Relatório final da ‘Operação Kryptos’ lança alerta sobre facilidades para lavagem de dinheiro e evasão de divisas proporcionadas por cold wallets

O relatório da Polícia Federal alerta que o portador de uma carteira fria de criptomoedas se torna uma “instituição financeira ambulante”.

Durante a “Operação Kryptos”, que resultou na prisão de Glaidson do Santos, o “Faraó dos Bitcoins”, a Polícia Federal teria descoberto as carteiras frias de criptoativos, também conhecidas como cold wallets ou hardware wallets, e entrou em estado de alerta pela capacidade que estes pequenos dispositivos eletrônico de armazenamento de dados teriam para facilitar a lavagem de dinheiro e a evasão de divisas, informou a coluna de Lauro Jardim na edição de domingo do jornal O Globo.

Deflagrada em agosto, a Operação Kryptos desvendou e desarticulou o esquema de pirâmide financeira baseado em investimentos em Bitcoin montado por Glaidson dos Santos e associados sob a fachada da GAS Consultoria Bitcoin. 

Glaidson Acácio dos Santos foi preso em 25 de agosto em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, quando foram encontrados aproximadamente R$ 150 milhões em criptomoedas, configurando a maior apreensão de ativos digitais da história do Brasil. O relatório final da operação registra que um dos alvos da Polícia Federal na ocasião carregava no bolso “uma espécie de pen drive cheio de criptomoedas.”

O relatório afirma que portadores de cold wallets se tornam uma “instituição financeira ambulante”, capaz de carregar consigo uma “quantidade irrestrita de criptoativos”. A reportagem assume que de posse de uma cold wallet qualquer um pode viajar pelo mundo e em qualquer destino bastaria plugar o dispositivo em um caixa eletrônico para trocar as criptomoedas armazenados no dispositivo por moeda local sem deixar rastros.

No entanto, há várias inconsistências nesta afirmação e as cold wallets não são uma arma assim tão poderosa para perpetração de crimes financeiros.

O que são cold wallets

Na verdade, as carteiras físicas de criptomoedas não armazenam ativos digitais no próprio dispositivo. Elas servem para facilitar o manuseio das chaves criptográficas que controlam as entradas e saídas de ativos digitais de determinados endereços sem necessidade de conexão com a internet. São justamente chamadas de carteiras frias por conta desta característica, o que as torna mais segura contra ataques maliciosos.

No entanto, tal qualidade não impede que os criptoativos movimentados através delas sejam rastreados, pois todas as operações de compra e venda ficam registradas na blockchain.  Portanto, são passíveis de ser atreladas aos endereços envolvidos em uma determinada transação mesmo quando vinculados a cold wallets.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil, ao contrário do que diz o senso comum, a rastreabilidade dos criptoativos se configura como uma arma de combate a crimes financeiros e cibernéticos.

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