Mineradores que saem da China buscam América do Sul para continuação da mineração de Bitcoin
Após o banimento da atividade de mineração da China, grandes grupos do setor estão procurando países para sediar suas operações e a América do Sul está no radar desses grupos.
Alguns grupos bem organizados do setor de mineração estão mirando seus planos de novas plantas de mineração na América do Sul, segundo o jornalista Colin Wu, que assina a newsletter WuBlockchain.
Wu entrevistou dois grandes grupos investidores, Longwin Crypto e River Wang, que possuem investimentos no ramo imobiliário nos EUA e que investem em plantas de mineração desde 2014, nas cidades de Yunnan, Sichuan e Xinjiang. Estes investidores estão de saída da China, desde que a regulação sobre o setor se tornou leonina e o consequente banimento dos mineradores foi decretado pelo governo central.
Ambos os investidores representam grupos que estão buscando novas praças para a instalação de suas máquinas de mineração. Ao contrário de alguns grupos que estão migrando para o Cazaquistão, Rússia e norte da Europa, estes investidores preferem considerar praças mais tranquilas politicamente, ao contrário do Cazaquistão e Rússia que possuem governos ditatoriais que se assemelham ao governo central chinês.
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A América Latina apesar da sua falta de infraestrutura, que não se assemelha à encontrada por esses investidores em solo chinês, possui energia barata na região da tríplice fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina). Contudo, esses grupos não estão considerando iniciar nenhuma operação em solo brasileiro, devido ao custo da energia diretamente. As opções consideradas por eles estão entre Paraguai e Argentina.
O Paraguai já se consolidou como polo de mineração na América Latina, há algum tempo, devido ao seu custo energético, algo em torno de US$ 0.20 o quilowatt consumido. Enquanto no Brasil o custo médio é de US$ 0.50. Outro ponto que os atraiu para América Latina e não os EUA, especialmente o estado do Texas que tem se mostrado aberto a receber essas plantas de mineração, são questões relacionadas com a taxação das atividades de mineração e o fato de que as tarifas alfandegárias para produtos de segunda mão, tornam o estabelecimento dessas plantas de mineração que estão de saída da China para os EUA inviáveis. Eles precisam de pelo menos 5 anos de operação sem sobressaltos para pagar o investimento.
As plantas de mineração locais na América do Sul são relativamente pequenas comparadas com as da China. As chinesa em sua maioria operam com centenas de máquinas e as plantas maiores chegavam a ter milhares de máquinas.
A cobrança de eletricidade nas três cidades citadas é baseada no preço de custo, cerca de 25 centavos a 30 centavos de dólar, e os governos locais também ficavam com uma pequena taxa sobre a custódia dos criptoativos em poder das mineradoras. De acordo com o preço atual da moeda, a tarifa de eletricidade mais a taxa de custódia é de cerca de 60 centavos, ou seja, minerar na China era mesmo um negócio da China e para esses grandes grupos, encontrar uma outra praça que seja minimamente amigável é questão urgente.
Além disso, devido à pequena escala geral, a maioria dos fabricantes de máquinas de mineração não tem um centro de manutenção local, portanto, a manutenção das máquinas também é um problema.
O ventilador de potência pode ser fornecido sozinho. Se os componentes principais estiverem quebrados, eles só podem ser enviados de volta para a China. Estima-se que levará de 1 a 2 meses para consertá-los. Em contraste com a América do Sul, a cadeia industrial geral da Ásia Central, Rússia e América do Norte é melhor que a encontrada por aqui no Sul do continente.
Devido ao baixo custo da eletricidade e à facilidade com a criptomoeda, muitas indústrias de mineração da América do Norte gradualmente construíram grandes plantas na América do Sul. Por exemplo, a Bitfarms construiu uma mina em uma ilha polar perto da Antártica na região da Patagônia, na Argentina. A temperatura local é baixa e o terreno é vasto. O uso do gás natural é outro ponto a favor das operações na Argentina, visto que a exigência por uma operação de mineração mais limpa se tornou mandatória para o mercado de criptomineração.
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