“Pare de comer McDonald’s e compre Bitcoin”, diz criador da BRZ
Na primeira entrevista à imprensa, o CSO da Transfero, Márlyson Siva fala sobre o Transfero Academy, projeto que tem como principal objetivo transformar vidas com criptoativos e conta que tem o sonho de ser um empresário desde os nove anos.
O carioca decidido é o responsável por desenvolver o primeiro gateway de pagamento no Brasil para aceitar criptomoedas e gerenciar um projeto para fazer um POS para aceitar Bitcoin como forma de pagamento. Ele ouviu falar do Bitcoin em 2009, mas só foi em 2015 que realmente começou a perceber o potencial infinito das criptomoedas.
Tanto é que a BRZ, uma stablecoin pareada em Real criada pela Transfero em 2019, já se consolidou como a stablecoin mais relevante da América Latina e a maior do mercado não atrelado ao dólar.
Desde seu lançamento, foram realizadas mais de 446.000 transações com um volume de compra e venda de R$ 7,4 bilhões. A stablecoin BRZ também bateu um recorde acumulando R$ 5,7 bilhões em transações no Brasil somente em 2021.
Ele conta que a Transfero “nasceu no Rio de Janeiro e começou com o gateway de pagamento tradicional BitOne, que recebia crédito, débito, boleto”. “Nós adicionamos Bitcoin, isso de 2015 para 2016. Em 2016, nós ganhamos um programa de inovação do Bradesco, conversamos com o Banco Central, com outras instituições financeiras”, acrescenta.
A partir de algumas experiências vividas, trocadas com gigantes do mercado acionário tradicional, conversas com players de mercado, Banco Central sobre regulamentação, funcionamento de operações e a união de experts. Siva detalha parte do processo.
“Como uma das nossas ferramentas era fazer a transferência de valores entre Brasil, Europa e Ásia, nós comprávamos pelo sistema criptomoedas aqui no Brasil e vendíamos na outra ponta, mas aí o BC falou : não faça as duas pernas, ou você compra ou você vende e busque um regulador para poder amparar legalmente tudo e traz.”’
Em busca de um local com regulamentação amiga cripto, não demorou muito para a Transfero escolher a região de Zug, agora conhecida como Crypto Valley suíço. Em 2017, a empresa ganhou um prêmio em Copenhagen como uma das três fintechs mais inovadoras, incentivando ainda mais o processo de abertura da sede no país da Europa central.
“Depois de um contato do nosso presidente – o Thiago César – com parlamentares da cidade europeia e conversas com o governo, começou nossa história na Suíça. Incorporamos a Transfero Swiss, que comprou a operação no Brasil e aí a BitOne se transformou em Transfero. Então por isso temos a sede na Suíça, mas a empresa nasceu aqui no Brasil”.
Trajetória até a fundação
Márlyson conta que, antes da Tranfero, trabalhava com software e consultoria. Com a experiência conquistadas desenvolvendo softwares, decidiu fundar a nova empresa
“Em 2012, entrei para a Maxi Pago, um gateway de pagamentos, uma solução americana e a minha proposta era tropicalizar o sistema para o mercado latino-americano. Em dois anos de trabalho nós conseguimos fechar essa tropicalização e aí o grupo Rede do Itaú comprou a Max Pago”.
À época, diz, precisava se mudar para São Paulo, mas não pôde devido a uma questão familiar. Precisou pedir para ser demitido e investiu todo o dinheiro na empresa que ele tinha o sonho de criar aos 16 anos.
“No segundo semestre de 2015 eu e um amigo desenvolvedor criamos um gateway de pagamentos e decidimos colocar o Bitcoin com a cereja do bolo desse gateway. Após conhecer algumas pessoas que hoje são meus sócios, começamos a empreitada”.
“Nós tínhamos um produto que recebia crédito, débito, boleto e Bitcoin. Criamos uma solução de transferência Internacional utilizando criptomoedas. Também tínhamos um cartão recarregado, não é pré-pago e sim recarregado com criptomoedas.”
O projeto acima é apenas um dos tantos que ele desenvolve, participa e cria.
“Com o Bitcoin aprendemos a arbitrar, criamos o balcão OTC, ou seja, conseguimos comprar e vender em grande volume para algumas empresas e pessoas físicas. Ficamos bons em arbitragens e criar carteiras administradas com criptomoedas e portfólios diferentes”.
Desde 2017, a Transfero tem sido bem-sucedida e os dados divulgados demonstram isso e segundo Marlyson “chegar no BRZ foi uma conclusão de todas as operações e experiências dos envolvidos no time.
O CSO explica que tudo gira em torno do real brasileiro. “Nossos clientes são brasileiros, eu comprava criptomoeda em exchange internacionais e o que eu não tinha era um veículo ágil para executar essa compra, então levamos um ano para fazer esse planejamento acontecer. E no começo de 2019 nasceu a BRZ já com presença internacional.
- A que atribui esse sucesso da BRZ?
O Brasil tem uma dificuldade muito grande de internacionalizar o real e o BRZ quebra essa barreira, então quando a gente fala do mercado de cripto, a quantidade de usuários de exchanges de criptomoedas são maiores do que a própria B3 que está há muito mais tempo no mercado. Os jovens falam de Bitcoin, criptomoedas. É um assunto que está em alta.
Onde o BRZ está tem um monte de usuários querendo acessar o mercado brasileiro assim como o mercado brasileiro que acessar o mercado internacional. Hoje você consegue comprar ações de empresas em exchanges internacionais, então o BRZ é um veículo que facilita no processo, uma vez que é possível executar direto na carteira.
- Como você vê a dificuldade da interface da web3, que não é tão intuitiva. Acha que pode inibir a entrada de novos usuários?
Tem muito que melhorar, mas hoje já está bem melhor do que antes. E quanto mais gente entra e mais empresas dentro, o mercado vai se ajustando para as necessidades de quem faz parte. Há três anos os usuários de Bitcoin utilizavam um console para poder fazer a transação e estava tudo tranquilo. Hoje, meu pai que tem 60 anos de idade já tem parte do patrimônio investido em criptomoeda, então já está mais simples e a tendência é o aprimoramento.
Recentemente a Transfero, lançou a plataforma cripto.transfero.com que é muito mais simplificada do que exchanges, só para comprar e vender, como um balcão OTC simplificado para o mercado B2C. Então, se você entrar lá, você tem três ações, ou você deposita, ou saca ou converte. Está intuitivo comparado com as exchanges. A gente já tinha identificado essa necessidade. Hoje também estamos de olho no mercado B2C.
- Como você vê a relação do mercado cripto com o mercado acionário tradicional?
Eu acho que esse relacionamento, essa correlação vai perdurar durante um bom tempo. Nem todo mundo vai entender isso nesse momento. Por exemplo hoje você vê um adolescente indiano que ficou milionário vendendo NFT.
Vemos assim a necessidade de alguns sendo suprida pela tecnologia no Blockchain. E nós temos a necessidade básica de todos os outros que ainda estão no mundo centralizado, então esse Co relacionamento vai perdurar por um tempo.
- Como vê os preços das criptomoedas a médio-longo prazo ?
Quando comecei a Tranfero na minha casa eu não imagina que o Bitcoin, as criptomoedas chegariam a esse patamar. Cheguei a desprezar o Bitcoin em 2009 e em 2015 retomei o tema das criptomoedas e o mercado já estava gigante comparado com 2009/2010.
A curto prazo o mercado ainda vai se ajustar, pode cair muito, pode subir muito. Se eu tivesse que dar dica de investimento mesmo sem ser economista, eu diria: compre alguma coisa em Bitcoin, pare de comer McDonald e vá comprar BTC.
A cada R$ 50 ou R$ 100 que você gasta com coisas que não precisa, você deveria estar está alocando em cripto porque a probabilidade de isso multiplicar por 10, 100, 1.000 é muito maior do que você apostar em uma gigante como Apple por exemplo.
No médio e longo prazo, eu vejo que ainda estamos desenhando soluções para o momento atual. Então, no médio prazo, aí eu vou colocar entre 2 e 5 anos, muitas dessas soluções que hoje nós achamos muito complexas na web 3 serão sanadas, então usar a web 3 vai ser como usar o celular, o Android ou o iPhone.
A gente ainda não sabe quem vai explodir, quem vai acertar e quem criará a solução que vai facilitar a vida de todo mundo. Está todo mundo trabalhando.
A longo prazo, eu vejo que em algum momento essa volatilidade toda do mercado vai dar uma reduzida. Eu não, sou economista, mas eu vejo que há oportunidade de muita coisa acontecer.
- Como surgiu a Transfero Academy?
Olhando para o social, eu acho que os criptoativos são o único veículo atualmente que pode tirar mesmo qualquer um da miséria, da pobreza e colocar na classe média. Acho que não tem outro caminho. Acredito que como o Academy está tentando mostrar, é possível com tempo, esforço e recurso premiar alguém o colocando em outro posicionamento na sociedade que ele nunca chegaria por si só.
Há cinco anos eu não imaginaria poder comprar 30 computadores, dar uma bolsa de R$1.000 e um cartão de benefício de R$ 1.000. Se alguém tiver alguma necessidade como o inglês, vamos pagar um curso de inglês. Vamos investir em pessoas que não teriam acesso. Sabemos o quanto as coisas são difíceis em nosso país e as criptomoedas são uma das únicas opções que podem mudar essa realidade.
Crypto Rio e BRZ devem firmar parceria cripto
Após anunciar a primeira criptomoeda oficial de uma cidade brasileira em janeiro, a Prefeitura do Rio de Janeiro deu o primeiro passo para virar um hub nacional no mercado dos criptoativos e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação da Prefeitura do Rio de Janeiro, Chicão Bulhões já confirmou uma parceria com entre a BRZ e a Crypto Rio.
Com objetivo de criar iniciativas que impulsionem a economia da cidade através de tecnologias do universo cripto, como o blockchain, o grupo de trabalho da Crypto Rio é coordenado pela Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação. O grupo já está estudando maneiras de estimular o uso das moedas digitais por meio de descontos ao contribuinte, como o pagamento do IPTU, por exemplo.
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