Profissão cripto: Marketing digital com Bruna Grybogi
Além do desafio de criar soluções inovadoras para o mercado das criptomoedas, conseguir fazer um projeto ganhar notoriedade no meio é um trabalho igualmente árduo.
Por essa razão, os esforços das equipes de marketing ganham uma importância especial. Afinal, é tarefa deste setor fazer chegar à população o que de melhor as empresas tem a oferecer.
Para se aprofundar nos desafios da profissão de marketing no mundo das criptomoedas, o BeInCrypto conversa hoje com Bruna Grybogi, ex-diretora de marketing da BitPreço e recém-contratada da Binance no Brasil.
Formada em Publicidade e Propaganda pela PUC-PR em 2014, Bruna se especializou na área de marketing digital durante os anos em que trabalhou no mercado tradicional.
Em 2018 ela teve o seu primeiro contato com as criptomoedas de um jeito nada convencional, quando tentaram arrastá-la para uma pirâmide financeira.
Pesquisando o que afinal de contas era o bitcoin e se de fato as criptomoedas davam rendimentos exorbitantes, ela viu que a história não era bem essa. Ao se livrar de uma furada, Bruna acabou se encantando com o universo das criptomoedas e decidiu que era esse o espaço onde queria trabalhar.
A entrada no meio cripto
A primeira experiência que Bruna teve na área cripto foi sendo redatora de um portal de notícias sobre criptomoedas, vaga que ela encontrou por ocasião no YouTube, acompanhando o canal BitNada.
Ela trabalhou como redatora por dois anos, até que surgiu a oportunidade de voltar para a sua área original de marketing. Em agosto de 2020, chegou até Bruna através de um grupo do WhatsApp, um anúncio de vaga na BitPreço, um dos maiores marketplaces de criptomoedas do Brasil.
“Naquela hora, foi a chance de poder trabalhar com as duas coisas que eu gosto: marketing e criptomoedas. Meu problema com a publicidade era que eu não queria ficar falando de coisas que eu não acredito, mas com criptomoeda isso não acontece porque este é meu mundo.”
Nesta semana, Bruna Grybogi passou a fazer parte da equipe da Binance, a maior exchange de criptomoedas do mundo que agora avança em sua expansão no Brasil.
As redes sociais são essenciais para o marketing digital, porém para empresas de criptomoedas, o anúncio pago é proibido em muitos espaços importantes. Como você lida com essa barreira no trabalho?
É uma grande porta que se fecha. É claro que temos outras alternativas mas hoje em dia, quem quer trabalhar com marketing digital, acaba indo para anúncios no Google, Instagram, Facebook, lugares que não deixam as empresas cripto anunciarem.
Isso aconteceu porque em 2017, na época do boom do bitcoin, começaram a surgir muitos projetos fraudulentos. Por conta disso, as redes sociais e o Google decidiram bloquear anúncios do setor. O impacto disso extrapolou também para outros espaços. Anunciar em portais de finanças mais tradicionais ainda é um desafio.
As empresas em que trabalhei já levaram muito “não” no começo, mas agora as coisas estão melhorando e é nítido que está acontecendo uma abertura interessante no mercado.
Neste contexto, onde as empresas de criptomoedas encontram espaço para crescer?
A gente já fez pesquisas e o que mais funciona é o tráfego orgânico que geramos nas redes sociais, como o Instagram e o YouTube. O Instagram da BitPreço, por exemplo, cresceu muito rápido depois que a empresa começou a trazer um conteúdo mais interessante para os seguidores.
Se você produz um conteúdo bom e sabe com quem está falando, você consegue atrair muitas pessoas, principalmente neste momento de alta do bitcoin, quando muitos estão pesquisando sobre o assunto.
Outra fórmula que funciona muito bem no marketing são as parcerias com as pessoas certas, como youtubers. Além disso, é importante sempre fazer análise de dados. Por exemplo, anuncie num espaço e veja o quanto de resultado a campanha teve. Se for bom, continue. Se for ruim, já passe para outro. É importante testar e mudar constantemente para encontrar o que funciona.
Qual é a principal dificuldade que o marketing enfrenta hoje no setor das criptomoedas?
É preciso tomar muito cuidado nesta área para quando uma campanha seja feita, ela não prometa lucros. Quando fazemos alguma promoção, preferimos falar de crédito para usar na plataforma, porque o “ganhar dinheiro” soa estranho.
É importante se preocupar em falar de um jeito que não dê a entender, por exemplo, que a pessoa ficará rica investindo em bitcoin. É claro que teve muitos que ficaram, mas é um ativo como qualquer outro que tem seus riscos.
Então sempre prestamos atenção na forma como nos comunicamos, porque ainda hoje há muito desconhecimento entre aqueles que entram no mercado pela especulação.
Quais dicas você daria para os profissionais de marketing que estão agora tentando entrar no mercado das criptomoedas?
Eu diria para estudar muito. Na minha experiência própria, eu só consegui crescer nos cargos que ocupei porque eu me empenhei muito em estudar o setor. Hoje é até uma dificuldade encontrar pessoas que entendam de marketing específico para o mercado das criptomoedas.
Na BitPreço já abriram vagas para o setor de marketing que não foram fechadas porque o candidato não tinha conhecimento suficiente sobre o mercado, o que no nosso meio é algo essencial para conseguir se comunicar com o público.
Meu conselho é estudar bem o mercado, porque é uma área muito específica onde você não vai conseguir trabalhar bem se não entender de criptomoedas. E isso não é algo difícil, hoje tem muito conteúdo gratuito na internet, canais no youtube muito bons e didáticos que ensinam muita coisa.
Apesar disso, o meio cripto abre muitas portas para as pessoas qualificadas. Ter dedicação em entender esse universo com certeza vai trazer bons resultados.
Onde se deve ficar de olho para encontrar oportunidades na área cripto?
Eu recomendo tentar ficar perto do mercado de modo geral. Para mim, uma tática que funciona é saber os lugares que eu quero trabalhar, quem são os donos e adicioná-los no LinkedIn.
Se você acha que já está capacitado, pode mandar uma mensagem para as empresas onde quer trabalhar. Já até aconteceu de marcarmos uma entrevista na BitPreço com uma pessoa que nos contatou pelo Instagram falando que gostava muito de cripto e que gostaria de trabalhar na área.
Por isso é importante estar presente e se apresentar, caso se sinta seguro com o seu currículo. É uma boa ideia também criar o hábito de adicionar recrutadores, porque tanto eles podem ver seu perfil e se interessar como você pode descobrir novas vagas.
Infelizmente, as vagas de cripto acabam sendo divulgadas muito no próprio meio que se você não estiver inserido nele, pode acabar perdendo oportunidades.
Quais são as suas expectativas para o futuro do mercado cripto no Brasil?
O setor das criptomoedas está se abrindo muito no Brasil, mas estamos só no começo. Ainda estamos nesta fase de transformação da visão que as pessoas tinham sobre bitcoin no passado, que até então se resumia a fraudes financeiras.
Mesmo que esse preconceito não tenha ido completamente embora, dá para perceber que hoje em dia está surgindo um interesse maior de entender com profundidade a área.
Apareceram muitas pessoas novas investindo em criptomoeda, o que significa que o mercado com um todo está crescendo, mais iniciativas vêm surgindo e com isso, novas vagas são abertas.
Tem muita empresa grande também se adaptando e abrindo espaço para as criptomoedas, como por exemplo o banco Inter que recentemente trouxe investimentos em cripto para seus usuários. Então acaba que quanto mais o mercado cresce, mais oportunidades surgem. E com isso voltamos para aquela questão anterior, quando o mercado se abrir de verdade, ele vai querer pessoas qualificadas para contratar.
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