Não se engane, primeiro ETF de Bitcoin nos EUA foi um fracasso, mas o BTC não vai cair além destes 20%, diz analista
Analistas destacam que o primeiro ETF de Bitcoin dos EUA se revelou um fracasso depois de 2 meses desde o seu lançamento e que isso também pode estar puxando o preço do Bitcoin para baixo
Os investidores do mercado de criptomoedas começaram o ano apreensivos pois enquanto esperavam uma nova ascensão no preço do Bitcoin (BTC) o que de fato ocorreu foi uma queda brusca de mais de 10% somente em 2022 e quase 20% desde a segunda quinzena de dezembro.
Diante disso, diversos analistas voltaram seus olhos para os gráficos e para dados on-chain em busca de entender o que levou a maior criptomoeda do mercado a puxar o bonde da baixa, enquanto a expectativa era de US$ 100 mil ainda em janeiro.
No caso dos analistas da Passfolio, eles destacam que parte da alta do BTC em 2021 foi motivada pela expectativa da aprovação do primeiro ETF de Bitcoin, o que de fato ocorreu, e a indústria viu o ProShares Bitcoin Strategy ETF (BITO), o primeiro ETF de futuros de BTC atingir mais rápido US$ 1 bilhão em ativos, em apenas dois dias de negociação.
“Porém, mesmo com marcos como ingressos recordes, sendo o primeiro fundo mútuo convertido em ETF e o SPY como o primeiro ETF a atingir US$ 400 bilhões em ativos, o destaque do ano foi o lançamento do primeiro ETF futuro de Bitcoin. Isso mostra como as criptomoedas está se consolidando como uma das classes de ativos mais importantes do mercado”, afirma David Gobaud, fundador e CEO da Passfolio
No entanto, depois do hype, o que sobrou, segundo a Passfolio, é o fato que o BITO foi “um fracasso” este ano, pois, ele está sendo negociado 28% abaixo de seu preço inicial e está atrás de 2,34%, o que pode significar um desempenho inferior entre 13% e 14% em 12 meses.
Porém a empresa destaca que o fato pode já estar precificado no preço do BTC e que os analistas estão divididos sobre o futuro do valor da principal criptomoeda do mercado.
“Entre os influenciadores de cripto, há aqueles que consideram que os próximos meses serão otimistas, enquanto outros consideram que é melhor olhar mais de perto as altcoins do que o BTC. Os otimistas argumentam que os indicadores on-chain não estão mostrando uma tendência de baixa, e que os indicadores técnicos, como Relative Strength Index (RSI) e Moving Average Convergence Divergence (MACD) não foram “historicamente precisos na identificação de mudanças na tendência do macro ciclo”, pontua.
Não vai cair mais
O analista Tasso Lago, gestor de fundos privados em criptomoedas e fundador da Financial Move, também aponta que o preço do Bitcoin pode já ter chegado ao fundo do poço e não deve cair muito além de seu valor atual em US$ 41 mil.
Citando dados on-chain Lago aponta que houve uma leve entrada de BTC nas corretoras recentemente, porém, nada ainda que justifique uma continuação de queda. Além disso aponta que o mercado está vendo uma maior realização de perda do que lucro, movimento que é mais característico do varejo e não dos grandes investidores.
Ele também aponta que olhando a entrada e saída de BTC da Coinbase é possível perceber que houve saída líquida de mais ou menos 60k BTC nos últimos 6 dias, o que pode indicar uma retirada para carteiras frias.
“Olhando o número de BTC sendo transferidos da Coinbase para outras corretoras, percebemos que menos de 3% da saída dos BTC foram ocasionados por transferência para outras exchanges. Isso nos indica que a maior probabilidade é que essas saídas estão sendo feitas para carteiras frias. Portanto, não acreditamos em uma correção mais violenta que essa no momento”, disse.
Tammy Da Costa, analista da DailyFX, concorda com Lago e não acredita em uma queda maior que a atual. Segundo ela, uma correção no mercado era esperada, mas ela não deve durar muito tempo a não ser que fatores macro, fora do universo das criptomoedas, ocorram.
Ela aponta que embora as taxas de juros baixas tenham apoiado a demanda por ativos mais arriscados, os bancos centrais e as expectativas de taxas mais altas pesaram sobre os ativos digitais e reduziram os preços.
“Além disso, a incerteza regulatória e os fatores técnicos podem continuar a impulsionar os preços este ano, o que poderia empurrar o Bitcoin para baixo. Embora os preços tenham atingido a baixa de três meses, os níveis técnicos e o suporte crítico e a resistência provavelmente continuarão a impulsionar a ação dos preços no futuro” disse.
‘Quedinha’ básica mas vai cair mais
Já Mikkel Morch, Diretor Executivo e Gestão de Risco da ARK36, discorda tanto de todos os analistas e destaca que embora acentuado, o retrocesso mais recente no mercado das criptomoedas não foi inesperado e deve continuar.
“Anteriormente, avisamos que a incerteza nos mercados e os fracos fundamentos técnicos tornaram uma queda para os baixos níveis de $ 40.000 totalmente possível”, disse.
Ele aponta que houve recentemente um aumento acentuado nos contratos em aberto para níveis que, no passado, acabaram precedendo o desencadeamento de uma cascata de liquidações, caso o preço caísse abaixo de um nível de suporte chave.
‘Foi precisamente o que aconteceu desta vez também. Após o lançamento das atas da reunião de dezembro do Fed, sugerindo um movimento mais decisivo para reduzir sua política monetária expansionista para combater a inflação, o sentimento negativo do investidor fez com que o Bitcoin perdesse o nível-chave de $ 46.000. Uma vez que esse suporte foi quebrado, as liquidações aconteceram em poucos minutos”, destacou.
Morch aponta que por algumas semanas o BTC esteve claramente em uma tendência de baixa e não há sinais de uma reversão decisiva à vista. No entanto, semelhanças marcantes entre o preço atual e os movimentos do mercado entre meados de maio e agosto dão razões para um otimismo cauteloso no médio prazo.
“Um salto para cerca de US $ 47.000 nos próximos dias poderia corroborar essa tese, enquanto novas perdas a invalidariam em grande parte. Em qualquer caso, apenas uma quebra clara acima de US$ 50 mil sinalizaria uma grande reversão na tendência e os investidores devem ter em mente a natureza inerentemente volátil do mercado de ativos digitais”, finaliza.
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