Startup brasileira cresce 240% ajudando gamers em jogos como Axie Infinity

O gigantesco mercado global de games ganhou novo fôlego em 2021, com a popularização dos jogos em blockchain. Utilizando a tecnologia dos NFTs e uma dinâmica que remunera todos os jogadores, e não só os profissionais, esse tipo de jogo ganhou destaque e aderência. Com ele, novos modelos de negócio surgiram, como as empresas que financiam a entrada de jogadores em troca de parte da sua remuneração – inclusive algumas brasileiras.

O caso mais emblemático é o da Yield Guild Games, ou YGG, que se tornou a principal comunidade do jogo Axie Infinity, o mais popular dos jogos em blockchain que usam esse modelo de “play-to-earn” (ou “jogue para lucrar”). O grupo, criado nas Filipinas, recebeu aportes milionários, fez uma emissão do seu próprio criptoativo e conquistou adeptos no mundo todo.

Mas o modelo não é exclusivo da YGG, e vários outros grupos e até empresas especializadas em jogos em blockchain – e, em financiar a entrada de novos jogadores – começaram a pipocar pelo mundo. Tendo como mercado principal os países emergentes, já que são uma fonte de receita para os jogadores, o Brasil não poderia ficar de fora da festa dos jogos que unem criptomoedas, NFTs e videogame.

Um exemplo é a Genesys Gaming. “A Genesys Gaming foi criada para capacitar e desenvolver jogadores e ajudá-los a obter liberdade para ganhar dinheiro através da sua paixão: os games”, diz comunicado da empresa, comandada por brasileiros, compartilhado com a EXAME.

A Genesy Gaming pretende, como outros grupos e startups do gênero, resolver um dos maiores problemas relacionados aos jogos “play-to-earn”: o alto custo para começar a jogar. Como é necessário possuir NFTs para entrar no jogo, o custo de entrada por ficar na casa dos milhares de dólares, como no caso do Axie Infinity.

Esse pode ser considerado o “calcanhar de Aquiles” dos jogos em blockchain. Quanto mais rentáveis se tornam, mais se popularizam – e vice-versa. Junto a isso, porém, aumenta também a demanda pelos NFTs do jogo e, consequentemente, o seu preço. Assim, quanto mais rentável e popular o jogo, mais caro para começar a jogar.

Com apoio de grupos como a Genesys Gaming, os jogadores podem começar a jogar de graça – com a condição de dividirem o lucro que obtiverem na plataforma em questão. “Selecionamos os melhores NFT games da atualidade, realizamos todo o investimento necessário, recrutamos e treinamos os jogadores. Com isso, construímos um time de jogadores qualificados, que têm prazer em jogar e vasto domínio das estratégias”, diz a startup.

Com a popularização desse tipo de jogo, a empresa tem crescido de forma exponencial desde sua criação, em março. Hoje, pouco mais de oito meses depois, já são 1.700 membros, mais de 1.000 jogadores inscritos para o programa de financiamento e alguns milhares de dólares distribuídos.

“Os gamers não tinham opção de viver do que gostavam de fazer, com exceção de poucos que desenvolviam habilidade muito acima da média e acabavam em algum time de e-sports. A maioria esmagadora sempre teve que arrumar alguma fonte de renda e jogar apenas por diversão. Agora, a gente pode empoderar esses jogadores para que alcancem sua liberdade financeira e foquem exclusivamente no que gostam de fazer”, contou Heitor Miguel, cofundador da Genesys Gaming, à EXAME. “Os blockchain games não são o futuro dos games… são o presente”.

Muito além de Axie Infinity

O principal jogo “play-to-earn” do mundo é o Axie Infinity, mas ele está longe de ser o único. Várias outras plataformas já têm conquistado adeptos e lançado planos ambiciosos. Não por acaso, as comunidades de jogadores também buscam avançar sobre outros jogos – como a própria Genesys Gaming.

Neste contexto, um jogo anunciado há alguns meses, e que tem criado enorme expectativa em jogadores e entusiastas deste setor é o Star Atlas. Diferente de Axie Infinity, ele promete gráficos realistas e um metaverso próprio, ampliando as possibilidades dentro da plataforma.

Como no seu concorrente, Star Atlas também exigirá a compra de NFTs, possivelmente criando o mesmo tipo de barreira de entrada do Axie. Assim, empresas e grupos de financiamento de jogadores já começam a surgir, mesmo antes de ser lançado. E a maior delas é brasileira.

A Brazilian StarAtlas Alliance [BSA], criada pela startup DUX Games, já conta com 4,4 mil integrantes e já investiu 600 mil dólares em itens do jogo. “Os primeiros jogos em blockchain têm jogabilidade limitada, foram criados basicamente para investidores. O Star Atlas, além de ter uma equipe que entende muito de economia, está atraindo a comunidade gamer pela temática que mexe com o imaginário, pelos gráficos futurísticos e pela maior exploração das possibilidades do metaverso, que são inúmeras. Dentro da nossa guilda, atualmente temos cerca de 500 investidores e todos os outros são gamers”, comentou Lucas Albino, diretor da DUX.

O Star Atlas é um jogo de “Massively Multiplayer Online Role-Playing Game” (MMORPG) que se passa no ano de 2620. Nesse futuro distante há três grandes facções: a humanidade que governa o Território MUD, alienígenas que ocupam a Região ONI, e androides conscientes que controlam o Setor Ustur. Essas facções iniciam uma guerra por recursos, conquista territorial e dominação política. Ao escolher uma das facções e criar um personagem, o jogador se torna um cidadão de Star Atlas e entra nessa disputa.

A comunidade [BSA] da DUX Games faz parte da facção de humanos. Lucas explica a estratégia por trás da escolha: “No jogo, os pontos fortes da humanidade são a agilidade e o poder de ataque. Estamos criando um exército forte tanto para conquistar territórios quanto para proteger os jogadores ‘menores’, que terão naves mais simples. Com uma estrutura organizada e divisão de tarefas, vamos maximizar os ganhos de todo o time”.

Lucas destacou também que a complexidade do Star Atlas exige estudo para melhores rendimentos: “Há muita informação dispersa sobre o jogo. Dentro da comunidade, a DUX se responsabiliza pela pesquisa e centralização de informações para facilitar a aprendizagem dos jogadores, que recebem mentoria constante”.

Com a popularização dos jogos “play-to-earn”, esse modelo de negócios, que não apenas facilita a entrada no jogo, mas ensina e ajuda os jogadores, maximizando os lucros para ambas as partes, vai se tornando cada vez mais comum – e lucrativo.

Você pode gostar...