Economista Que Previu Crise de 2008 Diz Que Vamos Viver uma Grande Depressão em 2020
Nouriel Roubini, economista que previu a crise financeira de 2008, disse que em 2020 nós vamos viver uma “grande depressão”.
No artigo publicado pelo site Market Watch, Roubini explica que a crise financeira que se iniciou em 2007 e perdurou até 2009 fez com que os desequilíbrios e riscos que permeiam a economia global fossem exacerbados por erros políticos.
Os governos não aproveitaram a crise para abordar problemas estruturais que o colapso financeiro e a recessão revelaram, eles resolveram a situação criando grandes riscos negativos, que acabaram tornando outra grande crise inevitável.
A situação vivida pelo mundo hoje fez esses riscos aumentaram. Ainda que a crise leve a uma recuperação em forma de U este ano, uma “Grande Depressão” em forma de L deve acontecer no final desta década.
Roubini mostra as 10 tendências que evidenciam que essa década será difícil.
1. Aumento da inadimplência e endividamento
A resposta política à crise do coronavírus vai aumentar os déficits fiscais dos países em algo em torno de 10% do PIB ou mais. Vários países já possuem um nível de dívida pública muito altos ou até insustentáveis.
As inúmeras famílias e empresas que estão perdendo sua renda podem gerar uma inadimplência em massa.
2. Problemas demográficos
O coronavírus nos mostrou a importância de destinar mais verbas aos sistemas de saúde. Que, em sua maioria, não foram suficientes para atender a população dos países. Além disso, a maior parte dos países desenvolvidos têm problemas demográficos, a população de idosos que requer mais assistência médica e de seguridade social está crescendo em relação à população economicamente ativa.
3. Deflação
A crise do coronavírus, além de causar uma profunda recessão, também está criando uma “folga” na produção de bens e aumentando o desemprego. O colapso dos preços das commodities, que viram sua demanda diminuir, são o prato cheio para a deflação da dívida e risco de insolvência.
4. Política monetária
As políticas monetárias adotadas pelos governos se tornarão ainda mais não convencionais e de longo alcance. Ou seja, no curto prazo, os governos vão executar déficits fiscais para evitar a depressão e a deflação. Porém, com o tempo, os permanentes da oferta negativa da ‘desglobalização’ acelerada e do protecionismo renovado tornarão a estagflação praticamente inevitável.
5. Crise no emprego
Milhões de pessoas estão perdendo seus empregos ou tendo suas rendas reduzidas, isso vai aumentar as diferenças de renda e riqueza. Muitas empresas abandonarão suas fábricas em regiões de baixo custo e retornarão para seus mercados domésticos. Isso não ajudará os trabalhadores dessa região, ao contrário, essa tendência acelerará o ritmo da automação e poderá aumentar o populismo, nacionalismo e xenofobia.
6. Desglobalização
A crise está fazendo com que países adotem políticas mais protecionistas para proteger empresas e trabalhadores domésticos das rupturas globais. O mundo pós pandemia pode ser marcado por restrições mais rígidas ao movimento de bens, serviços, capital, trabalho, tecnologia, dados e informações.
7. Restrições de comércio e imigração
Líderes se beneficiarão da fraqueza econômica, desemprego em massa e a crescente desigualdade para achar um bode expiatório de estrangeiros e de comércio para culpar pela crise. Isso vai afetar diretamente as políticas de imigração e comércio.
8. Tensões entre EUA e China
O governo Trump está se esforçando para culpas a China pela pandemia, em contrapartida, Xi Jinping dobrará sua alegação de que os EUA estão conspirando para impedir a ascensão pacífica da China. Podemos esperar uma intensificação na dissociação dos países no comércio, tecnologia, investimento, dados e acordos monetários.
9. Distanciamento dos demais países
A tensão entre EUA e China servirá para preparar o terreno para uma nova guerra fria entre os EUA e seus rivais, o Irã, Rússia, China e Coreia do Norte.
10. Novas pandemias
Roubini acredita que as epidemias recorrentes são, como as mudanças climáticas, desastres causados pelo homem, nascidos de maus padrões sanitários e de saúde e abuso de recursos naturais.
Por isso ele diz que as pandemias e os muitos sintomas mórbidos das mudanças climáticas se tornarão mais frequentes, severos e onerosos nos próximos anos.
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