‘Vivi para ver o banco que fechou minha conta me ligar querendo comprar Bitcoin’, revela negociador de Bitcoin brasileiro
Bancos que antes fechavam conta de empresas e vendedores de Bitcoin agora ligam para seus clientes ‘rejeitados’ e querem comprar Bitcoin, “eu mando para o meu compliance aprovar kkkk”, disse um dos vendedores ao Cointelegraph.
Você não acreditou
Você nem me olhou
Disse que eu era muito nova pra você
Mas agora que cresci você quer me namorarBaby, baba olha o que perdeu
Baba, criança cresceu
Bem feito pra você, é, agora eu sou mais eu
Isso é pra você aprender a nunca mais me esnobar
A música que abre o texto é da cantora Kelly Key, mas se encaixa perfeitamente no atual cenário do comércio de Bitcoin e criptomoedas no Brasil no qual grandes bancos, que antes rejeitavam e abominavam os criptoativos, agora estão em busca de comprar criptomoedas e até oferecer negociação de Bitcoin para seus clientes.
Um levantamento feito pelo Cointelegraph revelou que Bancos tradicionais do Brasil estão procurando grandes exchanges de criptomoedas que atuam no país, como Mercado Bitcoin, Foxbit e Binance, em busca de montar uma ‘rede’ de fornecedores de Bitcoin.
No entanto, além de grandes empresas, os bancos também estão procurando vendedores p2p. Nossa reportagem conversou com um deles, que pediu para não ter o nome revelado por conta da assinatura de um NDA.
Segundo o p2p, os bancos estão interessados em grandes volumes e a ideia é oferecer negociação de criptoativos para os clientes das instituições.
“Fui procurado e assinei um NDA com dois grandes bancos do país. A primeira coisa que fiz foi falar ‘Vou te encaminhar para meu compliance’, kkkkk. Vivi para ver o banco que fechou a minha conta justamente por eu negociar Bitcoin agora me ligar querendo comprar criptomoeda”, disse.
Grandes exchanges do Brasil também afirmaram ao Cointelegraph que já foram procuradas por bancos tradicionais querendo comprar criptomoedas.
“Este não é um movimento novo, já faz um tempo que os bancos nos procuram para comprar criptomoedas, no entanto isso vem aumentando desde o final de 2020”, disse um responsável pela mesa de OTC de uma grande empresa no Brasil.
BTG, Plural e Rendimento
Os bancos BTG Pactual, Plural e Rendimento são os ‘early adopters’, entre as instituições financeiras, no que se refere à indústria de criptomoedas no Brasil.
No caso do BTG, a instituição trabalha em um token próprio, o Reitz, lastreado em imóveis, desde 2018 e, depois de lançado ao público o Banco já pagou duas rodadas de rendimentos aos detentores do token.
Além disso, o banco comprou a revista Exame e, como uma das primeiras ações, instituiu o portal “Future of Money” que é focado em Bitcoin e criptomoedas.
Já o Plural foi a primeira instituição financeira a ‘abrir as portas’ para as empresas de criptomoedas do Brasil se conectarem ao sistema financeiro via API.
O banco também foi o primeiro a comprar uma participação em uma empresa de criptomoedas ao investir recentemente no Mercado Bitcoin, um dos principais clientes da instituição.
O Rendimento por sua vez foi o primeiro grande banco do Brasil a anunciar uma integração com a Ripple em um sistema de remessas financeiras que usam a RippleNet.
Depois do Rendimento, a Ripple ainda anunciou parcerias com Itaú e Bradesco.
Itaú do ódio ao amor ao Bitcoin
O Banco Itaú é um dos grandes bancos do país que saiu do ódio ao Bitcoin ao amor a criptomoeda.
Recentemente, o Banco que já disse que as criptomoedas são usadas para lavagem de dinheiro e que não tinha qualquer interesse em ter relação com criptomoedas, anunciou uma parceria com a Hashdex e o Banco BTG para oferecer aos seus clientes o primeiro ETF de Bitcoin do Brasil.
“O Itaú entende que moedas virtuais que podem ser trocadas por dinheiro real ou outras moedas virtuais são potencialmente vulneráveis a lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo”, disse o Banco ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica, CADE, ao afirmar que não queria atender empresas com ligação com Bitcoin.
Mas agora o discurso do Itaú é outro:
“Fundo é constituído sob a forma de condomínio aberto e, portanto, as cotas do Fundo serão objeto de distribuição pública (a “Oferta”), nos termos da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, conforme alterada, e da Instrução CVM 359, sob regime de melhores esforços de colocação, pelo (…) Banco Itaú BBA S.A. instituição integrante do sistema de distribuição de valores mobiliários, com sede na Cidade de São Paulo, Estado de São Paulo, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, 3.500, 1º, 2º, 3º (parte), 4º e 5º andares, CEP 04538-132, inscrita no CNPJ sob o nº 17.298.092/0001-31”, trecho destaca do primeiro ETF de criptomoedas do Brasil aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários, CVM>
Visa, bancos e criptomoedas
A gigante mundial de cartões e pagamentos, Visa, também esta de olho na integração entre criptomoedas e bancos e anunciou que vai liberar uma série de serviços para que as instituições financeiras no Brasil passem a trabalhar com Bitcoin e criptomoedas.
Segundo revelou Eduardo Abreu, vice-presidente de Novos Negócios da Visa do Brasil, a primeira solução a ser disponibilizada será um conjunto de APIs voltados a bancos para que estes possam oferecer criptomoedas aos seus clientes.
Além disso, Abreu garantiu que até o final do ano a empresa também vai liberar operações de transferências internacionais pelo Visa B2B Connect que usa um sistema em blockchain.
Abreu também revelou que a empresa já está conversando com grandes bancos digitais no Brasil que podem aderir ao serviço e oferecer Bitcoin a seus clientes e embora não tenha revelado o nome das instituições, um levantamento do Cointelegraph revelou que no radar da empresa estão Nubank, Inter e C6.
“Primeiro, estamos conversando com os bancos mais digitais. Isso porque são os que têm mais perfil para esses clientes (de criptos)”, revelou.
O executivo destacou que a integração da Visa com criptomoedas, via um conjunto de APIs, ocorre por meio de uma parceria com a Anchorage e já está em testes nos EUA com o First Boulevar, um banco digital que atua junto com a comunidade negra.
Desta forma o conjunto de APIs da Visa serve de ponte entre as instituições .
“Até pouco tempo atrás, a criptomoeda era um tabu. Tinha uma relação distante com o mercado financeiro. Mas isso está diminuindo, inclusive no Brasil”, disse Abreu.
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