Homem é baleado na frente do filho ao cobrar dívida de suspeito por golpe de pirâmide financeira
A cobrança de dinheiro perdido em um negócio suspeito de pirâmide chamado Orion Partner terminou com a vítima do golpe baleada na frente do próprio filho, uma criança de 8 anos de idade, que também foi ameaçada. O incidente ocorreu na manhã de quarta-feira (16) em Itamonte, município do sul de Minas Gerais e foi registrado em vídeo.
A vítima, um paulista que foi até o interior de Minas e acampou em frente a casa de Fabrício Ramos, acusado de ser o autor do disparo, para tentar reaver o dinheiro foi alvejado com um tiro no ombro no meio a uma discussão com Ramos e a mãe dele que chegou a ameaçar a bater na criança com um cabo de vassoura.
A delegada Camila Pacheco Monteiro, titular da Delegacia de Polícia Civil em Itamonte, responsável pela investigação, disse ao Portal do Bitcoin que o inquérito ainda está em fase inicial e que que o crime ocorreu por volta das 7h. O investigado se apresentou à delegacia 10 horas depois do ocorrido.
Não se sabe ainda o quanto que essa vítima, que não teve sua identidade revelada, teria perdido nesse negócio. Mas promessa de ganhos era sedutora — prometia retorno de até 240% sobre o capital aplicado em 5 meses. O paulista, após ter sido socorrido pelo vizinhos, afirmou aos policiais que havia perdido a própria casa e teve graves problemas financeiros após investir no suposto esquema de pirâmide.
Caso de polícia
Conforme a delegada, ao chegar à delegacia, Ramos prestou depoimento e entregou a arma utilizada no crime, um revólver calibre 38. Em seguida, foi liberado pois o caso não se tratava de flagrante.
Segundo Monteiro, para que houvesse o flagrante ‘“ele teria de ser perseguido e então encontrado na posse do instrumento do crime, o que não ocorreu”.
Cobrança de dívida
O acusado de ser o autor do disparo afirmou à polícia que o homem estava em sua rua para cobrar uma dívida que sequer era dele.
“Ele revelou em depoimento que esse homem estava cobrando uma dívida de terceiro, o que não tem como a gente saber ainda. Precisamos de comprovante e saber da parte da vítima o motivo”, contou a delegada.
De acordo com Monteiro, o depoimento da vítima será colhido após ela ter alta. O paulista, apesar de não correr risco de morte, está em observação num hospital da cidade que não teve o nome revelado.
O que se sabe é que o homem afirmou aos policiais que estava em busca de seu dinheiro aportado na Orion Partner. Após ele ter perdido a própria casa, decidiu fazer o protesto em frente a casa do suspeito até que conseguisse conversar sobre a questão.
Investigação em andamento
A delegada, porém, chamou a atenção de que esse fato sobre a venda da casa precisa ser ainda investigado.
Ela afirmou que, pelo depoimento de Fabrício, a vítima já estava lá acampada há cerca de quinze dias e essa não teria sido a primeira vez que ele abordava o responsável pela Orion. Antes desse incidente, segundo o depoimento, o homem teria até lançado pedras contra a residência.
Além de Fabricio, a Polícia Civil de Minas Gerais vai indiciar também a mãe do acusado que aparece no vídeo ameaçando com um cabo de vassoura a criança de 8 anos. A vítima também será indiciada pelo fato de expor uma criança a situação de vulnerabilidade.
Ela afirmou que as diligências vão continuar e após isso o caso será levado para a Justiça.
“A gente vai ouvir as testemunhas, esperar a vítima ter alta do hospital para explicar como foi toda a situação e investigar os envolvidos”.
Ramos não foi encontrado pela reportagem para comentar o caso.
Orion Partner, o esquema
A Orion Partner se define como “Comunidade de Ajuda Mútua, onde as pessoas se ajudam através de doações onde o sistema irá conectar doador com recebedor, de forma real e transparente”.
Ela nem sequer possui CNPJ no Brasil. O site está fora ar. O negócio é contraditório: ao mesmo tempo que afirma não ser investimento, promete 50% de lucro a cada dez dias.
Numa explicação sem sentido algum, a Orion promete essa lucratividade com doações que podem ser feita por meio de bitcoin e até mesmo pela Urpay, a empresa de pagamentos que era usada pela Unick Forex e outras empresas suspeitas de pirâmide.
O site da empresa já está fora do ar, mas o chamado link de indicação com o nome de Ramos ainda pode ser identificado como idealizador do esquema.
As denúncias no Reclame Aqui totalizam 28, sendo que nenhuma foi respondida e todas tratam da falta de pagamento. A primeira delas foi apresentada há dez meses e nada foi resolvido até então.
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