Queda de 10% pode ser alta de 5.000%: 7 analistas avaliam o The Merge no Ethereum e suas consequências

Ethereum ativou com sucesso o The Merge e agora é uma rede baseada em Proof-of-stake, o que gera economia de energia e transações mas rápidas, porém menos liberdade e mais censura do governo, dizem especialistas

A rede Ethereum passou com sucesso pelo The Merge, atualização que envolveu a mudança de seu mecanismo de consenso para proof-of-stake (PoS). As consequências dessa mudança oferecem oportunidades e riscos para os investidores. No curto prazo o preço do Ethereum recuou 10% levando muitos investidores a questionar a força do ETH no curto e médio prazo.

No entanto, segundo Benjamin Dean, Diretor, Ativos Digitais, WisdomTree, quem olha o preço no curto prazo perde a oportunidade de observar o futuro que os ativos reservam.

Para entender o que os especialistas apontam como consequências para o Ethereum após o The Merge o cointelegraph conversou com Dean e outros diversos especialistas em criptoativos.

Dean aponta que a primeira consequência da mudança do Ethereum para PoS está na maneira como o novo ETH é distribuído. Portanto, agora, ao invés de mineração o novo ETH será distribuído para aqueles que apostarem suas participações em ETH nos nós validadores da rede. Em média, esses nós já geram um rendimento de aproximadamente 4% ao ano.

“Já existe uma indústria caseira em torno do gerenciamento de staking para maximizar o desempenho e a receita dos nós validadores. A questão principal daqui para frente se resume a: quem detém o ETH, quem executa os nós e quem é capaz de executar os nós com mais eficiência?”, destacou.

Ele também aponta que o The Merge evidenciou que uma criptomoeda nada mais é do que um software e, como tal, sofre mudanças ao longo dos anos. Mudanças estas promovidas pelos seus desenvolvedores.

“Para os investidores, é importante pensar nas ramificações dessas mudanças – como elas podem dar certo e errado – para aproveitar as oportunidades criadas por essa evolução e, ao mesmo tempo, gerenciar os riscos concomitantes”, finalizou.

Ethereum = desCentralizado

Chris Terry, vice-presidente de soluções corporativas da SmartFi, afirmou que o Ethereum deu um grande passo rumo a centralização.

“Com o novo consenso de PoS da Ethereum, os requisitos de staking são tão altos que exigem consolidação. Para ser claro, a maioria das pessoas não possui ETH suficiente para postar a garantia de um nó de validação. Portanto, os fundos são reunidos em lugares como Coinbase e outras exchanges. Isso é consolidação e consolidação = centralização”, disse.

Segundo ele, isso tonará o Ethereum sujeito ao controle do governo e isso é muito perigoso

“Sem dúvida, o blockchain Ethereum agora está sujeito à “censura de transações”. Essa é a notícia aqui: a mudança para um blockchain mais centralizado e vulnerável, sujeito a uma intervenção governamental muito mais fácil. Veja o que aconteceu no Tornado Cash, o DoJ pisou neles. Eles não receberam uma decisão ou uma ordem judicial ou qualquer coisa. Foi uma “Ação Executiva” e assim, eles arrasaram. A indústria realmente precisa navegar nessas águas e não será fácil.”, afirmou.

Contudo Anto Paroian, CEO da ARK36, avaliou que de uma perspectiva puramente tecnológica, é difícil exagerar o tamanho de um feito de engenharia que o The Merge representou.

“É mais ou menos como construir um novo motor para um carro que está em plena velocidade e depois trocar os motores sem que o carro pare ou diminua a velocidade. O fato de ter sido orquestrado por uma rede global de desenvolvedores que não são gerenciados por nenhuma entidade central já é um triunfo dos ideais centrais do espaço criptográfico – descentralização, autogovernança e colaboração de código aberto”, disse.

Porém, deixando de lado o feito tecnológico ele aponta que o grande teste para o Ethereum está apenas começando e as apostas são incrivelmente altas. 

Quando se trata do potencial positivo, é importante reconhecer que a fusão já foi amplamente precificada. No entanto, a longo prazo, a transição para PoS e a consequente queda no consumo de energia do Ethereum em 99% fortalecerão muito seu caso de investimento. O Ethereum agora se tornará mais atraente para investidores institucionais com mentalidade ESG e pode até inaugurar uma nova onda de investimentos institucionais no espaço dos criptoativos”, afirmou.

Liberdade em troca da escalabilidade

Já Jonathan MacDonald, CMO da Minima, também aponta que o Ethereum agora não é mais ‘da comunidade’, mas ‘do governo‘.

“No momento da redação deste artigo, 900.129 ETH estão apostados no Ethereum 2.0 em um punhado de entidades que são todas regulamentadas. A capacidade de censurar a rede é flagrante. Enquanto os comentaristas são líricos em PoS vs PoW, a verdade nua e crua é sobre quem controla o quê. Há outro preço a pagar, muito maior, que é a perda da liberdade. Se for esse o caso, é improvável que tenhamos avançado mais em relação às nossas infraestruturas existentes.”, afinetou.

De acordo com André Silvestrini, gerente de desenvolvimento de negócios do Brasil da Phemex, a mudança para PoS ajudará a aumentar a capacidade do sistema – o volume de transações que podem ser validadas simultaneamente pode chegar a 100.000 por segundo.

“No entanto, este é certamente um benefício de longo prazo cujo impacto em termos de preços reduzidos do “gás”, por exemplo, provavelmente não será sentido imediatamente. O The Merge pode ser considerada uma etapa oportuna e necessária.”

Jennifer Clarke, Regulatory SME na CUBE, apontou que o Merge foi um passo na direção certa para harmonizar as metas de sustentabilidade e as criptomoedas, pois o modelo Proof of Stake é muito menos intensivo em energia.

“No entanto, a regulamentação desempenhará um papel vital na criação de mudanças sustentadas e significativas. De fato, para resolver o conflito entre criptomoedas e risco climático, os reguladores globais precisarão impulsionar a regulamentação para garantir que ambos possam prosperar sem prejudicar o outro”, afirmou.

Felipe Medeiros, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos destacou que os efeitos no preço vão ser sentidos no longo prazo. Alguns fatores como a redução na emissão de ether e retirada da força vendedora dos mineradores devem ser sentidas com maior intensidade no próximo ciclo de alta.

“Além disso, teremos uma maior adesão institucional com a adequação da rede ao do discurso ESG”, disse. 

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Aviso: Esta não é uma recomendação de investimento e as opiniões e informações contidas neste texto não necessariamente refletem as posições do Cointelegraph Brasil. Cada investimento deve ser acompanhado de uma pesquisa e o investidor deve se informar antes de tomar uma decisão.

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