Rispar reduz taxa de saques de Bitcoin para ‘provar que não enfrenta problemas de liquidez’

O CEO da Rispar, Rafael Izidoro, desafiou os clientes a sacarem seus Bitcoins da plataforma de empréstimo, garantindo que a empresa seria capaz de honrar seus compromissos.

O CEO da Rispar, Rafael Izidoro, publicou uma thread no Twitter na terça-feira, 24, desafiando os clientes da empresa a sacarem seus Bitcoins da plataforma para provar que a empresa de empréstimos cloateralizados em BTC não enfrenta problemas de liquidez e dispõe de reservas suficientes para honrar todos os seus compromissos.

Izidoro foi além e disse que reduziria por tempo limitado as taxas de saque de Bitcoin (BTC) da plataforma da Rispar de 0,25% para 0,15% por tempo limitado para comprovar suas afirmações.

No entanto, o CEO da Rispar não ofereceu maiores informações sobre o período do desconto nas taxas de saque. Também não há nenhuma menção sobre a redução das taxas na plataforma da empresa.

Izidoro escreveu ainda que a Rispar está desenvolvendo um sistema próprio de Prova-de-Reservas (PoR) que deverá estar ativo e operante a partir do começo do ano que vem.

As chamadas Provas de Reservas (PoR) são um mecanismo de aferição baseado em um dispositivo criptográfico que pode ser utilizado para que as exchanges e plataformas de negociação de criptomoedas atestem o estado de seus balanços financeiros bem como os ativos dos clientes que mantêm sob sua custódia.

Temores de contágio pós-falência da FTX chegam ao Brasil

A manifestação de Izidoro veio à tona na esteira dos temores sobre o possível contágio da falência da FTX sobre a indústria de criptomoedas. Ao contrário da exchange falida de Sam Bankman-Fried (SBF), Izidoro garantiu que “a Rispar NÃO faz yield das criptomoedas custodiadas na plataforma.”

No caso, ele se refere a operações capazes de gerar rendimentos a partir dos ativos depositados por clientes. Em geral, como o próprio Izidoro explicou nos comentários à postagem original, trata-se de operações em que “a sua criptomoeda é ‘emprestada a terceiros, que podem (ou não, como vimos este ano) honrar o pagamento da dívida.”

Segundo o executivo, as criptomoedas oferecidas pelos clientes como garantia para a tomada de empréstimos ficam armazenadas sob custódia da BitGo, uma empresa especializada na prestação deste tipo de serviço para instituições sediada na Califórnia (EUA).

 A postagem de Izidoro parece ter sido motivada por questionamentos de clientes que verificaram que os valores depositados em um determinado endereço haviam sido movidos. Como justificativa, Izidoro explicou:

“Sim, uma carteira bitcoin é composta por uma infinidade de endereços. Para realizar o saque, a BitGo utiliza técnicas de otimização de miner fee, para reduzir a quantidade de bytes na transação. Isso significa que uma fração, ou a totalidade, das criptomoedas no seu endereço, podem ter sido movidas, mas não significa que elas não estejam disponíveis na carteira. Lembre que o bitcoin é uma moeda fungível.”

Rispar

A Rispar é uma empresa regulada pelo Banco Central que aceita Bitcoin como garantia para emréstimos tomados em reais. Na prática, os usuários depositam uma determinada quantia em criptomoedas na plataforma da Rispar e podem tomar um empréstimo proporcional à garantia oferecida.

A Rispar faz parte do grupo QR Capital e a sua linha de crédito advém de fundos geridos pela QR Asset Management. O produto oferecido pela empresa é restrito ao crédito com garantia em criptomoedas. A Rispar não oferece rendimentos sobre Bitcoin ou outros criptoativos.

Em 11 de novembro, dia em que a FTX deu entrada ao pedido de falência de Capítulo 11 nos EUA, Izidoro já havia publicado uma thread no Twitter para garantir que a QR Capital não tinha qualquer exposição à FTX ou à Alameda Research, o fundo de hedge de criptomoedas fundado por SBF cujo vazamento do balanço patrimonial em 2 de novembro desencadeou a série de eventos que culminaram na quebra de ambas as empresas.

A afirmação de Izidoro foi confirmada por uma reportagem do Cointelegraph Brasil publicada em 18 de novembro.

Na thread, Izidoro declarou que existe umaa demanda por produtos que paguem juros sobre os Bitcoins depositados na plataforma da Rispar. No entanto, alegando que existem grandes riscos de contraparte em operações desta natureza, que inclusive resultaram em crises de liquidez e insolvência para diversas entidades da indústria ao longo de 2022, o executivo afirmou que a Rispar não tem planos de oferecer produtos desta natureza aos seus clientes.

“Nossa taxa de juros é uma das menores do Brasil, mas não será menor que a taxa básica do país (SELIC). Não existem milagres, se a taxa de juros de uma plataforma é tão baixa a ponto de não rentabilizar ao credor o mínimo de um título público, desconfie: a sua garantia está sendo utilizada para pagar a outra parte”, escreveu na conclusão da postagem de 11 de novembro.

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