Outubro vermelho: Cardano não aproveita alta do mercado e fecha outubro em queda – o que esperar daqui para frente

Em um mês extremamente positivo para o mercado, Cardano destoa e decepciona, amargando desvalorização de mais de 7%.

Outubro foi um mês extremamente positivo para as principais criptomoedas do mercado, exceto para a Cardano. O ADA fechou o mês em queda, amargando uma desvalorização de mais de 7%. Depois de perder o suporte na faixa de US$ 2,00 no dia 27, fechou o domingo em US$ 1,964.

O baque pode ser considerado ainda maior para os hodlers do token da rede de Charles Hoskinson considerando-se que em 2 de setembro o ADA atingira sua máxima histórica, de US$ 3,10, e dez dias depois a rede passou pela aguardada atualização Alonzo, que agora permite a implementação de contratos inteligentes na blockchain da Cardano.

Enquanto isso, entre os outros dez maiores criptativos por capitalização de mercado, Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH), Solana (SOL) e Shiba Inu (SHIB) renovaram suas máximas históricas. Polkadot (DOT) por pouco não chegou lá, embora tenha fechado o mês em ascensão. Nos últimos dias, o Dogecoin (DOGE) teve picos de alta e terminou o mês acima de onde o havia começado. E o XRP manteve-se em fase de acumulação.

Fora do top 10, porém mostrando força e correndo por fora, Terra (LUNA) e Fantom (FTM), duas blockchains de contratos inteligentes concorrentes diretas da Cardano, também registraram recordes históricos de preço em outubro. A primeira no início do mês e a segunda exatamente no dia seguinte ao que o ADA perdeu o suporte de US$ 2,00.

Completando a lista de concorrentes bem sucedidos, junta-se o protocolo de segunda camada Polygon (MATIC), que registrou um crescimento de 70% no fechamento de outubro. Como único consolo, a Avalanche caiu pouco mais de 3% nos últimos 30 dias, ainda assim um recuo pequeno diante das altas expressivas observadas em agosto (192%) e setembro (68%). Todos os dados são do CoinGecko.

Desempenho do ADA em comparação com as principais criptomoedas do mercado em outubro de 2021. Fonte: Trading View.

De acordo com o analista Diego Consimo, fundador da Crypto Investidor, o desempenho destoante do ADA em outubro não deve ser comparado ao de suas novas concorrentes, pois como a Cardano é um projeto mais antigo, ela responde aos movimentos do mercado de forma particular. Consimo destaca ainda que a Cardano está em vantagem quando comparada ao Bitcoin e ao Ethereum de um ano para cá: 

“A Cardano é uma criptomoeda de 2017 que vem se atualizando para competir com os projetos mais recentes, como Solana e Terra. Desse modo, seu movimento de fato fica diferente. Entretanto, temos que analisar a Cardano desde o início de outubro de 2020, que foi o mês em que se iniciou a alta do mercado de criptomoedas. Nesse cenário, o ADA já entregou 4.000% de alta, saindo de $0,075 para $3,10, enquanto o ETH entregou 1.300% e o BTC 550% durante o mesmo período.”

Fundamentos da rede

Antes de ouvir as opiniões de outros analistas sobre as perspectivas de curto prazo para o ADA, é valido observar alguns fundamentos da rede que colocam em xeque o investimento em Cardano.

A Cardano não tem Dapps em operação e o próprio Charles Hoskinson admitiu tal fato ainda no mês de agosto. Até agora, a situação se mantém inalterada.

Em uma live transmitida ao vivo no sábado, intitulada “Por que Cardano ainda não tem dApps?”, o embaixador da Cardano no Brasil, Marcus Vinicius, explicou que embora a estrutura on-chain da rede esteja pronta para rodar os aplicativos descentralizados, os componentes off-chain ainda não estão em operação. 

De acordo com Marcus Vinicius, o problema será solucionado até o final de 2021. No entanto, os primeiros Dapps entrarão em operação de forma reduzida – e não há previsão de quando de fato os aplicativos poderão rodar integralmente.

Outros protocolos de contratos inteligentes lançados depois da Cardano, como Solana e Avalanche, por exemplo, estão muito à frente da rede de Charles Hoskinson nesse sentido e já contam com diversos dApps funcionando normalmente.

Como consequência da ausência de dApps ativos, também há poucos tokens baseados na blockchain da Cardano disponíveis hoje. Observando a sessão do site da CoinGecko que organiza as criptomoedas por funcionalidade ou ecossistema, nota-se que não existe menção à Cardano.

Resumindo, o desenvolvimento da blockchain da Cardano é lento e quase sempre está em atraso em relação às promessas de Charles Hoskinson e ao roadmap do protocolo. A funcionalidade para implementação de contratos inteligentes é um bom exemplo disso.

Depois de muito tempo de espera, quando finalmente os contratos inteligentes foram habilitados o primeiro aplicativo que tentou usá-lo encerrou-se inesperedamente. Em comparação, a rede Ethereum, da qual Charles Hoskinson foi um dos fundadores, roda contratos inteligentes desde 2015.

Métricas da rede

Os dados on-chain disponíveis no site “Into the Block” confirmam que o sentimento do mercado em relação à Cardano no momento é negativo.

A correlação com o Bitcoin está em -0.59. Quanto mais próxima de -1 mais forte a correlação negativa, o que significa que o preço do Bitcoin e o do ADA  tendem a se mover em direções opostas. Ou seja, o ADA não está conseguindo aproveitar a tendência de alta do BTC, a qual geralmente tem um impacto positivo sobre o mercado. Uma correlação próxima de 1 implicaria uma forte correlação positiva entre o preço dos dois ativos enquanto uma correlação próxima de 0 indicaria quase nenhuma correlação.

Apenas 8% dos hodlers do ADA possuem o ativo há mais de um ano. A valorização de um token depende em grande parte da confiança dos investidores para mantê-los em suas carteiras em busca de valorização. O pequeno número de investidores de longo prazo é um claro sinal negativo do sentimento do mercado sobre a Cardano.

 A grande maioria dos detentores do token da Cardano – 76% – o comprou entre outubro do ano passado e setembro deste ano, possivelmente motivados pela forte alta do preço no período. Por fim, 16% adquiriram o ADA nos últimos 30 dias.

Das outras sete métricas disponíveis sobre a Cardano, quatro são negativas, três são neutras e nenhuma é positiva.

O número de transações de alto volume, acima de US$ 100.000, está em uma clara tendência de baixa, acumulando uma queda de 21,03% nos últimos sete dias. O número de detentores de ADA que estão no lucro apresentou uma pequena variação negativa nos últimos sete dias. E a relação entre o número de novos endereços e o número de endereços zerados também está negativa, com uma variação de -3,87% em uma semana. Esta métrica indica que tem mais dinheiro saindo do que entrando na rede.

Por fim, o sentimento nos mercados futuros encontra-se em -1, seu extremo negativo. Este indicador é calculado com base em um modelo variável que analisa as flutuações no volume de futuros e contratos em aberto com relação às mudanças no preço à vista do ativo.

Previsão dos analistas

Apesar dos fundamentos da rede e das métricas apontarem para a manutenção da tendência de baixa no curto prazo, Diego Consimo vislumbra uma nova pernada de alta para a Cardano até o final do ano, com alvo em US$ 5,00, conforme o gráfico abaixo. Caso se concretize, representaria uma valorização de 150% em relação ao preço atual do criptoativo.

Gráfico diário ADA/USDT com alvo em US$ 5,00 até o final do ano. Fonte: Crypto Investidor

Já o trader e analista Benjamin Cowen prefere não fazer uma previsão sobre quando o ADA poderá retestar e superar seu atual recorde histórico de preço, embora acredite que isso possa vir a acontecer no médio prazo.

Cowen vislumbra um período de acumulação até que o ecossistema da Cardano dê sinais de que está de fato ativo e operante. Enquanto isso não acontece, ele espera que o ADA mantenha-se acima de US$ 1,90, região que ele chama de “zona de suporte do mercado altista”. Caso o ADA consiga manter esse limite, daí, então, estará apto a voltar a romper a faixa entre US$ 2,25 e US$ 2,50 rumo a uma possível nova alta histórica.

O trader e analista não teme nem mesmo o pior cenário, com uma queda abaixo do suporte de US$ 1,90. Nesse caso, o período de acumulação seria apenas mais longo, mas eventualmente o ADA acabará registrando um novo recorde de preço, embora provavelmente apenas em 2022.

Analisando a situação do ADA no curto prazo, o analista do Cointelegraph, Rakesh Upadhyay, aponta que ambas as médias móveis estão caindo no momento e o RSI (Ínidice de Força Relativa) está na zona negativa, indicando que o caminho natural tende à queda.

Com o nível atual abaixo da EMA de 20 dias (US$ 2,12), os ursos tentarão novamente romper e fechar o par ADA/USDT abaixo do suporte de US$ 1,87 testado em 27 de outubro. Tal movimento pode sinalizar o início de uma correção mais profunda para US$ 1,58.

Esta visão negativa será invalidada se os touros segurarem e mantiverem o preço acima das médias móveis. O par ADA/USDT poderia então subir para US$ 2,47, retomando uma tendência de alta.

No momento em que este artigo está sendo finalizado o ADA está cotado a US$ 1,95, registrando uma baixa intradiária de 1,1%.

Gráfico diário ADA/USDT. Fonte: Trading View

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