Projeto da USP usa blockchain para compartilhar e monetizar transações de genomas da Amazônia

Banco de dados genético colaborativo, Amazon Biobank integra o projeto Amazônia 4.0, que buscar usar a tecnologia para tornar o extrativismo benéfico às comunidades locais.

A tecnologia blockchain está no coração de um projeto lançado este ano com o objetivo de utilizar a tecnologia disruptiva na construção de um banco de dados genético comunitário, com um sistema econômico interno voltado à monetização dos participantes que coletam, inserem, processam, armazenam e validam dados genômicos de espécies amazônicas. Trata-se do Amazon Biobank, desenvolvido pelo Laboratório de Sustentabilidade (LASSU) da Universidade de São Paulo (USP).

Abordado durante a edição deste ano do Futurecom, evento phygital voltado à inovação, conectividade e transformação digital na América Latina, realizado nos dias 3,4 e 5 em São Paulo (SP), o Amazon Biobank faz parte do projeto Amazônia 4.0, solução tecnológica que busca tornar o extrativismo da Amazônia mais benéfico às comunidades locais, já que a ideia é transformar a biodiversidade da Floresta Amazônica em uma fonte de riqueza.

“Existem diversas pesquisas de bioeconomia para gerar produtos. Contudo, poucas informações são compartilhadas. Queremos fazer sequenciamento de espécies amazônicas, permitindo a criação de remédios e produtos de beleza. No Amazon Biobank, o sequenciamento será registrado no sistema e disponibilizado para pesquisadores. Esperamos que o Amazon Biobank possa apoiar o desenvolvimento sustentável por meio de pesquisa relacionada à biodiversidade”, disse a engenheira eletricista e doutora pela USP Tereza Carvalho.

Ela acrescentou que os dados somente serão publicados no Amazon Biobank após autorização do Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético (SisGen), já que os dados são considerados patrimônio brasileiro.

Tereza está entre os nove pesquisadores que assinaram um artigo científico compartilhado no final de março no Pubmed, plataforma de busca da National Library of Medicine (NLM), a respeito do Amazon Biobank. Na publicação, os autores do projeto justificaram a utilização da blockchain argumentando que, embora o desenvolvimento de sequenciação de DNA de baixo custo represente uma “oportunidade para novos intervenientes, para além da academia”, os repositórios atuais de dados genômicos “não facilitam a divisão justa dos benefícios econômicos.”

Ao anunciarem a proposta de criação do Amazon Biobank em blockchain, os autores acrescentaram:

“Empregamos blockchain para construir um registro transparente e verificável de transações envolvendo dados genômicos, e usamos contratos inteligentes para implementar um sistema monetário interno para todos os participantes que coletam, inserem, processam, armazenam e validam dados genômicos.”

Eles informaram ainda que o Amazon Biobank utiliza “soluções peer-to-peer [P2P] para permitir que usuários com computadores comuns colaborem com o armazenamento e distribuição de arquivos de DNA. Ao combinar tecnologias emergentes, o Amazon Biobank proporciona uma divisão adequada de benefícios entre todos os participantes que colaboram com dados, conhecimento e recursos computacionais.”

No Futurecom, Tereza Carvalho lembrou que o Amazon Biobank é uma das frentes do projeto Amazônia 4.0, que também usa a blockchain no rastreamento da cadeia produtiva de Cacau-Capuaçu, além da internet das coisas (IoT), com objetivo de melhorar a distribuição dos ganhos.

Nesse caso, ela acrescentou que o projeto Amazônia 4.0 desenvolveu unidades móveis de Laboratórios Criativos da Amazônia (LCAs), compostos por cientistas, indígenas e pessoas de comunidades amazônicas, voltados à criação de produtos de alto valor agregado e rastreabilidade, a partir de matérias-primas da Amazônia.

Em outro caso de usa de blockchain voltado ao meio ambiente, a startup Abundance Brasil em parceria com a Ailog Tecnologia desenvolveram recentemente uma proposta voltada à conversão de roteiros turísticos em créditos de carbono que, por sua vez, serão convertidos em árvores vinculadas a tokens RWA, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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