Especialista diz que metaverso não existe e que é ‘menos movimentado que shopping de interior’

Ricardo Cavallini comparou ‘febre quase insuportável’ causada pelo metaverso com o que, de fato, é proporcionado pelas plataformas

Em um artigo publicado no Uol nesta terça-feira (22), o professor da Singularity University Ricardo Cavallini confrontou o metaverso, que segundo ele não existe na prática, e a “febre quase insuportável” provocada pelo tema “da moda.” Em linhas gerais, o especialista, embora tenha reconhecido as possibilidades do metaverso, deixou claro que, por enquanto, ele é só uma promessa. 

Cavallini falou nos jogos do metaverso como ecossistemas ainda precários no que diz respeito a conceitos de imersão acrescentando que os projetos apresentados para 2022 são pobres em propósito, sentido e aplicação. 

Ele comentou sobre o número de pessoas jogando o The Sandbox (SAND), cerca de 500 mil, e o Decentraland (MANA), em torno de 300 mil, para argumentar que há mais pessoas falando do metaverso do que utilizando este espaço. “Devem passar muito mais brasileiros por dia em um shopping pequeno do interior do que nessas plataformas”, completou. 

Cavallini, que é autor de seis livros na área de tecnologia, negócios e inovação, ainda ressaltou que 350 milhões de pessoas jogam o Fortnite, sendo três a oito milhões simultaneamente. 

Para o especialista, o metaverso, de fato, não existe e pode demorar de 5 a 10 anos para alcançar a massa. O que não impediu, segundo ele, a “febre quase insuportável” que o tema alcançou, justificada pela expectativa em torno do tema. 

Ricardo Cavallini rechaçou o que classificou como exagero relacionado ao metaverso, no caso a oferta de produtos e serviços vinculados ao mundo virtual. O que ele fundamentou por meio de informações apresentadas pelo editor de Tecnologia e Inovação da Forbes Brasil e especialista na indústria de comunicação e marketing, Luiz Gustavo Pacete: 

Estimativas baseadas em projetos reais mostram que um lançamento simples no metaverso hoje é um investimento médio de R$ 700 mil enquanto a maior parte das ações estão já na casa dos milhões. Isso em ‘metaversos brasileiros’. Quando vamos para metaversos baseados em blockchain, como Sandbox e Decentraland, estamos falando de investimentos maiores de US$ 5 milhões.

Ao cogitar que o metaverso é como uma ação de streaming, mera réplica do mundo físico, “mentira que todo mundo finge que acredita e está tudo certo”, ele ressaltou que diversas empresas estão investindo milhões no metaverso sem antes definir uma estratégia clara.

Eu também ganho com isso, escrevendo este artigo. Provavelmente também ganharei dando palestras sobre o assunto. A diferença é que não serei hipócrita, ou não. Vai chover dinheiro no metaverso. Viva o metaverso!, concluiu.

Ainda que talvez “não exista” de fato, como sugeriu Ricardo Cavallini, algumas possibilidades futuras em relação ao metaverso preocupam. Uma delas é a possibilidade de uma inteface entre o mundo virtual e a conexão cérebro-computador proposta pelo projeto Neuralik, do bilionário Elon Musk. O que na prática poderia conectar as reações físicas do cérebro das pessoas aos avatares do metaverso, transformando o espaço virtual em “físico”, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

 

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