MP anuncia investigação da Braiscompany: R$ 30 milhões teriam saído da carteira da empresa na Binance nos últimos dias
Acusada de calote pelo humorista Lucas Veloso, empresa é suspeita de interromper pagamento de rendimentos aos clientes e deverá ser alvo de enxurrada de ações.
O Ministério Público da Paraíba (MPPB) anunciou esta semana que abriu um procedimento investigativo no último dia 26 de janeiro para apurar as denúncias envolvendo supostos atrasos no pagamento de rendimentos mensais prometidos a clientes, entre 8% a 10% sobre o valor aportado em criptomoedas, por parte da plataforma de investimento Braiscompany, sediada em Campina Grande (PB).
De acordo com o diretor regional do MP-Procon de Campina Grande, Sócrates Agra, o MPPB tentou resolver o impasse por via extrajudicial, no caso uma audiência de conciliação na última quinta-feira (2), quando, segundo o promotor, o representante da Braiscompany não compareceu. Ele disse ainda que a empresa apresentou uma “defesa evasiva.”
O imbróglio envolvendo a Braiscompany começou em dezembro, quando começaram os atrasos, ocasião em que o CEO e fundador da empresa, Antônio Neto, que foi representante da FTX no Brasil, alegou que a exchange de criptomoedas Binance havia suspendido as operações da Braiscompany por causa de problemas com outra empresa brasileira, mas que o atraso nos saques seria solucionado em 72 horas. Entretanto, os transtornos acabaram piorando com a interrupção dos créditos, de acordo com os relatos.
Segundo uma publicação desta terça-feira (7) do jornal Extra, Antônio Neto deverá ser alvo de uma enxurrada de ações, já que, segundo alguns advogados especializados, o Modus operandi utilizado pelo trader é semelhante ao de um esquema Ponzi (pirâmide financeira) disfarçado de investimentos em criptomoedas.
Ainda de acordo com a reportagem, a advogada Larissa Gatto, que representa 22 clientes, informou que a carteira da Braiscompany na Binance está zerada e que, nos últimos 35 dias, foram sacados R$ 30 milhões em Bitcoin (BTC). Segundo ela, de 2018, quando a conta foi aberta, até o dia 19 de janeiro, data da última movimentação, R$ 870 milhões haviam passado pela carteira da empresa de Antônio Neto na Binance.
O advogado Artêmio Picanço, representante de 30 clientes que aportaram um montante de R$ 10 milhões, disse que, ao pesquisar a filial da Braiscompany em Londres, descobriu que os documentos da empresa eram fraudados e que, na prática, ela não existe na capital inglesa. O Extra afirmou que tentou contato com Antônio Neto, mas que não obteve resposta – este espaço também fica à disposição de Antônio e da Braiscompany, caso queiram se pronunciar.
Os atrasos da Braiscompany ganharam repercussão no começo de janeiro, quando o humorista Lucas Veloso, filho do comediante Shaolin, usou as redes sociais para acusar a Brasicompany de calote, apesar de não ter mencionado diretamente o nome da empresa. Isso porque Veloso teria sido procurado por Antônio Neto em 2020, durante a pandemia, para participar de propagandas patrocinadas da Braiscompany em troca de patrocínio de um filme de Lucas, o que não teria acontecido, embora a informação tenha sido negada pela Braiscompany.
Em dezembro de 2020 o site da Braiscompany chegou a sair do ar após uma denúncia da Record News de que as operações da empresa eram de uma pirâmide financeira. No ano seguinte, a Braiscompany foi alvo de um alerta da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBINA) pelo uso indevido da marca da associação, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.
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