Juíza diz que o Sheik dos Bitcoins tem ‘vida nababesca’ e decreta falência da Rental Coins: ‘Sem condições’

Motivada pela ação de um dos investidores, decisão poderá favorecer todas as vítimas que comprovarem perdas de recursos por aportes na empresa.

Francisley Valdevino da Silva, o Sheik dos Bitcoins, investigado por fraudes estimadas em até R$ 4 bilhões envolvendo investimentos em criptomoedas por meio da Rental Coins, que se apresentava como uma exchange que oferecia uma modalidade de investimento prometendo rendimentos fixos mensais de até 13,5% sobre o valor aportado, em criptoativos, sofreu mais uma derrota na Justiça. Na última terça-feira (25), a juíza Luciane Ramos, da 2ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de Curitiba, deferiu uma petição feita em uma ação movida por um investidor da Rental Coins e decretou a falência da empresa, conforme noticiou o G1.

Na decisão, a qual ainda cabe recurso, a magistrada mencionou que o Sheik dos Bitcoins tem “uma vida nababesca, vivendo em meio ao luxo oriundo, provavelmente, de suas atividades irregulares” e argumentou que a decretação de falência da Rental Coins “tem efeito saneador ao retirar do mercado empresa através da qual teriam sido cometidas irregularidades que lesionaram número expressivo de credores” e de “retirar do mercado empresários sem condições de solver pontualmente suas obrigações para com os credores e colaboradores, estancando ainda a possibilidade de cometimento de irregularidades em prejuízo da sociedade.”

Segundo a publicação, a juíza nomeou um administrador judicial, que ficará responsável pela identificação e busca de bens da empresa que também terá que entregar todos os livros contábeis. Ao longo dos próximos 60 dias, o administrador fará ainda a identificação de credores lesados.

Depois disso, ele apresentará um plano de venda dos bens listados, o que deverá acontecer em um prazo de até 180 dias, quando o valor arrecadado deverá ser dividido entre todas as vítimas que tiverem comprovado prejuízo na Rental Coins, mesmo aquelas que não tenham ingressado com ação judicial. 

No início do mês, o Sheik dos Bitcoin foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) que apreendeu ouro, dinheiro vivo e artigos de luxo.

Ao G1, a defesa de Francis disse que os problemas da empresa são decorrentes de “falhas em gestões passadas, as quais colocaram as empresas em delicada situação financeira, exigindo a adoção de medidas atípicas e urgentes” e que “referidas medidas foram adotadas tanto no bojo de procedimentos judiciais, quanto em negociações extrajudiciais, visando sempre amparar, na medida de suas possibilidades, aqueles que foram desde sempre a base de total organização empresarial.”

Segundo o delegado da Polícia Federal, Filipe Pace o modus operandi do Sheik dos Bitcoins envolvia grandes doações para igrejas, o que, segundo ele, ajudou a alavancar a atuação do golpe por meio de grandes representantes de igrejas que teriam investido e inclusive virado sócios da plataforma.

Quem também teve o nome associado ao Sheik dos Bitcoins foi o pastor Silas Malafaia, que recentemente reconheceu que foi sócio em uma das empresas de Francis, de marketing, mas que “pulou fora” em 2019.

Entre as possíveis vítimas das operações de Francis, como o Sheik também é conhecido, estão a modelo Sasha Meneguel e o marido dela, o cantor João Figueiredo, que ingressaram com uma ação para tentar reaver R$ 1,2 milhão em investimentos que teriam sido feitos na Rental Coins, e dois italianos, que teriam sido lesados em dois milhões de euros.

Em uma ação movida na 24ª Vara Cível de Curitiba, vítimas do Sheik dos Bitcoins também pediram o arresto de um jatinho, usado pelo cantor Wesley Safadão, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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