Escândalo de US$ 2 trilhões: dinheiro do crime em bancos é 6 vezes todas as criptomoedas somadas
Um escândalo de grandes proporções envolvendo o sistema financeiro tradicional veio à tona no último domingo (20). O caso mostra como o Bitcoin e demais criptomoedas ainda estão na margem do submundo da lavagem de dinheiro.
Documentos secretos de uma agência dos EUA mostram o envolvimento de JP Morgan, HSBC e outros grandes bancos na movimentação financeira do crime internacional.
O caso FinCEN Files faz referência à Financial Crime Enforcement Network. Trata-se de uma agência ligada ao Tesouro americano responsável por monitorar transações suspeitas, assim como o COAF no Brasil.
Mais de 400 profissionais do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) se debruçaram por 2.100 relatórios durante 16 meses. Os papeis mostram que bancos movimentaram de 1999 a 2017 cerca de US$ 2 trilhões de origem suspeita.
O dinheiro estaria ligado a pessoas envolvidas em diversos tipos de crimes. São valores vindos do tráfico de drogas e humano e até de terrorismo. Além disso, os papeis mostram a participação de redes de corrupção e fraudes como pirâmides financeiras.
Em janeiro de 2014, por exemplo, o JP Morgan pagou US$ 2,6 bilhões para encerrar uma investigação. A ideia era esconder o envolvimento nos esquemas de Bernard Madoff, sentenciado a 150 anos de prisão. No entanto, estima-se que o banco tenha lucrado mais que o dobro com as movimentações.
Curiosamente, a revelação surge pouco depois de o ex-ministro Armínio Fraga criticar o Bitcoin pelo envolvimento em esquemas. Na última semana, o economista disse que o BTC e as criptomoedas em geral “não vão a lugar nenhum”. Além disso, ele afirmou que a única vantagem das moedas digitais seria facilitar a vida de bandidos.
Cinco grandes bancos estão no centro do escândalo de lavagem de dinheiro
Além do JP Morgan, os bancos HSBC, Deutsche Bank, Standard Chartered Bank e Bank of New York Mellon aparecem no levantamento. Os relatórios mostram como supostamente as instituições teriam sido alertadas das suspeitas. No entanto, mesmo assim não teriam interrompido os negócios.
A Piauí, um dos veículos brasileiros que participa da investigação, diz que nenhuma sanção impediu os bancos de seguirem nos esquemas.
Os documentos mostram que os cinco bancos seguiram lucrando com a movimentação dos recursos mesmo após terem sido multados pelas autoridades dos EUA por falharem em conter o fluxo de dinheiro suspeito.
Vale lembrar que nem todas as criptomoedas somadas alcançam US$ 2 trilhões. Segundo o CoinMarketCap, a capitação de mercado de todas as criptos equivalem a US$ 335,8 bilhões. O valor é, dessa maneira, quase seis vezes menor do que apenas o dinheiro de fonte suspeita que circulou no sistema financeiro tradicional nos últimos anos.
A Piauí, junto com Época e Poder360, irão veicular reportagens sobre clientes brasileiros ou ligados ao Brasil envolvidas no caso FinCEN Files nos próximos dias.
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