Passado o halving, é hora de comprar bitcoins? Saiba como investir

O megainvestidor Paul Tudor Jones escreveu na semana passada que o bitcoin é o novo ouro. “Se eu tivesse de apostar, apostaria em bitcoins”, disse o fundador e presidente da gestora Tudor Investment Corp., que tem fortuna estimada em 5 bilhões de dólares, sobre o ativo que pode valorizar caso ocorra uma alta inflacionária, em decorrência da impressão maciça de dólares nos Estados Unidos. Mas não são apenas os endinheirados que veem as criptomoedas como opção de investimento.

Especialistas ouvidos pela EXAME recomendam que os interessados de perfil mais conservador deveriam alocar até 1% de suas carteiras em moedas virtuais, enquanto os mais arrojados poderiam reservar algo em torno de 5% do portfólio para esses ativos. “A recomendação é comprar de pouquinho em pouquinho para conseguir um valor médio interessante. Agora, a quantidade depende do apetite à volatilidade”, afirma Safiri Felix, diretor executivo da Associação Brasileira de Criptomoedas. 

De fato, a oscilação é umas das características mais marcantes do ativo. De 30 de dezembro a 12 de fevereiro de 2020 — quando a moeda digital atingiu pico do ano, de 10.330 dólares —, o bitcoin acumulou alta de 40%. Só que não demorou muito e as notícias sobre a rápida disseminação do novo coronavírus levaram o ativo a atingir o patamar mais baixo do ano em 13 de março, em 4.542 dólares. De lá para cá, voltou a se valorizar e, nesta terça-feira, é negociado em 8.868 dólares.

O recuo de 56% entre o pico e o piso da cotação do bitcoin em 2020 se explica pela venda desenfreada de ativos. “É normal que durante crises de liquidez os ativos se comportem de maneira similar, mesmo que uns sejam considerados mais arrojados, como ações, e outros mais conservadores, como ouro. A busca era por caixa [dinheiro]”, explica Fabrício Tota, diretor da corretora Mercado Bitcoin. George Wachsmann, CIO e sócio-fundador da Vitreo, faz coro. “Isso aconteceu, porque não dá para pagar a entrega do supermercado com bitcoin. As pessoas precisavam de dinheiro.

O cenário menos incerto fez com que o criptoativo voltasse a valorizar. A alta de 95% também está relacionada à antecipação ao halving, evento que ocorreu ontem. De quatro em quatro anos, em média, quando o halving acontece, a rentabilidade da mineração de bitcoins cai pela metade, fazendo com que o incentivo à produção de novas moedas virtuais seja menor. Na teoria, essa escassez tende a elevar o valor do ativo. “O bitcoin responde a uma agenda própria que se descola do cenário macroeconômico. Por isso, é visto como um ativo descorrelacionado a outros e, portanto, tende a ser uma reserva de valor”, explica Samir Kerbage, sócio e diretor de tecnologia da Hashdex.

Sobe e desce das cotações

Como investir em bitcoin?

Existem duas formas de investir nos criptoativos: por meio de corretoras ou de fundos de investimento. No primeiro caso, basta o investidor abrir uma conta em uma corretora, também chamada de exchange, como Mercado Bitcoin. São solicitados dados como nome, e-mail e CPF. Em seguida, precisa fazer uma transferência do seu banco de preferência para a conta da corretora, tal qual acontece quando se investe em ações. O valor mínimo das transações é de 50 reais. Aí é só escolher o valor em reais que gostaria de converter para bitcoins.

“É importante olhar como um investimento de longo prazo, e o primeiro passo é estudar e entender o que é um bitcoin. A trajetória pode ser um pouco amarga ou doce no curto prazo, por isso o que conta é o longo prazo. Salvo as pessoas que compraram os criptoativos em dezembro de 2017, quando o bitcoin alcançou quase 20.000 dólares — maior valor da história —, as demais costumam ter rentabilidade positiva”, diz Tota.

Já no caso dos fundos, há alguns que têm bitcoins em suas carteiras. É o caso da Vitreo — que lançou seu fundo para varejo no início de março — e a Hashdex que oferece esse tipo de investimento desde 2018. A Hashdex tem três fundos voltados para três tipos de investidor — varejo, qualificado (que tem pel menos 1 milhão de reais em investimentos ou possui alguma certificação de mercado de capitais reconhecida pela Comissão de Valores Mobiliários) e profissional, que tem pelo menos 10 milhões de reais em investimentos. A diferença entre eles é que, para o primeiro público, a exposição total a criptoativos é de 20% — e o tíquete mínimo é de 500 reais —, enquanto o segundo é de 40% e o último é de até 100%. “Os três têm taxa de administração de 1%”, afirma Kerbage.

A diferença é que, no fundo da Vitreo para investidores qualificados, a exposição às moedas virtuais pode chegar a 100%, já a carteira de varejo se limita a 20%. O investimento mínimo é de 5.000 reais, e a taxa é de 1,5%. Também tem taxa de performance. “Diferentemente do ouro que está na nossa cultura e religião há milênios, ainda precisamos vencer o desconhecimento sobre o bitcoin, que não é algo tangível, não brilha, não põe no anel.”

Segundo Felix, investidores institucionais e fundos hedge têm entrado nesse mercado, o que deve aumentar a liquidez. “É bom lembrar que no Brasil há conversão de dólar para reais, daí estou confiante que bitcoin será o investimento da década.”

 

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