Jurista destaca avanço econômico das criptomoedas, apesar de tentativas de criminalização

Presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo, Renato Silveira disse que brechas só serão tampadas com ‘marco regulatório internacional.’

Em artigo publicado nesta segunda-feira (4) no site Consultor Jurídico (Conjur), o advogado e presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo, Renato Silveira, lançou luz sobre “A fronteira final e penal das criptomoedas”, título do artigo em que o professor titular da Faculdade de Direito de São Paulo relativizou as adequações do Direito Penal em relação às criptomoedas, além de defender a internacionalização do marco regulatório do setor como forma de tampar eventuais brechas abertas por jurisprudências “a socorrer eventuais irregularidades, como em faroestes virtuais.”

O jurista lembrou que as criptomoedas representam “um dos maiores passos de progresso das relações humanas e econômicas dos últimos tempos”, apesar de o universo cripto ser imaginado como sendo vinculado a malfeitores. Mas ele deixou claro que algo precisa ser feito em termos de controle ao lembrar que algumas fortunas foram criadas e o panorama global tenha se modificado.

Silveira lembrou que muitas criminalizações discutidas no Brasil e no mundo não estão necessariamente vinculadas às criptomoedas, embora possam ser utilizadas por elas de maneira incidental. O que, nestes casos em que o ordenamento jurídico já dispõe de tipificações, poderiam tornar inócuas novas regras tratando dos mesmos assuntos. Razão pela qual o professor saiu em defesa de “cautela em se desenhar tipificações próprias ao universo cripto.”

O advogado elencou os crimes vinculados à incidência penal econômica como sendo mais urgentes, tais como “questões atinentes à evasão de divisas, à sonegação fiscal e à lavagem de dinheiro”, no que se refere a uma intervenção penal, além dos efeitos regulatórios. 

Por outro lado, o jurista lembrou que as regulamentações locais podem dar brechas  a “jurisprudência a socorrer eventuais irregularidades, como em faroestes virtuais”, razão pela qual ele defendeu a internacionalização da regulamentação cripto como forma de aumentar a eficácia dos instrumentos de controle a exemplo do que aconteceu em relação ao combate da lavagem de dinheiro. 

“Em um mundo cripto sem fronteiras, oásis permissivos, ainda que eventuais, e mesmo espacialmente apartados, se mostram, em verdade, à distância de um apertar de botão, e se mostram como a marca de permissividade global”, completou. 

Em outro artigo no Conjur, no final de maio, Renato Silveira também destacou que as criptomoedas, alvos da “ignorância e do preconceito”, oferecem mais mecanismos contra a corrupção do que o dinheiro em espécie, que não possui o mesmo mecanismo de rastreamento das criptomoedas, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

LEIA MAIS:

Você pode gostar...