Ouro x Bitcoin: especialistas dizem que o ouro está imune à crises

‘Quando o mundo vai mal, o ouro vai bem’, diz especialista brasileiro; Para outro analista, BTC é esquema ponzi

A cotação do grama do ouro nesta segunda-feira (13), no momento da escrita deste artigo, estava em R$ 301,11.

Esse é o metal mais precioso e mais valorizado do mercado. Não é à toa que muitos investidores compram ouro para guardar como reserva de valor.

Em entrevista para o Estadão, o executivo Rodrigo Barbosa, CEO da Aura Minerals (AURA33), falou sobre o atual momento de incertezas e as perspectivas para o metal precioso.

Com o IPO da empresa no Brasil em 2019, a companhia se tornou a primeira fabricante de ouro na bolsa de valores brasileira. E tem um valor de mercado de R$ 3,9 bilhões. No IPO, a Aura levantou R$ 790,1 milhões com o BDR precificado a R$ 820

Só para se ter uma ideia, no segundo trimestre deste ano, a companhia reportou lucro líquido de US$ 21 milhões. Isso significa um crescimento 7 vezes maior ao do mesmo período do ano passado, que foi de US$ 3,9 milhões.

Rodrigo afirmou ao Estadão que o ouro ainda é a principal alternativa em momentos de incertezas do mercado.

“Quando o mundo vai mal, o ouro vai bem. Hoje, o investidor corre para a Bolsa e não tem alternativas. A Aura é essa alternativa porque tem 80% das receitas em ouro e é dolarizada, ou seja, é o anticíclico de verdade, sendo a primeira vez que isso é levado ao mercado de capitais no Brasil”, diz o CEO

Ele explica quais são os fatores que impulsionam o valor do ouro:

“O que impulsiona o valor do ouro são dois fatores: a expectativa de taxas reais de juros futuro e as instabilidades geopolíticas. Embora estejamos em uma fase final da pandemia, com o avanço da vacinação, as consequências macroeconômicas ainda estão só no começo.”

Diante dos cenários geopolíticos e incertezas da economia, o jornal perguntou “Embora o ouro tenha essa característica defensiva, alguns analistas começam colocar as criptomoedas nessa posição. Existe motivo para preocupação nessa disputa?”

Rodrigo Barbosa respondeu:

“De fato existe um grande crescimento das criptomoedas e é algo extraordinário, que vai se desenvolver e trilhar caminho de sucesso. Mas não existem dados suficientes e nenhuma estatística que mostre que elas tenham valor parecido com o ouro ou que reduza a volatilidade de um portfólio. O ouro tende a ir bem quando mercado não está em um momento favorável, e é isso que traz estabilidade para a carteira. A criptomoeda, no entanto, tem mostrado o contrário. Existem grandes valorizações e desvalorizações, independentemente do cenário macroeconômico mundial. Ela é bastante especulativa e traz volatilidade para a carteira.”

O Cointelegraph noticiou que a Forte queda do Bitcoin nos últimos dias, desde os US$ 50 mil, estaria vinculada ao fortalecimento do dólar e do ouro. A liquidação no mercado de Bitcoin, em particular, se intensificou devido a apostas otimistas excessivamente alavancadas.

O Cointelegraph publicou também que o especialista Peter Schiff venceu um debate sobre se o ouro é uma reserva de valor melhor do que o BTC.

Durante o debate, Schiff disse que “na realidade, Bitcoin e ouro não têm absolutamente nada em comum”, já que o ouro tem valor devido às suas propriedades metálicas, enquanto o Bitcoin é apenas uma “bomba gigante e despejo”.

O proponente do ouro e criptocético Peter Schiff foi coroado o vencedor do debate sobre se o ouro é uma reserva de valor superior ao Bitcoin (BTC).

Schiff estava enfrentando o fundador da Skybridge e ex-político Anthony Scaramucci em um debate organizado pela Intelligence Squared na quarta-feira.

Antes de o debate “ouro x Bitcoin” começar, uma pesquisa marcou 38% da audiência online a favor do metal precioso, 26% para o BTC e 35% como indecisos. 

Schiff conseguiu um número significativo para o metal precioso no final, com resultados finais chegando a 51% para o ouro, 32% para o BTC e 17% para indecisos.

Scaramucci deu o pontapé inicial afirmando que o valor do BTC é derivado de sua rede, que permite transações ponto a ponto sem terceiros. Ele também sugeriu que o BTC tem uma vantagem sobre o ouro por causa de sua escassez e propriedades digitais:

“Acho que essa revolução da criptomoeda – e do Bitcoin especificamente, por causa de sua escassez – vai transcender o ouro. É mais portátil; é inexpugnável em termos de transação no blockchain; […] e está sendo adotado muito rapidamente. ”

“Resultado do qual os preços vão subir muito”, acrescentou.

Em resposta, Schiff disse que “na realidade, Bitcoin e ouro não têm absolutamente nada em comum”, pois ele argumentou que Bitcoin é comercializado como ouro, mas não possui nenhuma das “propriedades metálicas” que dão valor ao ouro.

“Parte da fraude de marketing é tentar retratar o Bitcoin como ouro, ouro 2.0, ouro digital. Quer dizer, o próprio Bitcoin é sempre exibido como uma moeda, e a cor é ouro, e você coloca como um ‘B’ nele. Mas não é uma moeda; é apenas uma sequência digital de números; não tem qualquer substância ”, disse ele.

Ele argumentou que há uma diferença entre “preço e valor”, com o valor do ouro sendo determinado por casos de uso do mundo real, enquanto o BTC não tem suporte tangível no mundo real:

“Em 100 anos, em 1.000 anos, o ouro que estou armazenando hoje pode ser derretido e usado em eletrônicos ou usado em joias, ou para quaisquer novos usos que foram inventados e que nem existem hoje.”

Durante todo o debate, o criptocético descreveu o BTC como um “esquema Ponzi”, uma “bomba e despejo gigante” e “mania de tulipas”. Schiff também não se incomodou com o aumento do preço do ativo, já que ele acredita que os usuários tardios do BTC estão sendo gradualmente abandonados pelas baleias que entraram no mercado antes do tempo.

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