‘Está na hora de destruirmos a blockchain’, escreve jornalista que associa a tecnologia à destruição climática

A popularização da blockchain e das criptomoedas não agrada à toda a grande mídia e colunista português liga o criptomercado à destruição climática.

O jornalista português Diego Queiroz de Andrade publicou no último domingo (14) um artigo em que propõe a “destruição” da tecnologia blockchain, associando-a à destruição climática.

O texto, entitulado “Está na altura de destruir a blockchain”, Andrade diz que “mesmo com tudo que esta tecnologia tem de bom”, os danos ambientais da blockchain e das criptomoedas são “elevados demais”. Para ele, é preciso “destruir para reconstruir”, adotando uma nova tecnologia com “menos especulação e menos destruição”.

O jornalista até propõe a destruição de todas as criptomoedas ligadas à tecnologia blockchain, entre elas a primeira e mais importante: o Bitcoin.

“A blockchain como a conhecemos precisa de ser destruída. As criptomoedas que dela dependem precisam de ser arrastadas para o lixo e os modelos especulativos têm de ser arrasados. Nesta fase, já não é sequer interessante discutir se o consumo energético da bitcoin equivale à Argentina ou a dois Portugais ou a outro país qualquer. Interessa que, num momento em que estamos cada vez mais perto de destruir o planeta com os excessos energéticos, nos preocupemos em maximizar uma tecnologia que aumenta a rapidez com que efetuamos essa mesma destruição.”

O colunista quer, portanto, “implodir o Bitcoin”, como ele mesmo escreve. Segundo ele, o BTC só existe em nome “de uns quantos capitais que só servem para alimentar mais especulação em mercados anexos”, classificando a principal criptomoeda de “maior desperdício de recursos na história da humanidade”:

“Não têm qualquer valor real, não se anexam a qualquer atividade humana nem produzem qualquer bem nem valor. Só consomem energia que está a destruir rapidamente o meio ambiente de que o planeta depende para continuar vivo. Cada euro ganho na atividade especulativa tem custos tremendos para o ambiente. E o problema de base é que este consumo energético não é um defeito casual, é a raiz de todo o sistema blockchain em que se baseia a bitcoin – e esse sistema pressupõe um desperdício brutal, devido ao modelo matemático aplicado.”

Ele também tece críticas ao mercado de tokens não-fungíveis, que estão ganhando espaço no mainstream em 2021. Segundo ele, os NFTs simbolizam o pior do capital especulativo:

“Tudo isto é o símbolo do capital especulativo no seu pior: sem a criação de qualquer valor social, promovem-se transações financeiras que alimentam uma estrutura altamente danosa para todo o planeta.”

Ainda em tom de ataque, Andrade classifica a blockchain como a “maior expoente de uma evolução tecnológica voltada para a destruição do planeta”, defendendo que estamos usando a tecnologia “alegremente” para destruir nosso mundo.

Por outro lado, ele propõe “aproveitar o conceito da blockchain” para a construção de novos sistemas e tecnologias:

“Após a destruição deste modelo, podemos aproveitar o conceito blockchain para continuar a descentralizar a confiança e garantir a sustentabilidade de soluções que promovem a privacidade – e melhorar muitos sistemas que bem precisam de uma solução destas. Isso será possível com o desenvolvimento de soluções que privilegiem o custo ambiental – e que o incorporem por natureza na sua estrutura. Mas, enquanto este sistema for dominante, o incentivo para a sua substituição simplesmente não está lá.”

 

Finalmente, ele cita a atualização 2.0 da Ethereum, que planeja mudar o padrão de consumo energético. A ETH 2.0 está em desenvolvimento e é prometida para 2021. Ele faz outra acusação sobre o tema, de que a ETH 2.0 não é implementada “porque não há incentivo”:

“Um dos maiores concorrentes da Bitcoin, a Etherum, planeia mudar o sistema para um modelo menos dependente do elevado consumo energético, mas não tem data anunciada para o fazer, porque não há incentivo. Esse incentivo só virá da destruição da bitcoin e da responsabilização da blockchain. E, isso sim, é fundamental para que o planeta continue a existir.”

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