Socios.com é acusada de descumprir acordos de pagamento a conselheiros para não provocar desvalorização do token Chiliz

Emissora dos fan tokens de 55 potencias do futebol europeu e brasileiro, incluindo Flamengo, Atlético Mineiro e Palmeiras, foi acusada por agentes de não cumprir contratos que previam pagamentos em Chiliz, o token de utilidade da empresa.

A Socios.com, empresa líder do emergente setor de fan tokens esportivos, está sendo acusada por agentes e conselheiros contratados para promovê-la mundialmente de não ter honrado contratos que previam a remuneração por serviços prestados em Chiliz, o token de utilidade da plataforma.

A retenção dos valores devidos supostamente tinha como fim evitar a desvalorização do Chiliz (CHZ), caso os agentes fossem ao mercado para trocá-los por outros ativos digitais. As acusações vieram à tona em uma extensa reportagem publicada pelo site Off the Pitch na última sexta-feira, 11.

Atualmente, a Socios.com tem contratos com 55 potências do futebol mundial, incluindo diversos clubes brasileiros, para emissão de seus fan tokens oficiais. Paris Saint-Germain (França), Manchester City (Inglaterra), Barcelona (Espanha), Milan (Itália), Flamengo, Atlético Mineiro, Palmeiras, Corinthians e Internacional são apenas algumas das agremiações que lançaram fan tokens em parceira com a Socios.com. Estima-se que o novo modelo de negócios esportivo popularizado pela empresa tenha gerado US$ 200 milhões em receitas para os clubes desde que foi implantado há três anos.

Segundo a reportagem, o CEO da Socios.com, Alexandre Dreyfus, recrutou diversos líderes de empresas como Google, Facebook, PokerStars e Playtech, entre outras, para promover o novo negócio entre 2018 e 2019. Os contratos fechados previam remunerações polpudas. No entanto, os pagamentos seriam feitos através do Chiliz, o token de utilidade da plataforma da Socios.com, e não em moeda fiduciária. 

Um contrato a que a reportagem do Off the Pitch teve acesso revela que um dos agentes contratados deveria receber US$ 150.000 em Chiliz em quatro parcelas iguais, a serem pagas em um período de três meses. Deve-se ressaltar que o contrato em questão não fora assinado por Dreyfus em nome da Socios.com.

Agentes contratados pela empresa ouvidos pela reportagem afirmam ter recebido apenas parte dos valores devidos. Em uma troca de mensagens interna da companhia obtida pela reportagem do Off the Pitch, Dreyfus menciona a necessidade de proteger os investidores da empresa contra a desvalorização do Chiliz:

“Quando você dá tokens grátis, as pessoas podem vender a qualquer preço. Eles não se importam; então fazem o preço cair… e os investidores REAIS que compraram [o token] estão perdendo dinheiro por causa disso.”

A mensagem deixa subentendido que Dreyfus estava se recusando a pagar aos agentes os valores contratualmente acordados para não afetar negativamente o valor do CHZ no mercado à vista. Um representante da empresa ouvido pela reportagem não negou que esta tenha sido a motivação por trás da recusa do CEO, mas disse duvidar que um pequeno grupo de indivíduos fosse capaz de causar distorções no preço do Chiliz no mercado à vista:

“Dada a significativa capitalização de mercado do CHZ, a remuneração de consultores e funcionários com CHZ não seria responsável por impactar o movimento no preço [do ativo]. Assim como outras criptomoedas, qualquer alteração no preço do CHZ é predominantemente impulsionada pelas condições predominantes do mercado. Com uma oferta circulante de 6 bilhões de CHZ, qualquer remuneração para funcionários e conselheiros elegíveis tem impacto insignificante [no preço do CHZ], e isso ficou evidente com bastante clareza ao longo do tempo.”

Dreyfus reagiu à reportagem com uma postagem no Twitter em que afirma que as acusações feitas no texto seriam “espúrias”. A postagem remete a uma nota oficial em que a empresa menciona casos específicos envolvendo dois consultores coreanos contratados pela empresa que teriam deixado de receber o que lhes era devido.

Hoje, alegações espúrias foram feitas sobre mim e a Chiliz, algumas das quais já foram corrigidas. Mas, por uma questão de clareza, quero compartilhar os fatos e responder completamente.

— Alexandre Dreyfus (@alex_dreyfus)

A remuneração devida aos coreanos deveria ter sido paga em janeiro de 2020, de acordo com a nota da Chiliz. Na ocasião, o suprimento em circulação de CHZ era de 3,7 bilhões. Mais uma vez a empresa reafirma que os valores devidos aos consultores coreanos não teriam como exercer impacto sobre o preço do token no mercado à vista:

“Claramente, dada essa escala de oferta circulante, o pagamento em CHZ aos consultores coreanos não seria responsável por impulsionar qualquer movimento no preço. De fato, o número de CHZ concedido ao pequeno número de conselheiros em questão na época era de cerca de 0,4% do número total de CHZ em circulação.”

A nota termina afirmando que “o artigo também fez várias outras acusações contra a Chiliz que estão sendo analisados como uma questão prioritária. Tomaremos todas as medidas necessárias para demonstrar o rigor de nossas plataformas e corrigir relatos falsos.”

As acusações contra a Socios.com surgiram dias depois do anúncio de que a empresa fechou um acordo com a UEFA (União das Federações Europeias de Futebol) para o lançamento de fan tokens e NFTs de clubes envolvidos nas competições organizadas pela entidade, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil. 

LEIA MAIS

Você pode gostar...