Os 4 motivos de alta do Bitcoin

Notícias do Bitcoin Brasil

Falar que a alta do Bitcoin, que trouxe a criptomoeda mais para perto dos R$30.000, tem apenas 4 motivos seria um exagero. Contudo, esses 4 fatores resumem bem o sentimento otimista que tomou conta do mercado nos últimos dias, e representam muito do que levou a essa recuperação no nível de preços.

Motivo 1 da alta do Bitcoin: Fundos de investimento

Duas grandes notícias de fundos vieram à tona nesse período. Na primeira delas, o CEO do Avenue Capital Group, Marc Lasry, afirmou seu interesse em criptomoedas. Além disso, destacou que 1% de seu patrimônio bilionário será destinado a elas. Somente isso seriam mais de US$17 milhões entrando no mercado, mas a verdadeira animação foi pelo que representa essa declaração para o fundo. Sendo um dos maiores dos Estados Unidos, com mais de US$14 bilhões em ativos sob gestão, sua entrada no mundo das criptomoedas poderia reforçar a alta do Bitcoin.

Contudo, isso não se compara à principal notícia do período. A Blackrock, que conta com mais de US$6 trilhões em ativos sob gestão, anunciou interesse no mercado cripto. Para termos uma noção de escala, o valor total de todas as criptomoedas em 23 de julho de 2018 é de pouco menos de US$300 bilhões. O valor de 1% dos ativos da Blackrock é de US$60 bilhões, ou 20% do valor total de todas as criptomoedas. A mera expectativa de entrada de um gigante como esse já pode ter sido suficiente para agitar o mercado, e a entrada de fato poderia levar a uma nova alta do Bitcoin.

É verdade que não é a primeira vez que rumores de entrada de investidores institucionais abala os mercados. A perspectiva de entrada desses gigantes foi também uma das responsáveis pela alta sem precedentes do final de 2017. Contudo, vários dos problemas que existiam há alguns meses começam a ser solucionados, como veremos nesse tópico a seguir.

Motivo 2 da alta do Bitcoin: Um ETF de Bitcoins pode ser aprovado

Os investidores institucionais citados acima precisam de instrumentos para investir na criptomoeda. Um dos principais é seria o ETF (Exchange-Traded Fund). ETFs compram determinado ativo, e permitem que os investidores sigam a sua variação de preço. São muito bons para oferecer liquidez aos investimentos.

Por exemplo, um investidor pode estar interessado em determinado investimento que exige prazo mínimo de um ano. Um ETF permitiria que esse investidor ganhasse os mesmos retornos, mas tendo a possibilidade de vender sua participação. Ele comprou uma participação no ETF, que por sua vez assumiu uma posição no investimento. A pessoa final não possui participação direta, e sim indireta.

O fato de permitir participação indireta é interessante para os investidores institucionais. Como é o ETF que compra o Bitcoin, investidores não precisam mais e preocupar com a segurança de seus fundos, ou com a perda de senhas e chaves privadas. Há anos diversas entidades tentam que um ETF de criptomoedas seja aprovado, mas o órgão regulador, a SEC, sempre negou.

Só que dessa vez a aprovação pode estar mais próxima da realidade. Quem fez o pedido foi a CBOE, a Bolsa de Chicago, que jé negocia contratos futuros de Bitcoin. A SEC tinha duas grandes preocupações – proteção aos pequenos investidores e segurança do investimento. A CBOE resolveu o primeiro colocando um limite altíssimo de investimento mínimo, de 25 BTC. O segundo foi resolvido com um seguro – os investidores estão protegidos por roubo até o limite individual de US$100 milhões. Como nenhum outro fundo ofereceu esse nível de segurança, esse é o que tem maiores chances de aprovação no momento.

É bom destacar que os ETFs são melhores para o mercado do que os contratos futuros. Não é preciso deter Bitcoin para ter posições em contratos futuros. Ou seja, o volume dos derivativos não afeta o volume negociado de Bitcoins no mundo. Os ETFs obrigatoriamente terão que comprar o Bitcoin, o que vai aumentar a demanda e, por consequência, o preço.

Motivo 3 da alta do Bitcoin: Novas moedas na Coinbase

A Coinbase é uma das maiores corretoras do mundo, e possui um dos mais rigorosos critérios de listagem de todas. Apesar de estarem na oitava posição de volume mundial, com quase US$ 200 milhões nas últimas 24 horas, possuem apenas 4 criptomoedas listadas: Bitcoin, Bitcoin Cash, Litecoin e Ethereum.

Recentemente, uma publicação da companhia anunciou interesse em listar Cardano (ADA), Stellar (XLM), Basic Attention Token (BAT), 0x (ZRX) e ZCash (ZEC). Isso na prática mais que dobraria o número de moedas oferecidas na plataforma, e poderia significar um aumento considerável em seu volume não só dessas como de outras criptomoedas.

Além disso, o fato de a Coinbase considerar essas criptomoedas é visto quase como uma chancela de qualidade por muitos no mundo das criptomoedas. Houve sugestões de manipulação de mercado pelo anúncio da Coinbase, que falou na “exploração” desses ativos. A Kraken, nona maior corretora do mundo, inclusive ironizou a publicação, dizendo que estava explorando a adição de 1600 novos tokens.

A explicação mais simples é uma tentativa de minimizar o chamado “Efeito Coinbase”. A última moeda que listaram foi o Bitcoin Cash, e houve grande confusão. Antes mesmo de algum anúncio oficial, alguns programadores descobriram pelo código fonte da plataforma que eles estavam considerando adicionar BCH, e o rumor levou a uma enorme demanda pela moeda. Quando houve confirmação da nova cripto, o preço subiu ainda mais. Para evitar confusões como essas, a Coinbase decidiu mudar de abordagem.

Motivo 4 da alta do Bitcoin: Análise técnica

Logo antes dessa alta, uma padrão “Inverse Head and Shoulders” estava se formando. Trata-se de um formato clássico na análise de gráficos, que pode sugerir uma grande movimentação para cima. A resistência de preço estava a US$6800, e uma vez que esse limite foi superado, diversas ordens de compra foram executadas.

Além disso, muitas pessoas apostavam na queda do Bitcoin. US$180 milhões em posições vendidas foram liquidadas em corretoras que permitem esse tipo de operação. Luiz Calado, economista-chefe do Mercado Bitcoin, disse que “muitas pessoas já estavam negociando a venda do Bitcoin e poderiam perder caso o valor subisse. Algumas pessoas identificaram esse movimento desproporcional de pessoas apostando em uma mesma direção, e viram isso como uma oportunidade de investimento”.

Conclusão

As boas notícias foram um dos principais motivos para a subida da criptomoeda. O fato de um gigante como a Blackrock, com mais de US$6 trilhões sobre gestão, considerar seu interesse no mercado animou muita gente. Além disso, uma perspectiva real de aprovação de um ETF também ajudou. Isso pode representar a tão aguardada entrada dos investidores institucionais no mercado. A análise gráfica apenas reforçou esses movimentos, já que quem opera com base em índices grafistas viu oportunidade para se aproveitar dessa alta, reforçando a tendência.

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Marco Antongiovanni é Analista de Mercado de Criptomoedas no Mercado Bitcoin. Formado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas e cursando Direito na USP. Entusiasta das criptomoedas e hodler desde 2014.

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