Lula e o Bitcoin: possíveis efeitos do presidente eleito sobre o preço da criptomoeda
Analistas avaliam os primeiros sinais do mercado diante da escolha do petista e lembram que o mundo em 2023 será bem diferente do que ele se deparou em 2003.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito no último dia 30 de outubro no segundo turno da eleição presidencial brasileira com 51,90% dos votos válidos (60.345.999 votos segundo o TSE), deve encontrar em 2023 uma economia mundial totalmente diferente da que ele encontrou em 2003, quando deu início ao seu primeiro mandato como presidente do Brasil. E o preço do Bitcoin será impactado pelo novo governo brasileiro, que deve tomar posse em janeiro.
A avaliação foi feita por alguns especialistas ouvidos pelo Valor Investe, que também apontaram o breve fortalecimento do real frente ao dólar americano imediatamente após a vitória do petista, o que representou a desvalorização do Bitcoin (BTC) em relação à moeda brasileira.
De acordo com o que informou o Valor, os investidores estrangeiros aportaram R$ 1,9 bilhão na Bolsa de Valores do Brasil, a B3, no dia 31 de outubro, dia seguinte à vitória de Lula, e R$ 2,4 bilhões três dias depois. O que fez com que a B3 se desprendesse de outras bolsas globais ao disparar 8%.
Com o fluxo de dólares entrando no país, o BTC ficou mais barato aos brasileiros pelo fato de ser cotado na moeda dos EUA, em razão do fortalecimento do real. Foi o que observou o presidente da exchange de criptomoedas brasileira Coinext, José Artur Ribeiro, ao frisar que o BTC potencializou toda a variação negativa do dólar no país nos primeiros dias do “efeito Lula.”
Ribeiro ressaltou que, entre os dias 30 e 31 de outubro, o Bitcoin recuou 3% em relação ao real, queda cinco vezes maior do que a retração da criptomoeda em relação ao dólar, que foi de aproximadamente 0,6%.
O analista de criptoativos da Empiricus, Vinicius Bazan, lembrou que havia um temor no mercado em relação a Lula, mas acrescentou que o político conta com o carisma da imprensa internacional e as primeiras mensagens veiculadas internacionalmente foram positivas, o que se refletiu na queda do dólar e, consequentemente, do Bitcoin.
Para o copresidente da empresa de tecnologia iVi Technologies, Max Scholppen, a euforia dos investidores estrangeiros em relação ao Brasil, no médio e longo prazo, dependerá da postura a ser adotada por Lula. Segundo o executivo, caso o petista mantenha um comportamento similar ao dos mandatos anteriores, os aportes estrangeiros no país podem aumentar e ajudar a rebaixar o dólar para até R$ 4,94 no longo prazo, de acordo com estimativas das casas de apostas.
Mas Schoppen também lembrou que o mundo atravessa uma fase muito diferente em relação ao que Lula encontrou quando governou o Brasil, entre 2003 e 2010, período em que o país acompanhou o resto do planeta ao imprimir altas taxas de crescimento. Em vez disso, o petista vai se deparar com uma macroeconomia à beira da recessão, altas taxas de juros e inflação galopante, ingredientes que aumentam os riscos para o Brasil e que exigem maior austeridade política e disciplina fiscal.
Preço do Bitcoin à parte, o avanço das criptomoedas no país poderá ser impactado ainda pela tokenização, cujo mercado deverá chegar em US$ 13,5 bilhões nos próximos oito anos, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil. Vale lembrar que Lula pode ter um conhecedor e entusiasta de criptomoedas à frente da Economia em seu governo, já que um dos cotados é o consultor da Binance e ex-ministro Henrique Meirelles.
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