Alta volatilidade: Semana do Bitcoin tem testes em suportes importantes e consolidação acima de US$ 40 mil

Notícias do mercado financeiro e de reguladores da China abalam o preço do Bitcoin, mas não o suficiente para levar a maior criptomoeda a níveis críticos de preço.

A última semana foi marcada por incertezas macro em meio ao risco de inadimplência da maior imobiliária da China, a Evergrande, em sua dívida de mais de US$ 300 bilhões. Embora essas notícias tenham derrubado o preço do Bitcoin (BTC) em até 15%, ele se recuperou algumas dessas perdas junto com o resto do mercado nos últimos dias. Contudo, com mais um anúncio de proibição dos criptoativos por parte do banco central chinês, o Bitcoin na última sexta teve uma queda de 6%, perdendo o que havia ganhado nos últimos dois dias. No fim de semana, a criptomoeda voltou a recuperar o patamar de US$ 43.000.

Fonte: ITB

A notícia do calote da Evergrande influenciou a perspectiva macro de muitos investidores ao redor do mundo que temem que seu colapso possa ter um efeito dominó sobre a economia chinesa e acabe afetando mercados de todo o mundo. Após o anúncio de que o BC chinês iria injetar US$ 70 bilhões no negócio para pagar salários e fornecedores, mas que não iria garantir o retorno de investimento dos investidores, fez com que o mercado de capitais, respirasse com algum alívio, mas não sem algum temor de que as condições internas chinesas, iriam influenciar o restante do mundo e o efeito foi sentido imediatamente nos preços do minério ferro, 47.2% de queda nos preços do minério. Os contratos da commodity para outubro chegaram ao pico de US$ 204 por tonelada na Bolsa de Cingapura em 16 de julho. Em 22 de setembro, fecharam em US$ 107,7.

Os riscos de uma crise de dívida global levaram a uma mudança de risco na maioria das classes de ativos ao longo da semana.

Correlações entre Bitcoin e índices tradicionais aumentaram conforme a incerteza derrubou os mercados. A correlação entre o Bitcoin e o índice do dólar americano atingiu seu menor nível desde março (-0,69), apontando para uma forte relação inversa.

Fonte: ITB

Todos os eventos que criaram extrema volatilidade tem a ver com a Evergrande que anunciou que não pagaria US$ 83 milhões de juros devidos aos investidores e não esclareceu se irá, arriscando-se a inadimplir caso não pague aos investidores em no máximo 30 dias.

Por sua vez, o Banco Popular da China (PBOC) injetou US$ 18,6 bilhões no mercado, acalmando temporariamente os nervos dos investidores. Enquanto o Federal Reserve (Fed) sugeriu diminuir as compras de títulos em novembro e aumentar as taxas de juros até o final do próximo ano. 


Implicações diretas nos mercados de criptoativos

A instabilidade de curto prazo da dívida de Evergrande pode levar a um choque de liquidez nos mercados se houver “contágio” da situação fora da China. A longo prazo, se houver um impacto significativo sobre os mercados e o emprego, é provável que o Fed adie o aumento das taxas de juros e, potencialmente, até forneça mais estímulo. Mas caso aumente os juros, o impacto sobre os criptoativos, poderá ser sentido em algum momento, visto que os investidores buscarão os títulos públicos da dívida americana que é um refúgio seguro, ao invés do Bitcoin e isso pode afetar sua cotação.

Indicadores chave para se observar sobre o Bitcoin

Como essa incerteza afeta o preço do Bitcoin, as notícias da Evergrande também estão tendo um impacto nas métricas da rede. Por um lado, parece ter assustado os operadores (traders) de curto prazo, que mantém em carteira Bitcoin por menos de 30 dias, causando uma pressão de venda sobre o criptoativo e elevando a liquidez do mercado.

Fonte: ITB

Tanto o número de traders quanto o volume correspondente caíram significativamente em setembro. Um aumento no interesse dos traders seria útil para sustentar preços mais altos, o que não tem se observado ao longo dessa semana.

No outro extremo da equação, é importante que os detentores de longo prazo não entrem em pânico para evitar um crash mais profundo. Até agora, hodlers continuam crescendo.

Fonte: ITB

Hodlers 

O número de hodlers continua a estabelecer novas máximas, chegando a 23 milhões de endereços, segundo dados extraídos do IntoTheBlock (ITB). Esses endereços apontam para uma convicção de longo prazo sobre o Bitcoin e reforçam seu potencial como reserva de valor.

Para que o Bitcoin mantenha seu valor, os investidores de longo prazo precisam ter convicção, apesar da volatilidade de curto prazo. A estocagem e aumento desta por parte dos hodlers, possibilita o aumento de retenção de valor para sustentar o preço do Bitcoin em níveis mais altos.

Por fim, existem dois níveis de preços principais a serem observados com base nos dados observados na blockchain.

Fonte: ITB

O índice In/Out of the Money Around Price (IOMAP) aponta para uma resistência significativa na faixa dos US$ 45.000, onde 514 mil BTC foram adquiridos anteriormente. Este nível foi rejeitado recentemente, espera-se que os US$ 40.000 seja um nível de forte suporte onde 543 mil BTC foram adquiridos anteriormente e isso é ainda validado.

De acordo com Will McEvoy, analista da casa de análises de Wall Street, a Fundstrat, a cada banimento feito pela China contra o Bitcoin, o resultado a médio/longo prazo foi positivo para o criptoativo. 

Fonte: Fundstrat/McEvoy

No geral, a incerteza permanece, já que o Bitcoin continua fortemente correlacionado aos mercados tradicionais em períodos de alta volatilidade. Embora não esteja claro o que virá a seguir, os investidores mais experientes saberão o que monitorar para avaliar se isso foi apenas uma correção de curto prazo ou o início de uma retração mais profunda.

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