“Estou sendo ameaçado por perder R$ 1 milhão na corretora que o Ronaldinho faz propaganda”

“Essa LBLV está acabando com famílias; acabando com sonhos”. O desabafo é de Eudes de Oliveira, eletrotécnico morador de São Paulo, sobre um calote de mais de R$ 1 milhão que levou da empresa de investimentos LBLV, cujo garoto propaganda é o ex-jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho.

Eudes conversou com o Portal do Bitcoin e relatou o que vem acontecendo desde o ano passado quando teve seus pedidos de saque negados. Dos US$ 272.171,90, Eudes conseguiu sacar apenas US$ 98.795,00.

“Eu só não tive mais prejuízo porque não fiz tudo o que eles queriam”, disse. Segundo Eudes, algumas operações que eles ofereciam eram para induzi-lo ao erro.

Mas o que é a LBLV? Conforme descrição em seu site, trata-se de uma empresa que oferece investimentos em ações no mercado forex com acompanhamento de especialistas. “Invista com os melhores”, diz a chamada.

A empresa é proibida pela CVM de captar clientes no Brasil há cerca de um ano. Eudes, no entanto, já havia feito seus primeiros investimentos antes do alerta do regulador e também da vinculação da imagem de Ronaldinho.

Investiu dinheiro de amigos

Em maio do ano passado, o investimento do eletrotécnico na LBLV já era de US$ 270 mil (hoje, aproximadamente R$ 1,5 milhão).

Segundo ele, a maior parte do dinheiro foi captada de amigos, o que não foi uma boa ideia, porque para eles, Eudes deve cerca de R$ 1 milhão (US$ 190 mil).

“Estou sendo ameaçado, coagido, humilhado, e tudo que você imagina”, desabafou.

Ronaldinho Gaúcho mesmo não tem problema em divulgar a empresa, cuja sede fica em Mahe, no arquipélago Seychelles, na África Oriental.

Uma recente publicação do ex-craque da Seleção leva a crer que a LBLV continua atuando mesmo depois da ordem da CVM. Em fevereiro deste ano no Instagram, Ronaldinho compartilhou um vídeo promocional da empresa que diz: “Nós vamos te treinar para ganhar”.

E o caso de Eudes é praticamente igual a tantos outros aos quais o Portal do Bitcoin teve conhecimento. Uns tacham a empresa de golpe; outros dizem que a imagem do jogador influenciou na tomada de decisão.

Primeiro investimento na LBLV

De acordo com o relato, Eudes conheceu a LBLV em setembro de 2018 através de um amigo. Segundo ele, o amigo disse que estava aplicando em forex e estava obtendo lucros através de indicações de uma pessoa chamada Rogério Brandão — e que dizia estar na Austrália.

“No primeiro momento fiquei cismado porque tínhamos que fazer depósitos em contas aqui no Brasil, no estado de Pernambuco. Questionei o Sr. Rogério sobre isso e ele me convenceu por A+B que eu depositasse 2.700 dólares na época”, contou.

Segundo ele, Brandão o convenceu em fazer investimento na abertura do mercado, em Amazon, Apple, Netflix, Alibaba — e que em breve ele também poderia lucrar até 300% do capital com a chegada da Oferta Pública Inicial (IPO) da Uber.

O calote da LBLV

Conforme relatou, os problemas nos saques começaram entre junho e julho do ano passado. O motivo, disse, é que Brandão alegava que não havia margem para saque e que ele precisava fazer mais depósitos para poder liberar mais contratos para fazer lucros.

Foi então que Eudes viu que algo estava errado. Ele já estava acostumado operar no mercado — citando inclusive as plataformas HugosWay e JAFX, onde ele costumeiramente fazia saques diários se quisesse.

Por isso, hoje ele acredita que operava em uma “conta demonstrativa” e que os números mostrados na plataforma são puramente fictícios.

— Sem poder mexer na conta, o dinheiro foi evaporando. Há relatos de que os ‘especialistas’ não os deixa colocar um stop loss e o fundo vai se dissolvendo. Nesta altura o investidor já não consegue mais ‘suporte’, a não ser que tenha mais dinheiro.

Imagem: Divulgação

Com dinheiro ainda em conta, mas sem ter saques liberados, Eudes então procurou a polícia, ainda em setembro daquele ano, e registrou um Boletim de Ocorrência (BO). 

Com as informações do CNPJ da conta que recebia os depósitos para a LBLV, a polícia identificou a empresa ‘Imobiliária Rabelo Imóveis’.

De acordo com o BO, assinado pelo delegado Daniel Bruno F. Colombini, o dono da empresa negou que tivesse conhecimento de tal conta em seu nome.

A reportagem consultou o mesmo CNPJ informado no B.O., no site da Receita Federal. Hoje a empresa consta como ‘Rabelo Atividades de Cobrança e Cadastro Eireli’, com nome fantasia ‘Pague Fácil’.

Um processo então foi aberto e corre no Tribunal de Justiça de São Paulo.


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