Musk desdenha de SBF, mas teria pedido US$ 100 milhões ao ex-CEO da FTX para compra do Twiiter

Troca de mensagens até então não divulgada revela novos detalhes sobre a relação travada entre Sam Bankman-Fried e Elon Musk durante as negociações de compra do Twitter.

Após o colapso da FTX, Elon Musk declarou publicamente que seu “detector de besteiras teria apitado” quando conheceu Sam Bankman-Fried (SBF), fundador e ex-CEO da agora falida exchange de criptomoedas. No entanto, a relação entre os dois teria sido mais próxima do que o novo dono do Twitter deu a entender em suas manifestações públicas até então, revelou uma reportagem publicada em 22 de novembro pelo portal norte-americano Semafor – um dos muitos veículos de mídia financiados por SBF.

Pouco depois da meia-noite de 5 de maio, duas semanas após apresentar a proposta de US$ 44 bilhões para adquirir o Twitter, Musk e SBF trocaram mensagens de texto agora reveladas na íntegra.

Documentos do processo movido pelo Twitter contra Musk para obrigar o bilionário a honrar seu compromisso de compra revelados em setembro haviam mostrado frieza e desconfiança por parte do CEO da Tesla em relação a uma possível contribuição financeira de SBF para a compra da plataforma de mídias sociais: “Desculpe, quem está enviando esta mensagem?”, Musk escreveu em uma mensagem endereçada a SBF.

O teor da mensagem reforça a impressão que Musk agora reafirma, mas as transcrições completas das mensagens obtidas pelo Semafor revelam novos detalhes sobre a relação que se estabeleceu entre dois dos homens mais ricos do mundo na ocasião.

Na continuação do diálogo, Musk convidou o então CEO da FTX a contribuir com com os US$ 100 milhões em ações da companhia que possuía para a aquisição da plataforma. De acordo com a reportagem, SBF considerava a possibilidade de ele próprio adquirir o Twitter em algum momento no futuro e vinha adquirindo ações da empresa de forma recorrente desde o início deste ano. 

Se agora publicamente Musk tem procurado distanciar-se do empresário falido, chegou a considerá-lo como um potencial parceiro para ajudá-lo em seu projeto de reconstrução do Twitter.

SBF teria desistido de dar uma contribuição ainda maior

A conexão entre os dois empresários teria tido início em 29 de março, alguns dias antes de Musk comprometer-se publicamente com a proposta de aquisição do Twitter. Um dos assessores de SBF, Will MacAskill, teria mandado uma mensagem para Musk sugerindo “um possível esforço conjunto” para a conclusão do negócio, de acordo com os documentos registrados no tribunal de Delaware, EUA. Seria “fácil” para SBF entrar com até US$ 3 bilhões, teria sugerido MacAskill a Musk.

Um dos assessores financeiros de Musk, Michael Grimes, sugeriu que a contribuição de SBF poderia chegar a US$ 10 bilhões. Os números teriam motivado a abordagem pessoal do CEO da Tesla a SBF. Primeiramente, através de uma conversa telefônica na qual SBF disse a Musk que não tomaria parte no negócio.

De volta à troca de mensagens de 5 de maio, em resposta ao convite de Musk, SBF disse estar entusiasmado com os planos do CEO da Tesla para o Twitter. SBF disse ainda que estava se preparando para uma audiência no Congresso e não seria capaz de investir dinheiro novo no Twitter, mas estava disposto a entrar com os seus US$ 100 milhões em ações para contribuir com a conclusão do negócio.

SBF teria cumprido com a sua palavra, revela um balanço da FTX preparado após o fechamento da aquisição do Twitter em 28 de outubro e distribuído aos investidores da exchange no início deste mês, listando as ações do Twitter como um ativo “ilíquido”.

Com os detalhes encobertos pela privacidade das trocas de mensagens pessoais e conversas telefônicas, SBF tornou-se alvo de Musk após o colapso da FTX, apesar de tecnicamente serem parceiros no Twitter. Um dia depois da FTX formalizar o pedido de recuperação judicial junto à Justiça, Musk fez a seguinte declaração durante a participação em um Twitter Spaces:

“Todo mundo falava dele como se ele estivesse andando sobre as águas e tivesse um zilhão de dólares. E essa não [foi a] minha impressão… há algo errado aí.”

Enquanto isso, SBF permanece nas Bahamas aguardando os desdobramentos judiciais da quebra da FTX e da queda de braço entre as autoridades locais e dos EUA sobre a jurisdição do caso.

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