Dono de fundo institucional ridiculariza o Bitcoin e gera debate quente no Twitter
Gestor do Fundo Versa, Luiz Fernando Alves Jr. criticou a comunidade Bitcoin no Twitter e provocou reações acaloradas.
Grande parte dos investidores de ativos tradicionais segue torcendo o nariz para o Bitcoin e no Brasil não poderia ser diferente.
O economista Luiz Fernando Alves Jr., gestor do fundo institucional Versa e filiado ao Partido Novo, dedicou algumas horas do seu dia para criticar o Bitcoin e os adeptos do mercado cripto, provocando a fúria de muitos usuários adeptos de criptomoedas no Twitter.
O economista postou um primeiro tweet na noite de segunda-feira, ridicularizando os investidores de Bitcoin e deixando a impressão de quem investe na criptomoeda possui um conhecimento limitado do mercado:
Um analista de ações demora pelo menos 5 anos para aprender a modelar uma empresa corretamente. Um gestor demora pelo menos 10 anos para começar a entender o mercado. Já o investidor de BTC demora umas 2 horas no youtube e uns 5 artigos na Internet para virar um expert no assunto
— Luiz (@luizfalvesjr) November 23, 2020
Parte dos seguidores concordou com o primeiro tweet, alguns dizendo que o BTC “é basicamente um hedge contra governos” e que a maioria dos investidores poderia não saber sua utilidade, mas outros não engoliram a provocação do economista.
A especialista em criptomoedas Barbara Roth devolveu:
A raiva tem explicação.
VERSA LONG BIASED FIM(criação: 28/10/2013)
Fundo Versa LB: +1.589%
Bitcoin: +31.016%(2020 YTD)
Fundo Versa LB: +79%
Bitcoin: +245%Bitcoin 0 taxa de adm e sem perfomance sobre o CDI.
— Rothbarbara 🔑 (@rothbarbara_) November 23, 2020
Mas as provocações de Alves Jr. não pararam no primeiro Tweet. Ele também colocou em dúvida o argumento dos Bitcoiners sobre a adoção do Bitcoin por grandes instituições e investidores, mais uma vez em tom de deboche:
O argumento mais incrível dos gênios do Bitcoin é listar a meia dúzia de investidores/empresários que investiram nele. E os outros milhares que passam longe? Qual a significância estatística desse argumento? Mas eles sabem a lista de cor, e não esquecem nenhum!!
— Luiz (@luizfalvesjr) November 24, 2020
De fato, o Bitcoin viu uma adesão maciça de grandes fundos de investimento institucional em 2020, entre elas Square, MicroStrategy e Grayscale, que adquiriram bilhões de dólares em criptomoedas. Além disso, o gigante de comércio online PayPal também anunciou a adoção de pagamentos em Bitcoin em sua plataforma.
Apesar de todos os fatos, da valorização consistente do BTC desde março e do otimismo de grandes gestoras de investimentos com o mercado de criptomoedas, o economista não entrou no mesmo barco. Ele lembrou que o BTC ainda não se recuperou de seu pico de preços, quando chegou à beira de US$ 20.000 no fim de 2017, mantendo o tom de ataque:
Será que os Bitcoiners terão honestidade intelectual para assumir que o Bitcoin foi um investimento de bosta para qualquer um que entrou durante o rally do fim de 2017, última vez que saíram da toca com o peito estufado?
— Luiz (@luizfalvesjr) November 24, 2020
Apesar das provocações de Alves Jr., será que há “honestidade intelectual” na sua comparação? Em 2017, o mercado do Bitcoin era muito diferente do atual, e o frenesi do bom desempenho das maiores criptomoedas gerou uma bolha de ofertas iniciais, as ICOs, o contribuiu para a máxima de preços do BTC.
Três anos depois, a maior criptomoeda já viveu um mercado de baixa em 2018, um ano de recuperação em 2019, marcado pelo início da corrida institucional pela maior moeda digital.
Em 2020, com o mercado financeiro mostrando-se instável diante da pandemia e as economias entrando em recessão, a corrida por Bitcoin e outros ativos de risco – ou proteção, dependendo da perspectiva – se acelerou ainda mais. A digitalização forçada do mercado financeiro favoreceu o Bitcoin e levou até bancos centrais em todo o mundo a se prepararem para emitir suas próprias criptomoedas.
Além de tudo, contribuiu para a alta do Bitcoin o halving de maio, que cortou o ritmo da produção de novas moedas e recompensas para mineradores, fatores que historicamente também levam à valorização da moeda. A combinação destes fatores com a pressão institucional é, segundo economistas renomados, uma das propulsoras do rali de alta atual.
O fundo do qual Alves Jr. é gestor, o Fundo Versa, de fato tem sido um dos destaques entre fundos institucionais em 2020, com valorização de 79% no ano até aqui, em um ano difícil para o mercado de ações. Porém, seja em dólar ou em real, o fundo é derrotado na comparação com o Bitcoin, que subiu 167% contra o dólar desde janeiro.
Em outros recortes, a premissa de que o Bitcoin foi um “investimento de merda” – nas palavras do economista – nos últimos anos é comprovada somente em um recorte histórico: o que leva em conta o preço na máxima histórica de dezembro de 2017. Em todos os outros recortes de tempo, antes ou depois deste período, o BTC se comprova um bom investimento – com retornos muito acima de qualquer fundo tradicional. Nos últimos 36 meses, o Versa tem rendimento de 247%.
Já nesta terça-feira, o gestor da Versa voltou ao Twitter para comparar o desempenho do seu fundo institucional com os fundos brasileiros de criptomoedas – desta vez sem atacar o criptomercado:
Finalmente encontrei um fundo de crypto pra competir com o Versão. A briga tá boa hein @hashdex 😉 pic.twitter.com/iPYQl0lurj
— Luiz (@luizfalvesjr) November 24, 2020
Diante de outros fundos de investimentos, ele ainda comparou o desempenho do Versa com outros além dos administrados pela Hashdex, como os da QR Capital e da Vitreo.
Os fundos de criptomoedas de gestoras brasileiras também mostraram desempenho bem acima dos fundos institucionais no país, com opções inclusive de investimentos com 100% de exposição ao Bitcoin e regulação da Comissão de Valores Mobiliários.
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