Dono de fundo institucional ridiculariza o Bitcoin e gera debate quente no Twitter

Gestor do Fundo Versa, Luiz Fernando Alves Jr. criticou a comunidade Bitcoin no Twitter e provocou reações acaloradas.

Grande parte dos investidores de ativos tradicionais segue torcendo o nariz para o Bitcoin e no Brasil não poderia ser diferente.

O economista Luiz Fernando Alves Jr., gestor do fundo institucional Versa e filiado ao Partido Novo, dedicou algumas horas do seu dia para criticar o Bitcoin e os adeptos do mercado cripto, provocando a fúria de muitos usuários adeptos de criptomoedas no Twitter.

O economista postou um primeiro tweet na noite de segunda-feira, ridicularizando os investidores de Bitcoin e deixando a impressão de quem investe na criptomoeda possui um conhecimento limitado do mercado:

Parte dos seguidores concordou com o primeiro tweet, alguns dizendo que o BTC “é basicamente um hedge contra governos” e que a maioria dos investidores poderia não saber sua utilidade, mas outros não engoliram a provocação do economista.

A especialista em criptomoedas Barbara Roth devolveu: 

Mas as provocações de Alves Jr. não pararam no primeiro Tweet. Ele também colocou em dúvida o argumento dos Bitcoiners sobre a adoção do Bitcoin por grandes instituições e investidores, mais uma vez em tom de deboche:

De fato, o Bitcoin viu uma adesão maciça de grandes fundos de investimento institucional em 2020, entre elas Square, MicroStrategy e Grayscale, que adquiriram bilhões de dólares em criptomoedas. Além disso, o gigante de comércio online PayPal também anunciou a adoção de pagamentos em Bitcoin em sua plataforma.

Apesar de todos os fatos, da valorização consistente do BTC desde março e do otimismo de grandes gestoras de investimentos com o mercado de criptomoedas, o economista não entrou no mesmo barco. Ele lembrou que o BTC ainda não se recuperou de seu pico de preços, quando chegou à beira de US$ 20.000 no fim de 2017, mantendo o tom de ataque:

Apesar das provocações de Alves Jr., será que há “honestidade intelectual” na sua comparação? Em 2017, o mercado do Bitcoin era muito diferente do atual, e o frenesi do bom desempenho das maiores criptomoedas gerou uma bolha de ofertas iniciais, as ICOs, o contribuiu para a máxima de preços do BTC.

Três anos depois, a maior criptomoeda já viveu um mercado de baixa em 2018, um ano de recuperação em 2019, marcado pelo início da corrida institucional pela maior moeda digital.

Em 2020, com o mercado financeiro mostrando-se instável diante da pandemia e as economias entrando em recessão, a corrida por Bitcoin e outros ativos de risco – ou proteção, dependendo da perspectiva – se acelerou ainda mais. A digitalização forçada do mercado financeiro favoreceu o Bitcoin e levou até bancos centrais em todo o mundo a se prepararem para emitir suas próprias criptomoedas.

Além de tudo, contribuiu para a alta do Bitcoin o halving de maio, que cortou o ritmo da produção de novas moedas e recompensas para mineradores, fatores que historicamente também levam à valorização da moeda. A combinação destes fatores com a pressão institucional é, segundo economistas renomados, uma das propulsoras do rali de alta atual.

O fundo do qual Alves Jr. é gestor, o Fundo Versa, de fato tem sido um dos destaques entre fundos institucionais em 2020, com valorização de 79% no ano até aqui, em um ano difícil para o mercado de ações. Porém, seja em dólar ou em real, o fundo é derrotado na comparação com o Bitcoin, que subiu 167% contra o dólar desde janeiro.

Em outros recortes, a premissa de que o Bitcoin foi um “investimento de merda” – nas palavras do economista – nos últimos anos é comprovada somente em um recorte histórico: o que leva em conta o preço na máxima histórica de dezembro de 2017. Em todos os outros recortes de tempo, antes ou depois deste período, o BTC se comprova um bom investimento – com retornos muito acima de qualquer fundo tradicional. Nos últimos 36 meses, o Versa tem rendimento de 247%.

Já nesta terça-feira, o gestor da Versa voltou ao Twitter para comparar o desempenho do seu fundo institucional com os fundos brasileiros de criptomoedas – desta vez sem atacar o criptomercado:

Diante de outros fundos de investimentos, ele ainda comparou o desempenho do Versa com outros além dos administrados pela Hashdex, como os da QR Capital e da Vitreo.

Os fundos de criptomoedas de gestoras brasileiras também mostraram desempenho bem acima dos fundos institucionais no país, com opções inclusive de investimentos com 100% de exposição ao Bitcoin e regulação da Comissão de Valores Mobiliários.

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