Justiça aceita pedido de vítima que perdeu R$180 mil em suposta pirâmide financeira
Investidor que perdeu R$ 180 mil na suposta pirâmide financeira da Trader Group, teve seu direito ao ressarcimento garantido por decisão judicial.
O juiz Rodrigo Cardoso Freitas do Tribunal de Justiça do Espírito Santo, decidiu em favor da vítima em decisão publicada nesta segunda-feira (9).
O investidor declara que em março de 2019 realizou dois depósitos à Trader Group. O primeiro no valor de R$ 90 mil, e o segundo de R$ 70 mil. Ou seja, um investimento total de R$ 160 mil.
A Trader Group seria responsável por fazer a gestão dos recursos em investimentos de criptomoedas, como o bitcoin. Dessa forma, o investidor deveria receber no primeiro mês R$ 33.166,00 de rendimentos.
A defesa afirma que ele investiu, e perdeu, todas as suas economias no suposto esquema. Teve, inclusive, o pedido de justiça gratuita acatado na decisão. Ele afirma que nessa fase da vida, não tem ao menos as condições de arcar com despesas processuais.
“Verifica-se que o demandante investiu todas as economias de uma vida inteira, tentando melhorar a quantia economizada por muitos anos. […] Diante da exposição dos graves fatos, traz reflexos negativos para o requerente, que constatou tardiamente que foi iludido com a atuação dolosa dos Réus.”
Investidor foi atraído pela promessa de 20% de lucro ao mês
A Trader Group prometia um rendimento de 20% por mês por meio do trade diário de criptomoedas. Dessa forma, o investidor que fez a denúncia receberia R$ 192 mil só de rendimentos. Ou seja, um total de R$ 352 mil nos seis meses de duração do contrato firmado entre as partes.
Porém, como acontece na maioria dos episódios onde há promessas irreais de rendimentos, o investidor nunca viu o dinheiro voltando à sua carteira. Dois meses depois de assinar o contrato, a Polícia Federal deflagrou a operação ‘Madoff’ contra a Trader Group.
Contando os rendimentos, o investidor tinha R$ 179.648.24 em confiança da gestora antes da operação da PF acontecer. E foi esse o valor que a decisão da Justiça bloqueou a seu favor, conforme decisão:
“Tenho como plausíveis os argumentos expostos na inicial, lastreados em prova documentada, pertinentes ao direito do autor ser ressarcido pelos prejuízos decorrentes dos atos praticados pela empresa requerida, que adquiriram notoriedade por meio das notícias decorrentes da operação ‘Madoff’.”
O estimado é que o suposto esquema de pirâmide financeira da Trader Group tenha prejudicado 5 mil investidores em todo Brasil. Além disso, causou um prejuízo de cerca de R$ 20 milhões.
Relembre a operação que revelou a suposta pirâmide financeira
Em maio de 2019, a Trader Group foi investigada pela primeira vez pela Polícia Federal na Operação Madoff. Conforme a denúncia, a empresa operava um sistema de pirâmide financeira para aplicar golpes com criptomoedas.
Na ocasião, a PF fez a apreensão de criptomoedas em posse da empresa, além de carros e imóveis. A operação apreendeu R$ 8 milhões da Trader Group, incluindo 27 bitcoin (BTC). Quantia que na cotação de hoje equivale a R$ 2.17 milhões.
De acordo com a PF, foi na Operação Madoff que a justiça brasileira autorizou pela vez a apreensão de criptomoedas em carteiras, físicas ou digitais.
O Tribunal Regional Federal se mostrou favorável a causa em uma decisão no início deste ano. O TRE-2 determinada que todo o valor apreendido na operação seja usado para ressarcir os investidores prejudicados pela Trader Group.
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