Brasil e países árabes.
Ao justificar a pesquisa, Helena argumenta que:
“A blockchain é tão customizável, é tão manipulável que você pode aplicá-la em determinados setores conforme demandas muito específicas […]  Eu posso usar no setor financeiro, eu posso usar em supply chain, eu posso usar em N lugares, ela continua sendo segura, transparente, rastreável e escalável […] Brasil e países árabes são parceiros muito importantes, têm potencial gigantesco, blockchain também tem potencial gigantesco.”
O trabalho, que deverá ser aberto para consulta pública na biblioteca da USP e servir de base para um artigo científico direcionado a congressos e revistas, é produto de uma série de entrevistas realizadas por Helena junto a profissionais de diferentes áreas da CCAB sobre a aplicabilidade e benefícios observados por eles na utilização da plataforma Ellos.
Um dos resultados apontados como benefício da adoção da tecnologia disruptiva foi a sustentabilidade do processo pela redução de gases poluentes que seriam gerados em caso do envio físico de documentos em papel. O levantamento também apontou que, em relação à Inteligência de Mercado, a rastreabilidade e segurança da tecnologia trazem mais acurácia e transparência aos dados de exportação, inclusive para criação de políticas públicas visando o estreitamento da relação entre os países. 
Já a área Comercial vê a economia de custo com o não envio de documento físico, propiciando até mesmo oferecer um produto mais competitivo ao mercado internacional. Também foi apontado como benefício o encurtamento de prazos, de 15 dias, para quatro horas, o que pode impactar as margens do negócio. 
A pesquisa apontou que a blockchain pode abarcar a rastreabilidade e informações aos consumidores, em especial para “produtos halal”, que são mercadorias fabricadas segundo as exigências de padrões e procedimentos estabelecidos pelo Islã.
No campo dos desafios está a necessidade de internet para o funcionamento da blockchain, em razão da indisponibilidade de rede nos padrões necessários, por parte de alguns países, e a necessidade de profissionais qualificados. 
“Não há muitos profissionais qualificados e esse mercado está aquecendo, então o custo fica alto”, acrescenta Helena. 
Utilizada atualmente na exportação para Jordânia, a Ellos foi lançada em agosto de 2021, quatro meses antes de a CCAB apresentar o sistema com objetivo de adoção da blockchain nas alfândegas do Egito, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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